Comecei hoje a tomar um comprimido para prevenir os efeitos de um mosquito lixado que vive em certas zonas e que mata milhões de pessoas, especialmente crianças.
Tenho que tomar sete dias antes de viajar, durante todo o tempo que estiver no território e mais sete dias depois de voltar. Isto dá 24 comprimidos que comprei sem participação do Estado o que me levou a desembolsar noventa e um euros e quarenta cêntimos, a que tenho que acrescentar mais uns euros (poucos) do repelente, e um completo arsenal medicamentoso que já tinha comprado por ter viajado ao Brasil e Argentina.
A malária é uma doença em várias vertentes, antes de tudo o mosquito gosta de águas paradas e não tratadas, lixeiras e esgotos a céu aberto. Ora quem vive nestas condições não tem capacidade financeira nem para mandar fechar os esgotos e tratar as águas nem para comprar os comprimidos.
Para vencer o mosquito bastava pois, sanear o território, a doença é endémica, o mosquito morreria com o tempo. Foi com o urbanismo e a medicina pública que se derrotaram doenças que durante séculos mataram milhões de pessoas. As famosas “pestes” que grassavam em Lisboa deviam-se à falta de sanidade pública(sabiam que apesar do génio de Pombal e a sua equipa de engenheiros, os prédios da Baixa Pombalina, não têm uma só sanita de origem?)
Depois, e apesar de haver milhões de pessoas a sofrerem com a malária, só há bem pouco tempo se começou a investigar a sério no combate à doença (ainda nos lembramos todos que o melhor medicamento era o “gin tónico” porque a água tónica tem quinino). Temos em Portugal uma investigadora que já recebeu um prémio muito importante a nível mundial pelas descobertas que fez sobre os malefícios que o parasita faz ao nosso fígado.
Esta conversa toda, bem necessária, por sinal, é tambem porque estou a sentir uma série de efeitos colaterais que vêm na “bula” ( calor, vermelhão na face, zumbidos…) mas espero que logo que o corpo se habitue isto passe.
E se eu aderisse novamente ao “gin tónico” e me deixasse de modernices ainda por cima caras?
Miguel, já compraste os comprimidos? Vendo com desconto…
deixa-te de “gin tónico”, de ler a “bula” e toma tudo direitinho… lembra-te do Rui Veloso que apanhou malária no ano passado
O quê, o Resochina está assim tão caro? Minha nossa…
Mas acho bem que te enfardes com ele, porque não estás a ver bem o que é ter um ataque de malária, vulgo paludismo. A última vez foi em Bangkok, (1995) e foi o fim da picada! Todos os anos e até 1974, a população de Moçambique era medicada em massa, fosse nas escolas, serviços ou centros de saúde nas cidades e no campo. Odiava aquele comprimido hiper-amargo e mesmo tomando-o, por vezes lá caía doente. Nem sequer penses em experimentar, até porque a malária rebenta-te com o fígado. Eu que o diga.
O meu médico e amigo obrigou-me a ir amanhã à consulta do viajante…
O meu médico e amigo obrigou-me a ir amanhã à consulta do viajante…