Foto: AP
“A democracia é um comboio do qual se desce quando se chega ao destino”, Erdogan nunca deixou dúvidas quanto à sua convicção anti-democrática e, desde a fracassada tentativa de golpe, tem carta branca para a “caça às bruxas” que já levou à prisão mais de 40.000 pessoas – entre as quais militares, juízes, jornalistas, professores, polícias – e à suspensão de 80.000 funcionários públicos. As cadeias estão de tal modo sobrelotadas, que o governo anunciou que irá libertar 38.000 prisioneiros detidos antes do golpe, para arranjar lugar para todos os supostos simpatizantes do movimento Gülen, ao qual Erdogan achou por bem atribuir a tentativa de golpe. Segundo Erdogan, o golpe foi “um presente de Alá”, que o legitima a dar largas às ganas de liquidar tudo o que se lhe oponha, falando de expurgação, punição exemplar e de reintrodução da pena de morte. Para tudo isto Erdogan conta com o apoio ilimitado de uma substancial parte da população turca. No regresso a Istambul após a debelação do golpe, Erdogan foi recebido por milhares de pessoas no aeroporto, muitas das quais bradando “ordena-o e mataremos, ordena-o e morreremos”, e, sucessivamente, “Alá é grande!”. À gigantesca manifestação orquestrada pelo presidente três semanas depois do golpe, acorreram mais de um milhão de pessoas. Quem ainda se atreve a ter uma posição crítica, tem o destino marcado. A divisão de poderes foi desmantelada, a Turquia a caminho da ditadura.
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