Que Portugal e Grécia estão quase reduzidos a cinzas, que a Espanha para lá caminha, que os indicadores europeus são piores que nunca, ninguém duvida.
Culpados, responsáveis, é que não há, afinal não é só em Portugal que a culpa morre solteira. Já faltou mais para ouvirmos a sra. Merkel dizer que foi sempre a favor da mutualização das dívidas e de maior igualdade de tratamento entre os países europeus. Para já, vem dizer que foi sempre contra a austeridade (as palavras podem não ser estas, mas o sentido é).
A Alemanha tem alguma culpa na situação actual? Não, nem pensar, a culpa é de Barroso, esse indígena do sul, do BCE, essa instituição que funciona à margem da vontade alemã, e de interesses que a Alemanha desconhece, a iniciar pelas próprias eleições alemãs.
É, aliás, por causa das eleições alemãs, que Merkel inflecte o discurso e procura deitar areia para os olhos dos próprios alemães, numa altura em que no país se começa a entender onde conduz a política suicida da dupla Merkel/Schäuble, com o PIB da zona euro a contrair 0,2% e com a locomotiva alemã a crescer apenas 0,1% no último trimestre.
Merkel tem muitíssimas responsabilidades neste processo e procura branqueá-las, mas a nulidade Barroso, sempre indeciso e navegando à vista, não passa incólume.
Por cá também há responsáveis, principiando em Sócrates e no seu PS, continuando e piorando com estes senhores que mentem igualmente todos os dias.
É bom que nada disto se esqueça, até porque há uma conta que o povo português e a generalidade dos povos mediterrânicos europeus estão a pagar porque, dizem-lhes, “viveram acima das suas possibilidades”, “não souberam gerir a realidade” e “não foram sérios nem rigorosos”.
Vê-se como são sérios os outros, a começar pela sra. Merkel.
Não gosto da mesquinhez paroquial (há quem lhe chame regional) deste blog. Dizeis que sois contra muita coisa. E sois a favor de quê? Do mal menor ou do mal maior, que é a dupla Celho-Gaspar?
Isto não começou com José Sócrates.
Pois não Pedro Marques ele só o piorou de forma drástica, Que, de seguida, outro mentiroso IGUAL a ele o tenha tornado intolerável para quem vive do seu salário é simplesmente a continuação da regra há muito estabelecida de dentro dos governos PS e PSD o que segue ser sempre MUITO PIOR que aquele que o antecede.
Ora nem mais. E dir-se-ia mais, O Governo PS de Soares ou outro não faria nada sem o PSD e o CDS, logo têm feito coligação mascarada ou não, à 37 anos atrás.
Pode-me informar concretamente onde a Chanceler alemã Dr. Merkel tem “culpa” da situação em Portugal? Não acha que é fácil demais “descarregar” no melhor bode-expiatório que se poderia ter a Alemanha? A culpa da situação dos países do Sul é só e somente dos próprios países! A Sra. Merkel não pode ser responsabilizada pela crescente divida portuguesa, e pelo desaproveitamento das oportunidades dos fundos estructurais e do benéfico EURO que nos trouxe anos atrás de anos de juros baixos!!! Juros baixo que deveriam ter sido aproveitados por Portugal para consolidar as suas finanças e controlar a despesa! O que se vê foi que juros baixos (bonidades á sombra da Alemanha) só serviram para mostrar que no fim não sabemos fazer nada, ou melhor sim sabemos fazer algo muito bem, deitar as culpas á Alemanha em campanhas difamatórias no mínimo repugnantes, mas que são por certo bálsamo para as vossas almas…continue assim, faz muito bem!
Desculpe, mas o exercício não é esse, se pretende responder ou comentar o meu post. É, antes, este:
Partindo deste texto
http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/merkel-acusa-barroso-troika-serem-os-culpados-da-austeridade
informe-me concretamente quais são as responsabilidades da troyka que a Alemanha não partilhou, impulsionou ou influenciou para agora poder agora dizer, como Pilatos, que “os programas de ajustamento da troika são demasiado rígidos e com pouca flexibilidade”,
O problema a que me refiro não são os detalhes dos artigos mas sim a sua postura. Outra vez: A Sra. Merkel não é responsável, nem pode obrigar ninguém a emprestar dinheiro a Portugal e á Grécia! Caso não saiba os mercados de capitais são actores, bancos e outros mais, que agem em prol dos seus clientes (pessoas que aplicam capital e as suas poupança, empresas, etc) e que também compram/investem em divida de países soberanos. Quando existe a certeza ou suspeita que estes países não conseguem pagar a sua divida porque não geram receita suficiente o risco e juro á divida destes países sobe, e pior ainda, ninguém está mais disposto a investir em divida destes países quando o perigo de default é iminente, ou como se diz “os mercados” fecham e não emprestam mais dinheiro. Ora bem, que poder é que tem a Sra. Merkel ou Alemanha para obrigar agentes privados a emprestar dinheiro? A única solução é o saneamento! Políticas de conjuntura (pseudo-sociais) têm também que ser financiadas! Por quem? Quem é que empresta dinheiro a Portugal para financiar projectos de ânimo á conjuntura porque estamos na crise? Ninguém! O que é preciso é ganhar a confiança dos investidores, e isso só é possível através de saneamento e reformas estruturais que ponham o estado com um peso menor na economia. Cada vez que o estado se constipa a economia portuguesa apanha uma pneumonia, acha isso normal?? A economia de uns pais não pode depender do estado! O estado tem que ter um poder regulador e estruturante, nada mais!
Por isso mesmo, por causa dessa ideologia hoje dominante, é que as coisas estão como estão. Quando a Alemanha precisou de não cumprir os objectivos do défice, não cumpriu e nada lhe aconteceu. O estado tem que ter poder político e económico, não vejo razão para que a EDP ou a REN, por exemplo, sejam privadas e essa é uma decisão política em que o estado abdica de ganhar dinheiro que devia ser comum. Paralelamente a construção de uma moeda única sem instrumentos de mutualização é outra decisão política que enfraquece os estados face aos “mercados”.
Podia dar-lhe outros exemplos, mas não vale a pena: a questão é ideológica e o Pedroso está do lado da ideologia agora dominante. Daqui a uns anos tudo será diferente (ou porque a UE muda e sobrevive, ou porque desaparece) e os estados terão forçosamente que reconquistar poder político e ditarão as regras aos mercados e não o contrário. Esta via, como se vê, não serve a ninguém, nem sequer à Alemanha que receberá os estilhaços da crise que se propaga pelos países do euro, França e, helas, Holanda incluídas. Ou será que atingimos o fim da História e tudo isto acontece por não existir nenhuma outra hipótese alternativa? http://aventar.eu/2013/05/06/fundador-alemao-do-euro-pede-o-fim-da-moeda-unica/
E, precisamente porque não se decreta o fim da História e porque a situação actual é insustentável basta ver as notícias do dia-a-dia e a diversidade de pensamentos (remeto para algumas noticias de hoje)
http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/zona-euro-teria-divida-90-pib-apenas-23-seria-portuguesa
Ou esta:
http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/partido-alemao-admite-saida-portugal-euro
Não estou a dizer que estas são as soluções, estou a dizer que a situação actual é assim porque não houve vontade política para fazer diferente. E quanto a isso pergunto: a Alemanha não desempenhou nenhum papel activo para as coisas estarem como estão? Merkel não tem nenhuma responsabilidade na crise do euro?