
povo esquecido
Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], c. 1524 — Lisboa, 10 de Junho de 1580), célebre poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.
Quem queira saber mais, pode ler o meu texto, resultado de uma intensa pesquisa, no nosso blogue Estrolabio, em http://estrolabio.blogspot.com/.
Que nasceu em Lisboa, sabe-se. Que descende de Galegos, sabe-se. Que foi soldado, pajem e descobridor, sabe-se. Que faleceu de peste no Hospital Santa Ana de Lisboa, antes da sua mãe, é conhecido demais. Que reformulou a escrita lusa, é bem conhecido. Que passou a ser famoso em 1880 e repousa no Mosteiro dos Jerónimos, após escavações no cemitério do Hospital, é por demais conhecido.
Que não se saiba ao certo de quem são as ossadas dos Jerónimos, é o que assalta todo o investigador camoniano, incluindo o meu grande amigo Carlos Loures. Que eu diga que não tem importância, é comigo: o interessante é ter um corpo que se pensa ser do alguém que transformou a escrita lusa e todos as línguas lusas do mundo, parte importante e real desta história, um sítio onde lhe prestar homenagem.
E as homenagens são outorgadas, em nome de alguém que em vida, não teve muita publicidade nem sorte, excepto com outro fantasma lusitano, El-rei D. Sebastião de Avis.
O que me indigna e faz deste texto uma quase síntese de escrita, são as condecorações outorgadas no seu dia, a figuras que têm contribuído no saber, no desenvolvimento científico e investido imenso dinheiro para tentar desenvolver o país, em seu benefício. Dos 53 premiados, deste ano, empresários havia mais de vinte, políticos, outros, cultivadores das arte e medicinas que custam caras, os abençoados, especialmente Eunice Muñoz, que adoro mas pouco posso ver porque entrar em sítios como o Teatro D. Maria, custa o equivalente a uma semana de euros de comida. Especialmente em tempos de crise, como a que vivemos, que encurtou a cerimónia de desfile e incomoda, no mínimo: estamos em poupança…
Que no meio dos agraciados não houve donas de casa que fazem andar o país ao tomarem conta de filhos que dão à luz, nenhuma foi mencionada entre mães e avós que ai havia. Pergunto-me eu : que faríamos se as Senhoras não tivessem os nossos, cuidassem, lavassem, interessassem –se pelos seus estudos, ética e estética, evitando sacerdotes que abusam das crianças que deviam ensinar, ou professores de escolas públicas, que agem como os padres, como tenho observado no meu trabalho de análise das mentes lusas ao longo e largo do país. Sem essas Senhoras, o país não avançava e ficava estagnado na anti-ética aristotélica. Qual a sua condecoração? Sem elas, não haveria alimento em casa, nem limpeza, nem disciplina; parecem ser não merecedoras de prémio pelos serviços gratuitos a Portugal, no meio do seu trabalho fora de casa, necessário para comprar o pão-nosso de cada dia, com ou sem marido. Não há condecoração para tão insigne labor que desenvolve o país.
E os operários, mortos em serviço, como o caso do ferroviário Fernando Matos, da REFER, que, ao tentar salvar a vida de dois irmãos de 80 anos, perdeu a sua em Torres Novas, no dia de ontem, com 38 anos e todo um futuro pela frente, como esses irmãos de 80 anos que já tinham, andado toda a via da vida. Ou tantos outros que os jornalistas gostam de referir, como os desempregados, os sem abrigos, os bons que colaboram com a sopa dos pobres, qual é a sua condecoração? Apenas para instituições que tratam de crianças menos válidas, pagas pelas famílias, com sacrifício?
E a lista nunca mais acabaria, se acrescentarmos os docentes que tomam conta da educação e ética dos seus educandos: não têm dinheiro, não investem, não salvam vidas humanas úteis para o trabalho que rentabiliza a nação, não são mais-valia, como os condecorados de hoje.
Interrogo-me como viverão, espalhadas pelo mundo inteiro, as comunidades portuguesas, nomeadamente a que recebe, em terras africanas, a nossa selecção, não podendo, contudo, garantir-lhe segurança e mesmo com perigo de ferimento espera entusiasticamente que no primeiro jogo seja derrotada a equipa oriunda de uma antiga colónia. Diria que tudo isto é de uma crueldade inaudita. Como se pode condecorar o criador da ideia?
Mais não digo. O dia de Camões passa e os ponteiros do relógio mostram como o seu dia desliza enquanto os que fazem dos Lusos um País denominado Portugal, têm que trabalhar, ainda em dia de folga.
Os representantes da nossa soberania deviam pensar melhor e entregar os prémios à melhor doméstica, ao melhor produtor… que eles dizem representar. Parece-me que os nossos soberanos, esquecem o povo e apenas lembram uns poucos, que eu agradeço pelas suas dádivas em prol da Nação, mas que é uma minoria que não deve andar de transportes públicos, trabalhar em casa e fora dela por um ordenado cada vez mais taxado, que diminui as entradas no lar, sítio de crianças que fazem do país os lusíadas.
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