A verdadeira história de José Leite Pereira no JN

O «Jornal de Notícias» é um património, acima de tudo, do Grande Porto e da Região Norte. Jornal centenário, envolveu-se ao longo dos anos nas mais importantes causas da cidade, ao ponto de ser hoje um dos seus símbolos. No nosso JN, a liberdade foi sempre um valor supremo que ninguém conseguiu pôr em causa. A campanha pela demolição do Palácio de Cristal será, porventura, uma mancha num percurso nobre e fértil em momentos de defesa de toda uma comunidade.
Desde pequeno que me habituei a ver no JN um amigo. Cresci com as suas páginas, que há uns anos atrás eram muito grandes e desajeitadas. Passei horas e horas naquele edifício, procurando notícias sobre o FC do Porto no seu Arquivo Histórico e pagando, na altura, 30 escudos por cada fotocópia que pedia. Recordo com saudade a «Empresa do Jornal de Notícias», que editava também aquele vespertino de páginas amarelas e, mais tarde, «O Jogo». Todos os anos, com Serafim Ferreira à frente do pelotão, aí estava a «Empresa do Jornal de Notícias» a organizar a Volta a Portugal em Bicicleta.
É por isso que me invade uma enorme tristeza quando vejo o estado a que o meu JN chegou. Quando vejo naquilo que se transformou, nos últimos anos, por vontade de um empresário que percebe tanto de jornais como eu de automóveis. Por via do empresário e por via da pessoa que ele escolheu para dirigir o verdadeiro «porta-aviões» que é e sempre foi o JN no seio do Grupo Controlinveste. Falo de José Leite Pereira.
Recuemos uns anos. Em 2005, no âmbito de um negócio muito mais vasto, que foi patrocinado pelo poder político através de avultadas garantias bancárias, Joaquim Oliveira acabou por comprar uma série de títulos que estavam na posse da Lusomundo, como o JN, o DN, o 24 Horas, O Jogo ou a TSF. Para dirigir o título mais importante do Grupo, o JN, escolheu um jornalista que já fazia parte da Direcção desde 1998 e que dava garantias de se adequar aos objectivos que tinham conduzido ao patrocínio do negócio por parte do poder político.
Para se ter uma ideia dos objectivos que presidiram a essa escolha, o longo historial de jornalista de José Leite Pereira tinha como principal medalha a cova onde enterrou o «Diário Popular». A escolha ideal, como se vê, para dirigir um diário como o Jornal de Notícias. Algo que, de resto, se tem visto nos últimos anos: durante a sua gestão, o JN obteve os piores resultados de sempre a todos os níveis (comercial, audiências, qualidade, influência). A sua estratégia, suicida, de procurar ganhar espaço em Lisboa levou a um decréscimo significativo da importância do JN a Norte e, pior, sem resultados positivos em Lisboa.
Nada disto interessava, pois José Leite Pereira fora escolhido para liderar um projecto político bem claro. Foi nesse sentido que fomentou uma inaudita guerra com Rui Rio, que se colou a Fernando Gomes, que andou de braço dado com Elisa Ferreira. A submissão ao PS/Porto e ao PS nacional assim o ditava. O JN acabou por se transformar, nos últimos anos, um mero apêndice ao serviço do Partido Socialista e apoiando tudo e todos os que, dentro do PSD, fossem críticos de Rui Rio e dos principais dirigentes laranjas.
Os resultados estão à vista: o JN foi claramente ultrapassado pelo «Correio da Manhã» a nível nacional e, no que respeita ao Grande Porto, hoje em dia não passa de um veículo transmissor, qual pé de microfone, dos principais autarcas da região. Ou, pelo menos, daqueles que aceitam colaborar com a sua forma de actuação.
Desde o primeiro dia que José Leite Pereira não é um nome pacífico no seio da grande comunidade que constitui o Jornal de Notícias. Relembre-se que, logo em 2005, o Conselho de Redacção do jornal, que integrava o presidente do sindicato dos jornalistas, Alfredo Maia, deu parecer negativo à sua designação como director do jornal. Em 2007, foi contratado para o DN João Marcelino, com provas dadas no «Record» e no «Correio da Manhã».

Ora, para João Marcelino, que em privado diz de José Leite Pereira o que Maomé não disse do toucinho, foi inventado um novo cargo, o de Director Geral, que na prática tinha como atribuição chefiar José Leite Pereira e, de alguma forma, minimizar os estragos. O simples afastamento do director do JN já foi equacionado por diversas vezes, mas a enorme indemnização a pagar não facilita a decisão. Quanto a Leite Pereira, vertical como sempre e insensível a uma humilhação deste calibre, nunca sairá pelo seu próprio pé.
Depois do episódio Mário Crespo, os dias de José Leite Pereira parecem estar à beira do fim. Nunca como neste caso se aplica melhor a expressão «ser mais papista do que o Papa». É que as acusações do jornalista da SIC só o vinculariam a ele próprio, como cronista independente que é. Com a decisão de não-publicação, é o próprio JN que está em causa. Mais uma vez, pela mão de um homem que, após todos estes anos, continua a saber o motivo pelo qual foi convidado e o motivo pelo qual continua a estar onde está.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    A vidinha é muito dificil…

  2. CELSO FERRÃO says:

    Parabéns. Ricardo. Definiu magistralmente o JN de hoje, sob a direcção de JLPereira: um serventuário do PARTIDO SOCIALISTA, continuando a delapidar diáriamente o espólio do único sobrevivente da imprensa nortenha. Já não me admira que se cumpra aquilo que se murmura silenciosamente: a junção com o DN, onde, claro, o Norte será um folheto com as notícias locais. supervisionado pelo lápis azul de JLP.

  3. Inês Fonseca says:

    Realmente há mm gentinha sem nada para fazer e sem o minimo conhecimento que resolve através de um blog julgar a vidinha dos outros e, pior que tudo, o profissionalismo dos outros. Pois bem, eu cá também gosto de o fazer e portanto venho por este meio dizer que é um texto mal escrito e sem fundamento nenhum… provas de tudo aquilo que fala?! estudos efectuados?! e se continuasse a dedicar a sua vidinha a pesquisar arquivos sobre o FCP?! Ou se fosse voçê proprio fazer a volta a Portugal em bicicleta?! Podia ser que os ares lhe fizessem bem… tenha tino!

  4. João Oliveira says:

    Essa de o José Leite Pereira ter enterrado o «Diário Popular» é uma anedota e mostra bem que o autor do post não sabe nada da história da Imprensa portuguesa.

  5. Nao vos interessa2000 says:

    Antes de falar sobre os outros fale sobre si e contemos a maneira através da qual chegou a essa estupidez suprema. JLP nunca concordou com o centronalismo em que este pais vive. Aprenda a ler e percebe o que estou a dizer. JLP e um grande profissional.


  6. JLP foi um grande filho da puta e que se serviu do JN. Como profissional é um buraco. Nunca o JN estev tão mal. Lamento a sua liderança na direcção do JN, porque destruiu o que tantos anos demorou a erguer.

  7. Nuno says:

    Acabei de ouvir o Leite Pereira a falar da falta de pagamento de impostos pelo Passos Coelho. Engraçado. Em 1995, o Leite Pereira, comprou a casa dos meus Pais em Miraflores e pediu para fazer a escritura por menos de 1/3 do seu valor real e para tal assumiu as mais valias que os meus pais tinham de pagar, mais a diefrença de SISA, na casa nova que compraram.
    Que raio de moralismo é este ?!?!?!?!
    Mais um vigarista.

    • Viegas says:

      Quem é o vigarista? O que comprou ou o que vendeu? Tão nojento!

  8. Luis também says:

    Que grande otario q é quem escreve estas baboseiras. Estará melhor agora sem ele? Cave você uma cova atrasado

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