Parece que houve um mal entendido: afinal a Câmara Municipal de Lisboa não queria nada alterar o figurino dos casamentos de S. António, de modo a que estes contemplassem casamentos entre homossexuais, embora noutra versão não seja bem assim.
Tem lógica. O franciscano não seria o padroeiro mais adequado. Já a também portuguesa Santa Liberata parece-me de conveniente invocação.
Liberata, a virgem barbuda, também conhecida por Willgeforte, Librada ou Uncumber, é segundo algumas versões uma santa portuguesa com certeza. Filha de um rei mauzinho que a queria casar com um colega quando a cachopa já consumara matrimónio com Jesus pediu ao esposo que a fizesse tão feia que nenhum homem a aceitasse. E desta forma foi contemplada com uma bela barba. O pai, furioso por perder o negócio (sim, o casamento, o sagrado matrimónio, foi um negócio corrente até ao séc. XX), destinou-lhe como castigo morrer como morrera o seu deus na versão filho, mandando-a crucificar.
Discretamente foi transformada em padroeira dos perseguidos, ora perseguidos foram os homossexuais ao longo dos tempos, e de resto ainda o são. Podem encontrar as mais diversas versões e nacionalidades da lenda, como é próprio das lendas, a mim ninguém me tira que era irmã de Santa Comba, a santa de Coimbra antes de ser destronada por uma Isabel de Aragão, essa sim personagem real. Não conheço nenhuma representação de Liberata por estes lados, mas conheço o papel da inquisição na arte religiosa portuguesa e portanto é natural que assim seja.
Fica a sugestão à Câmara Municipal de Coimbra, antes que o evento siga para o Porto em retaliação pela fuga de um outro espectáculo…
Os casamentos de Santo António,com gays, podem constituir um evento turístico ainda mais importante que o TGV com os banhistas de Madrid…
Eu estava a achar que qualquer coisa não jogava nessa dos gays poderem participar nos casamentos de Santo António. Com este “afinal” fica reposta a moral e os brandos costumes que caracterizam a nossa sociedade.
Lá está… Alguém perguntou aos casais gay se queriam concorrer?