O Jornal de Notícias chama hoje à sua primeira página uma notícia sobre a descida da taxa de desemprego nos municípios portugueses, dando bizarro destaque à evolução desses números em Vila Nova de Gaia e apresentando este município como um “campeão” na descida do número de pessoas desempregadas. Acontece que o JN distorce completamente os dados, manipulando a informação e usando valores absolutos para comparar aquilo que só pode ser comparado com valores relativos de variação. Para o JN, se Gaia baixou o número de desempregados, entre 2012 e 2018, de 33.428 para 16.793, recuperando 16.635 postos de trabalho, teve uma evolução muito melhor do que Almada, por exemplo, que passou de 9.812 desempregados, em 2012, para 5.768 em 2018, recuperando “apenas” 4.044 empregos. O que o Jornal de Notícias omite é que, em termos relativos, que é o que interessa, Almada teve uma variação do número de desempregados de -58,7%, enquanto Gaia teve apenas de -50,2%, atrás de Almada, de Matosinhos e até do Porto.
Uma imprensa livre e independente
O cidadão mais informado e menos sujeito às tão famosas “fake news”, poderá perguntar-se, olhando para a fotografia que ilustra esta página do Jornal de Notícias – edição impressa de 10 de Novembro de 2018 -, sobre o que fará o director de um jornal numa alegre confraternização com uma ministra do governo e um presidente de Câmara, gente sobre a qual ele normalmente tem que dar notícias. Ora, o que ele faz – ou, pelo menos, diz fazer -, é Filantropia.
Acordo Ortográfico: o verbo obrigado a imitar uma preposição
A imagem é do Jornal de Notícias, um dos muitos jornais que acreditam ter adoptado o acordo ortográfico, optando, ainda assim, por acentuar graficamente a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “parar”.
No meio das muitas facultatividades delirantes (porque, em ortografia, o aumento de facultatividades é delirante), o chamado acordo ortográfico, aqui, é muito claro: “(…)deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição” (Base IX, art. 9º). [Read more…]
O Jornal de Notícias apanhado no acto
As noted by e.g. Poutsma, rather few prepositions “… exhibit no clear trace of having been formed from other words…”.
— Arne Olofsson, “A participle caught in the act. On the prepositional use of following“
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A ausência de notícias acerca dos contatos e fatos no Diário da República não se deve à inexistência de contatos e fatos no sítio do costume: deve-se apenas a tarefas que me têm impedido de apresentar a sempre desagradável actualização do ponto da situação.
Quanto ao sítio do costume, voltaremos a falar em Janeiro de 2018.
Por ora, recordo que, actualmente, tudo continua, de facto, como dantes
e que 2018 – 2012 é muito, muito tempo, não é = 10, mas é = 6.
Por seu turno, o Jornal de Notícias foi apanhado no acto. [Read more…]
Serviço Público
E o vencedor do Prémio Viriato 2017 é…
Mais uma vez, com distinção e louvor, pela valentia demonstrada e por um brilhante uppercut nos queixos do adversário à frente da juíza, Manuel Maria Carrilho!
«We have some bad hombres here»
We have some bad hombres here
Light the match to ignite the wrath
— Eminem
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Depois de O Jogo e o Expresso terem abandonado o Acordo Ortográfico de 1990 (no que diz respeito a esta prática, o Expresso é useiro e vezeiro), chegou a vez do Jornal de Notícias.
Agradeço a um excelente leitor do Aventar o envio desta primeira página do JN. Efectivamente, mais uma prova de que o AO90 apenas está a ser aplicado em certas cabeças — aliás, como acontece com a guerra, naquela canção do grupo do Muir (do Mike e não do Nathan).
«Segundo o JN apurou, a rutura é recente»
Se o JN lesse aquilo que se escreve, quer aqui, quer no Público, saberia que a ruptura é excelente e que a rutura, além de supérflua, não é recente.
O Mundo de Camões segundo o Jornal de Notícias
O Jornal de Notícias de hoje, dia da Final do Campeonato da Europa de Futebol, publica um mapa que pretende descrever a distribuição dos emigrantes portugueses pelo mundo.
Além de apresentar números errados, que totalizam cerca de 2 milhões de emigrantes, quando, na verdade, há mais de 2,5 milhões de portugueses espalhados pelo mundo, crescendo esse número para o dobro (5 milhões) se forem, como é devido, contabilizados os descendentes, o mapa do Jornal de Notícias omite estranhamente a Venezuela e Macau.
Avaria provocou aftas nos sistemas de informação da Saúde
Segundo o Jornal de Notícias.
António Guterres e os contactos

© REUTERS/DENIS BALIBOUSE (http://bit.ly/1KyeIU3)
No chance for contact
— Queensrÿche, “I don’t believe in love“
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Segundo o Público,
o Governo está a levar já a cabo os contactos internacionais e diplomáticos para assegurar apoios para a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU. Isto significa que o Ministério dos Negócios Estrangeiros está a mobilizar a máquina diplomática e os contactos têm sido estabelecidos de modo a que a candidatura de António Guterres tenha hipóteses reais de poder tentar o sucesso na eleição do nome que irá substituir o sul-coreano Ban Ki-moon a 1 de Janeiro de 2017.
Contudo, as fontes X, Y e Z desmentem a realização de contactos: [Read more…]
Já faltou mais para o Estado
ter de resgatar o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias. A Controlinveste quer vender os edifícios históricos onde funcionam as redacções.
Diz que foi violada
Na primeira página do Jornal de Notícias de hoje, um título da sempre empolgante secção “Segurança” revela-nos que “uma rapariga de 14 anos diz que foi violada no Parque da Cidade”, no Porto. Pelo que se conta na notícia, a menor teve mesmo de receber tratamento hospitalar em consequência das lesões que sofreu, mas isso, para o JN, não chega para afirmar que ela foi violada e fica-se, prudente ou cinicamente, pelo “diz que foi”.
Tão cuidadoso é agora o JN com os títulos que quase nos faz esquecer que é o mesmo jornal que ainda há pouco contava que a ministra das Finanças tinha ido “mostrar o buraco” à Assembleia.
Ou isso, ou apenas revela agora a outra face do mesmo machismo.
Sondagens em Gaia
Os resultados das eleições em Vila Nova de Gaia fazem-me voltar à temática das sondagens.
Na página 8 do pasquim que se vendeu ao Menezes, um comentador, supostamente perito em sondagens, escreve:
“dois casos da A.M. do Porto – Gaia e Matosinhos. Em ambos os resultados eleitorais foram diferentes dos estudos. Em Gaia, o PS disparou para cima e o independente para baixo (…). A rever com atenção.
Isto, depois de ter justificado, na introdução do comentário que
“Os estudos efectuados a 5, 10, 20 ou mais dias antes das eleições são indicações ou tendências.
Até aqui, batatinhas. Mas, vejamos o que foi apontado pelas últimas sondagens divulgadas pelo JN – e já nem vou a outras que por aí foram faladas:
– Em junho, no JN: PS – 32,2%, Guilherme Aguiar – 30,7%, PSD / CDS – 22,7%;
– Em setembro, no JN: Guilherme Aguiar – 29,3%, PS – 29%, PSD / CDS – 25,1%.
Esta foi a sondagem publicada a 4 dias das eleições, sr. Comentador.
Também em Setembro, na RTP (Sondagem da Católica) – PS – 32% ; Guilherme Aguiar – 26%, PSD/CDS – 21%.
Pois bem, o Eduardo Vitor Rodrigues acaba por ganhar as eleições com 38,15%. Ou seja, na última sondagem do pasquim EVR tinha menos dez pontos. A Católica aproxima-se, mas fica longe…
O falso independente do PSD foi levado ao colo no braço esquerdo pelo pasquim, que uma vez por outra também recebia no regaço o candidato oficial. Tentou, até ao limite, mostrar que a coisa estava dividida, que todos podiam lá chegar…
O PS ganha em Gaia com 38,15%, o PSD / CDS fica em segundo com 19,97% e o candidato oficioso em terceiro com 19,74%.
Isto é, o PS tem, sozinho, quase tantos votos como os outros dois juntos (diferença de 2161 votos) – era esta a proximidade prevista nas sondagens?
Não deveria a Direcção do Jornal de Notícias tirar consequências do papel que tiveram nestas eleições? Não considera a Direcção do Jornal de Notícias que a derrota em Gaia e, em especial, no Porto é também uma derrota editorial? Afinal os candidatos apoiados perderam, não?
Passe a palavra? Partilhe?
Passar a palavra? Partilhar? Com certeza, mas sem grande entusiasmo. Contudo, é importante dar-se a conhecer esta cacografia que actualmente se adopta em Portugal. Escreve-se *’direto’ e ‘Junho’ e tudo continua como dantes. Nem uma coisa, nem outra: a mistela do costume. Divulgado e partilhado está: siga.
Post scriptum: “No JN já sou obrigado a escrever de acordo com o acordo ortográfico“. Rui Moreira foi obrigado a…? A sério? Ah! Está bem. O Jornal de Notícias?
Projectando o presente, chegaremos a essa fase em que, teoricamente, passaríamos a financiar-nos no mercado, com uma dívida pública colossal, as famílias angustiadas, as empresas exangues e um país dividido. Não são boas as perspectivas.
(…)
Será o Governo, na sua actual configuração, capaz de conduzir o país nesta recta final até o pós-troika? Duvido.
Alberto Castro, Jornal de Notícias, 28 de Maio de 2013
João Tordo fez-me Chorar
Agora mesmo, a minha mulher chamou-me a atenção para o Conto de Natal de João Tordo, num suplemento do Jornal de Notícias de hoje, Somos Livros. Tinha começado a ler e estava a achar divertido, partilhou. Decidi ler também. Atirei-me ao texto na esteira daquele prazer que cintilava nos olhinhos dela. Éramos os quatro na cozinha. Filhas brincando, pintando, a mais velha a aprender a ler com um puzzle de palavras entre mãos com que formava sucessivas frases. Da narrativa do João não falarei. Quem puder, que a prospecte e a sinta com o corpo todo, num JN junto de si. Do que senti, sim, tenho de falar e já. Não é todos os dias que se chega ao fim de uma leitura com os olhos marejados. E não fui apenas eu. A minha mulher também. Mal terminei, saí da cozinha com a palma das mãos nos olhos. Ela terminou depois de mim e eu vi as suas lágrimas, que para mim são o ápice do Belo, o Excesso do Poético, enquanto eu estiver vivo. Não sucede vulgarmente que o coração se nos estremeça só com uma história escrita certamente no Olimpo, junto das musas, olhos nos olhos com elas. Se quiserem enternecer-se e seguir neste dia mais humanos e mais sensíveis, leiam este conto do João. Foi uma Epifania para mim. Mais uma pela qual dou graças a Deus.
Aqui mais ninguém opina
«Chegou a hora de nos despedirmos do Manuel António Pina.
A dor é sempre grande quando morre alguém que brilha no nosso céu.
O Pina era a mente mais brilhante que escrevia nas páginas do Jornal de Notícias.
Enquanto eu tiver a honra de dirigir este jornal, ninguém mais escreverá opinião neste espaço que era dele mas que ele fazia questão que fosse sempre tão nosso.
Obrigado, Pina.
Manuel Tavares»
(última página do JN de 20-10-12)
Acordo Ortográfico: “Jornal de Notícias” pára para ver
A imagem foi detectada pelo olho de lince do nosso Dario Silva, na página do Jornal de Notícias, ontem de manhã. Relembre-se que o centenário e respeitável periódico adoptou o acordo ortográfico (AO90) já há algum tempo.
Na Base IX, 9º, do AO90, estipula-se que “deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; (…).” Como já várias pessoas notaram, o mesmo acordo obriga, no entanto, à manutenção do acento em “pôde”, para que não se confunda com “pode”, uma de muitas inconsistências inaceitáveis. [Read more…]
Jornal de quê?
Parece que se chama “Jornal de Notícias“.
E parece que ninguém duvida da sua história, grandiosidade, rigor e influência no panorama da imprensa nacional.
Eu, pelo menos, não duvido. Ou melhor, não duvidava. É que a ver pela capa da edição de hoje, pergunto-me quais os critérios de selecção das ditas “notícias”.
A entrevista de José Sócrates ao JN
Quando José Sócrates entrou para o gabinete onde geralmente reune com a imprensa, já o Director do JN, José Leite Pereira, o esperava. Vestira o seu melhor fato para a ocasião, comprado de propósito na melhor loja do edifício Avis.
– Boa tarde, sr. Director – disse o primeiro-ministro.
– Muito boa tarde, sr. primeiro-ministro -José Leite Pereira levantou-se atarantado para cumprimentar o primeiro-ministro, mas logo se pôs na posição original. Atabalhoado, deitara abaixo um pass-partout com a foto de um projecto que José Sócrates acarinhava especialmente, o da moradia de Valhelhas, dos tempos em que era técnico na Câmara da Covilhã.
– Peço desculpa, sr. primeiro-ministro.
José Sócrates dirigiu-se ao seu lugar e, sem querer, calcou José Leite Pereira enquanto passava por ele.
– Peço muita desculpa, sr. primeiro-ministro.
Sem tempo para conversas de circunstância, José Sócrates foi directo ao assunto:
– Sr. Director, não sei se o nosso amigo Joaquim falou consigo…
– Falou, falou, sr. primeiro-ministro. Aquilo das perguntas que os putos da redacção andam a fazer, não é? Peço muita desculpa, sr. primeiro-ministro, mas a rapaziada nova tem sangue na guelra. São jovens, têm a mania da independência e não têm medo de ninguém. Às vezes, nem eu tenho mão neles. Mas para já está resolvido, sr. primeiro-ministro. Pu-los a fazer a cobertura da transmissão do Loto 2.
– Óptimo.
– A do Euromilhões não, que aquilo dá na TVI e nunca se sabe…
– Agradecia que não me falasse desse canal.
– Tem razão, sr. primeiro-ministro, não volta a acontecer. Peço muita desculpa. Pensei que as coisas estavam melhores, agora que está lá o Júlio. Nunca mais falaram do Freeport!
Sócrates arregalou-lhe os olhos.
– Peço muita desculpa, sr. primeiro-ministro.
– Olhe lá, não deixar publicar aquela do anúncio a pedir um blogger que me apoiasse foi um tiro no pé, não acha? Claro que aquele Ricardo Santos Pinto, esse sujeitinho ordinário, ia logo aproveitar.
– É um porco, sr. primeiro-ministro, é um porco!
– E depois publica aqueles anúncios do «relax». Não é muito coerente, pois não, isso?
– Pensei que não ia gostar do anúncio, sr. primeiro-ministro. Foi por si. Peço desculpa, sr. primeiro-ministro.
– Foi por mim, foi por mim, mas eu é que fico mal no retrato.
– Peço muita desculpa, sr. primeiro-ministro, não volto a repetir.
– Bem, vamos começar a entrevista. Onde é que está o outro jornalista, o que vai fazer as perguntas difíceis para dar sinal de imparcialidade?
– Deve estar a chegar, sr. primeiro-ministro. Seja como for, fui eu que escrevi as perguntas dele. Já as enviei ontem, sr. primeiro-ministro.
– Eu vi. Bom, vamos começar.
– Quando quiser, sr. primeiro-ministro.
– Ó homem, ao menos levante-se. Vai estar de joelhos durante toda a entrevista?
Da censura da Direcção do Jornal de Notícias ao Aventar
O Aventar solicitou ao Jornal de Notícias, a publicação do seguinte anúncio:
O mesmo foi recebido pelos “Serviços de publicidade” e foi pago.
Como o mesmo não viu a luz do dia, foi pedida uma justificação, e a resposta foi a seguinte:
“Um dos meus colegas fez uma tentativa de contacto telefónico para o nº de telef. constante na ficha mas sem sucesso.
O anúncio não foi autorizado a publicar pela nossa Direcção.
Quanto ao valor já foi restituído na 6ª feira passada para o cartão de crédito com que efectuou o pagamento.”
Tudo isto foi já devidamente publicado no Aventar.
Face a tal, e no meio de total estupefacção perante semelhante comunicação – principalmente no que refere à afirmação “O anúncio não foi autorizado a publicar pela nossa Direcção” -, tratou o Aventar de solicitar a mesma publicação no jornal Público, que aceitou.
De reter estas duas afirmações:
– “Um dos meus colegas fez uma tentativa de contacto telefónico para o nº de telef. constante na ficha mas sem sucesso.”
– “O anúncio não foi autorizado a publicar pela nossa Direcção”.
Pelos vistos, para o Jornal de Notícias, depois de aceitar um anúncio e receber o preço, dar o dito pelo não dito ao cliente, rompendo com um contrato sem sequer fundamentar, de dizer porquê, só merece o esforço de uma mísera tentativa de contacto telefónico.
Mais ainda: só após interpelação escrita é que o Jornal de Notícias veio comunicar que “O anúncio não foi autorizado a publicar pela nossa Direcção”. Mais nada. Porque razão foi tal decidido pela Direcção do Jornal de Notícias, nem uma palavra.
Aliás, na mesma linha de fazer uma só tentativa de contacto telefónico para contactar o cliente do qual se aceitou um serviço e respectivo dinheiro e depois se mandou à fava.
Devem estar em contenção de custos…
Fora a já referida violação contratual – já de si grave e que dá lugar a inequívoca obrigação de indemnizar a outra parte nos termos do Código Civil -, irei pronunciar-me, sucintamente, à não autorização da Direcção do Jornal de Notícias – que duvido ter-se tratado de uma decisão unânime – em publicar tal anúncio, enquadrando-a, com especial enfoque em sede do Código da Publicidade (aprovado pelo DL 330/90, de 23/10, e actualizado até ao DL 57/2008, de 26/03).
Brasileiro dotadão no Jornal de Notícias
Adivinha: destes dois anúncios, qual foi publicado no «Jornal de Notícias» e qual foi censurado?
Pois, pois, o JN é muito criterioso na escolha dos seus anúncios…
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