Vi hoje, no mercado, as primeiras favas tenrinhas. Se fizerem o favor de descontar o exagero, confesso-vos que passo o ano à espera da época das favas. Eu, como quase todas as crianças e adolescentes, detestava favas, ou julgava detestar, até ao dia em que, convidado a almoçar em casa de amigos, me foram servidas favas à algarvia. Comi a primeira precocemente enjoado, a segunda e a terceira com enfado, a quarta e a quinta com relutância e o resto do prato com verdadeiro prazer e surpresa: como era possível ter perdido, durante tantos anos, tal maravilha?
Passei a gostar de favas de todas as maneiras, à algarvia, à moda da Estremadura, favas secas fritas, arroz de favas, favas com codornizes… E, se eu já estava convertido, faltava ainda a revelação final, um dos pratos mais estranhos da cozinha tradicional portuguesa, o mais suspeito e inverosímil casamento: favas à algarvia com peixe frito. Passei a admirar – eu que sou pouco dado a admirações – a anónima mente brilhante capaz de tal ousadia inventiva.
É o segundo post que faço sobre o assunto. O primeiro, acompanhado da respetiva receita, foi deixado há uns anos aqui. Provem agora, nos tempos mais próximos, enquanto as favas estão tenras e saborosas, e digam de vossa justiça.
uma sopa de puré de fava também é muito bom