Uma história antiga

 
 
 

( Pormenor - adão cruz - )

 

Uma história antiga

 Foi há muitos anos, quando eu era estudante do segundo ou terceiro ano de medicina. Estava no velho Café Progresso a estudar, ainda me recordo, umas coisas de embriologia, a estúpida abordagem da embriologia de então, que nada tem a ver com as maravilhosas lições de Richard Dawkins. Estava sentado numa daquelas pequenas mesas quadradas, mesmo junto à porta que dava para a Travessa Sá Noronha.  [Read more…]

Beleza da Livraria Lello de novo reconhecida

Os reconhecimentos têm sido muitos mas nunca são demais. Volta e meia surge a notícia de que a Livraria Lello, no Porto, é apontada como uma das mais belas do mundo. Agora ocorreu novamente, pelas teclas do jornal online dos EUA The Huffington Post.

A Lello foi apontada como a segunda mais bela do mundo, depois da tradicional número um, a igreja dominicana de Selexyz, em Maastricht, Holanda.

Em defesa da Linha do Tua contra um primeiro-ministro ignorante e iletrado

Hoje, no Magestic, no Porto, é apresentada a recomendação do Igespar, que decidiu abrir um processo de classificação da Linha do Tua. As obras da barragem têm de parar já, mas todos sabemos que não pararam.
A luta ainda não está perdida.

 
O facto de sermos governados por um ignorante e iletrado, de quem nada se espera em termos de defesa do património natural e edificado do nosso país, não dá a ninguém o direito de cruzar os braços perante o atentado criminoso que se prepara para o Vale do Tua e a sua inacreditável linha ferroviária.
Para quem não sabe, a Linha do Tua foi equiparada, pelos mais reputados engenheiros, em termos de dificuldade, às Linhas ferroviárias dos Alpes Franceses ou Suíços. Pela sua beleza e rigor técnico, merecia ser classificada como Património Nacional ou, mesmo, Património Mundial da Humanidade. [Read more…]

Gasolina, Gasóleo e Brent: preços 2005 – Jul. 2010 (III)

Este é o terceiro e último texto de uma série de três com uma análise da evolução dos preços dos combustíveis entre 2005 e Julho de 2010:

  • Parte I – apresentação dos dados
  • Parte II – Análise dos dados
  • Parte III – o presente texto: Divagações sobre as "infames gasolineiras"

As duas primeiras partes desta sequência foram de cunho exclusivamente factual, enquanto que esta terceira parte será a minha interpretação dos factos.

Mas antes disso tenho um pequeno segredo a revelar.

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Homenagem a Guilhermina Suggia

Hoje completa-se o 60.º aniversário da morte de Guilhermina Suggia (faleceu a 30 de Julho de 1950). Nascida no Porto ainda no decurso do século XIX, 27 de Junho de 1885, a talentosa Suggia, aos 13 anos, era a violoncelista principal da Orquestra da Cidade do Porto. As suas actuações em público tinham sido, porém, iniciadas com 7 anos de idade.

Com a ajuda abnegada do pai, igualmente violoncelista, e da irmã Virgínia, pianista, o talento de Guilhermina Sofia removeu obstáculos e preconceitos, hoje dificilmente entendíveis – o facto de pertencer ao sexo feminino dificultou-lhe muito o ingresso e progresso na carreira. Todavia, apenas com 17 anos e como solista, integrou a orquestra alemã Gewandaus em 1903.

Dos relatos históricos, consta que era artista muito determinada. Guilhermina Suggia trabalhava pelo menos cinco horas diárias, na incessante busca da perfeição e de saberes. Conseguiu vencer e ser a primeira mulher solista de violoncelo, a nível mundial.

Ontem, a Antena 2 prestou-lhe merecida homenagem, a que singelamente me associo. O som quente e intimista do violoncelo é, para mim, um dos odores musicais de enorme prazer inebriante. Adoraria ouvir Guilhermina Suggia, ao vivo. Impossível, como muitos outros desejos e sonhos.

António Feio (1954 – 2010)

Vi o António Feio duas vezes ao vivo, ambas no Teatro S. João: em «O que Diz Molero», de Dinis Machado, e na «Conversa da Treta», depois adaptada para televisão e alvo de infindáveis repetições.

Nos últimos anos, impressionou-me sobretudo a forma como falou, sem complexos, do cancro que o minava. Parecia não ter medo dessa luta desigual.

Morreu novo – 55 anos. Sim, não é costume dizer-se que a vida começa aos 50?

sir jack goody

o meu antigo professor, orientador e mestre, fizera-me introduzir estudos do Gtupo Doméstico em Portugal

Ser-me-ia impossível continuar a teoria que uso para o meu novo livro, não referir ao meu antigo patrão, amigo, colega e orientador Jack Goody. Sus textos têm iluminado o meu caminho, como os dos meus dicípulos. No dia que mudei de Cambridge para o ISCTE, o Jack estava furioso, típico do seu temperamento…E, no entanto, fiquei. Não é fácil mudar Cambridge pelo ISCTE, hoje IUL. As facilidades para o trabalho que lá existem, como a Biblioteca, os Gabinetes, os debates, os Seminários, aos que ainda tenho acesso por ser membro do Senado dessa Universidade, apenas por ser Doutor de Cambridge com Agregação e especializado em Etnopsicologia da Infância, a primeira visão do mundo científico do Jack, que era graduado em Literatura e Letras por Oxford, mas que, após 4 anos de prisão em Auschwitchz, e de intermináveis leituras sobre as formas de vida em outros sítios, como no seu campo de prisão, mudou para Antropologia Social, temática do seu doutoramento em Cambridge, sob a orientação de Meyer Fortes.   Os dois não apenas partilhavam as mesmas ideias, bem como trabalhavam e escreviam juntos, como eu com Jack.

Vou usar material inédito pata referir este excerto. [Read more…]

Dois extra-catálogo

(adão cruz)

(adão cruz)

 Dois quadros feitos um tanto à margem (“adão e eva” e “a mãe dos periquitos”).

Oposição Medíocre na Câmara Municipal do Porto

O DR RUI RIO É QUE SABE

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O dr Rio explicou-se e disse das suas razões e das da Câmara Municipal do Porto para vetar o nome do falecido Nobel Saramago para uma rua da cidade.
Após essa explicação ficamos a saber uma de duas coisas:
1 – A oposição, na Câmara, não conhece as leis da cidade nem as regras pelas quais ela se rege
2 – A oposição, na Câmara, conhece as leis da cidade e também as regras pelas quais ela se rege
Dessa forma, e no primeiro caso, pergunta-se o que é que andam a fazer por cá.
No segundo caso ficamos a saber o que por cá andam a fazer. Unicamente a usar de falsidades para colocar a opinião pública contra o executivo da edilidade, sem cuidar de fazer saber a verdade.
De uma forma ou de outra, é triste que fiquemos a saber que a oposição na Câmara Municipal do Porto, tem um nível tão baixo.

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O regresso a casa da selecção da Coreia do Norte

É espantoso como a notícia ainda não chegou aos jornais portugueses (algum peso de consciência pelo 7-0?), e já anda por aí revista e aumentada, tanto em jornais espanhóis e italianos, como em blogues portugueses.

Segundo a Radio Free Asia (que não será exactamente uma fonte de confiança, antes aquilo que na gíria se chamava uma rádio da CIA) os jogadores norte-coreanos levaram com uma sessão de critica e auto-crítica de 6 horas mal chegaram a casa.

Como a Coreia do Norte vive num regime derivado ideologicamente do maoísmo parece-me perfeitamente credível. E com alguma experiência no assunto asseguro que 6 horas em crítica / auto-crítica dói, não é pouco e não é nas pernas.

Entretanto El País e La Repubblica já meteram o treinador em trabalhos forçados e transformaram uma cerimónia da religião oficial do estado norte-coreano em algo de mais exagerado. O verão quando nasce é para os jornais todos. Como curiosamente no Brasil (onde não é verão) alguns jornais citaram a notícia original correctamente, resta-me a curiosidade de ver  como ela cá chega.

A maneira mais parva de combater uma ditadura é mentir sobre ela. A verdade chega perfeitamente.

Chá e guarda-infantes

A propósito do post do Prof. Raul Iturra que tão bem vem recordar a memória do “chá de Catarina”, este nosso colega, alerta também para uma outra característica da nossa gente, sempre disposta ao esquecimento das coisas aqui da terra. Quantas pinturas, estátuas, estatuetas e outras obras artísticas de autoria portuguesa, já vimos expostas em galerias e museus, onde a imagem daquilo que deve ser uma Infanta, surge sempre sob a secular e tutelar figura de Margarida Teresa, a central personagem da esplendorosa obra Las Ninãs de Velázquez?

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Uma justiça portuguesa catatónica

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A justiça portuguesa está num estado catatónico. Não é nada de novo. Respira, olha, mas existe fechada dentro dela, num cenário de total alheamento da realidade. É muito cara, demasiado lenta, na maior parte das vezes ineficaz. Pelo país há mais de um milhão de processos pendentes. Já não chegava toda esta situação, agora ficamos a saber que temos de torcer o nariz a todas as suas deliberações e opções.

Descobrimos que a justiça, pelo menos algumas vezes, não trabalha de forma concreta e não vai ao fim dos processos, fica pela rama. Por falta de tempo ficam por escutar entidades relevantes para os processos. Por falta de tempo adiam-se sentenças. Por falta de tempo prolongam-se processos quase indefinidamente. Por falta de tempo ou por falta de vontade.

Curioso é que, apesar de deste panorama, a maior parte dos agentes da justiça faz o que somos especialistas em fazer: atirar as culpas para debaixo do tapete de outros. Quando confrontados com os enormes problemas da justiça, os sindicatos ou associações representativas dos vários elementos, funcionários, juízes, Ministério Público, advogados, garantem isenção de responsabilidades e acusam outros, incluindo o Governo e o Parlamento, que também têm a sua dose de culpa no cartório.

Deve ser por tudo isto que dizem que a justiça é cega.

Mais dois 2010

(adão cruz)

Como prometido, cá estão dois pós-férias. Embora eu não goste de títulos, dado que os títulos podem ser redutores e empobrecer a obra, anulando, por vezes, a sua própria hermenêutica, podemos chamar-lhes, “luar de sonho” e “sonho de verão”. Com todo o gosto, dedico-os ao Nuno Castelo-Branco.

(adão cruz)

Ministério Público: Eles sabem mais do que a Lúcia

Em 6 anos, não conseguiram ouvir o Primeiro-Ministro.

Não é falta de eficiência, claro que não é. O problema é que eles sabem mais do que a Lúcia.

E ainda queria o outro que pedissemos desculpa a José Sócrates. Por quê? Por sabermos que, apesar de tudo ter dado em nada, ele deve estar enterrado neste escândalo até aos ossos?

A linha do Tua, a EDP, e os assassinos do caminho de ferro

O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) aceitou a petição assinada por cerca de cinco mil pessoas para a classificação da Linha do Tua como Património de Interesse Nacional.

Uma boa notícia, mas que remata com a má: a EDP faz de conta que não sabe de nada, e avança na construção da barragem que destruirá o vale do Tua. Mesmo a propósito um analfabeto que foi ministro de Cavaco, Amaral de seu nome, volta ao ataque com as gravuras de Foz Côa, retomando a demonstração que em Portugal qualquer bípede pode chegar ao governo, e que tirando a excepção honrosa que permitiu salvar as gravuras, Património da Humanidade segundo a UNESCO, quem manda é a EDP.

A fotografia (fracota, eu sei) foi tirada de um comboio da Linha do Tua, apeadeiro de Brunheda, onde na parede se podia ler “Cavaco assassino do caminho de ferro“. Foi verdade, mas e a senda continuou. Uma série de assassinatos em série. Um romance de horrores. Mas para as estradinhas o dinheiro nunca faltou, que as petrolíferas também mandam. Ninguém as elege, mas lá lhes vão obedecendo. Chama-se capitalismo, e não é nada democrático.

Tempo de férias

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Lisboa, tarde quente. Hoje.
Devo parecer um turista pois já por duas vezes me perguntaram com sotaque ligeiramente anglo-saxónico “ache? coke?”, enquanto me deixava levar pelo destino sem ponto de chegada.
Querendo, seria fácil a polícia acabar com esta pequena (será este o qualificativo correcto?) criminalidade. Umas sandálias e um calção pirata chegariam.

A Rua do Ouro tem o encanto do anacronismo, com as suas fachadas da Viena imperial ao lado das esplanadas germinadas a partir do mobiliário de plástico.
E tem a luz. A luz de Lisboa, diz o cliché, dizemos nós que é cliché, porque luz temos em abundância.
Quem parece uma sardanisca à procura de uma réstia de sol, como os bávaros, que fazem uma grelhada nas margens do Isar, mal umas horas de sol se antecipam no horizonte, não percebe que não nos deslumbremos perante esta dádiva.
Nós também temos dificuldade em perceber como é que eles têm dinheiro para cá virem apreciar estes ares.

Uma imperial, se faz favor, que é como por cá se chama a um fino.
Deixo aquelas gotas geladas empurrarem o calor que me rodeia como um abraço.
Um fino, a luz e tempo para apreciar ambos, marcam o momento, que é de férias.
Pequenas coisas que fazem grandes dias.

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A Dam


Saindo para o jantar de família na noite de Natal de 1995, deparei com esta minha conhecida à porta do prédio. Estava um frio de morte e chovia a cântaros. Conhecia-a há perto de um ano, quando nasceu no rés do chão, em casa de uma vizinha. Pouco a pouco foi subindo as escadas da traseira e com alguma cerimónia entrava na cozinha e petiscava os biscoitos que lhe oferecia.

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e os sentimentos no prolongamento artificial da vida? a Nai Esperanza, luto e melancolia

os meus sentimentos desenham o amor das nossas mães

Todos gostriamos vamos viver eternamente, da maneira e forma que hoje somos. Todos quereriamos manter o corpo da forma atraente e sedutora. Mas as descobertas no campo de ciência médica e genética, acrescentando um valor alimentar que os nossos ancestrais não conheciam e comiam o que havia com o valor nutritivo que pensavam ser o adequado. Especialmente em áreas rurais ou em áreas periféricas das grades cidades, sítios em que o porco era e ainda é a base alimentar. Minguém parecia importar-se com esse desconhecido conceito colesterol. Não é estranho, porém, que os que comiam menos, viviam mais anos.

Esse comer menos junto a um trabalho intenso, físico ou intelectual, mantinham o corpo são e com força. O descanso depois de uma refeição, era outra parte do segredo da natureza, como o não beber em excesso, e abster-se do café, esse vício trazido pelos lusos portugueses desde Ásia e cultivado nas colónias portuguesas de África e introduzido, seguidamente, no velho continente. Desde a China, onde era denominado chá, foi exportado para a Grã-Bretanha pela Infanta portuguesa Catarina de Bragança, a

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Os golos do Braga – Celtic

Um Braga imperial deixa orgulhosos todos os portugueses. Que a não-ida do FC do Porto à Champions não tenha sido em vão. Parabéns ao Braga e sobretudo ao Domingos.

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Uma razão!

Há aqui uma pessoa que hoje me deu um pretexto para sair do Aventar. Há muito que o devia ter feito, mas não gosto de ser empurrado, perdi aqui gente de quem gosto muito, mas deixo para trás a missão cumprida.

O dono deste blogue, quando o Aventar era pequenino, pediu-me muitas vezes “para não o deixar mal” leia-se, estar sempre ao lado dele. Foi o que fiz! Éramos só os dois, ele era o “bombo da festa” nos blogues, travei muitas lutas que eram dele e não minhas, mas é claro que o futuro é ele, não é meu. Por isso me bati pelo Aventar,, nem sempre bem, mas bati-me! Tive aqui discussões  única e exclusivamente por causa dos professsores, mas espero que tenha ficado bem claro. Nessa como em todas as outras matérias, não deixo que limitem a minha opinião. Era o que faltava!

Peço desculpa aos aventadores que me viram passar os limites, ao nível de quem me atacava, mas é um registo que não é meu e não me faz feliz.

Estarei no Estrolabio onde os receberei com toda a amizade!

Sem rancores e “bad feelings”, até sempre!

Um simples periquito

(adao cruz)

Um simples periquito

Não sei muito bem o que fazer nas férias. Não gosto de praia, não gosto de viagens programadas em grupo, não gosto de cruzeiros, enfiarem-me num resort qualquer é pior do que me enfiarem em Custóias. Só gosto de viajar, mas de carro, sem destino, ao deus-dará. Foi o que fiz na passada semana. Vi, por acaso, uma exposição de André Brasilier no Chateaux de Chenonceaux, e mal cheguei, fiz dois quadros, mais ou menos dentro da sua linha, a qual tem algumas semelhanças com a minha, ou melhor, a minha tem algumas semelhanças com a dele. Provavelmente, amanhã farei deles um post. Cheguei de férias. [Read more…]

Georges Devereux

Georges Devereux a ensinar em Paris, após ter vivido com os Mohave

Teoria para analisar factos do meu novo livro.

George Devereux (nascido Dobó György em 13 September 190828 May 1985) foi um AmericanFrench ethnologist e psychoanalyst, nascido no seio de uma família Jewish de Banat, Roménia. Foi um dos pioneiros da ciência da ethnopsychoanalysis e ethnopsychiatry. A sua biografia e obra podem ser lidas em:   http://en.wikipedia.org/wiki/George_Devereux .  A sua vida entre os Mohave foi tão feliz e as suas crenças de vida após falecimento tão sedutoras, que solicitou ser enterrado com os rituais Mohave e no seu campo profundo ou vale dos mortos.

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Oi?

Então a Vivo não era estrategicamente muito importante para o futuro da PT?
– Oi?

Então a presença da PT na Vivo não se enquadrava numa afirmação dos interesses financeiros portugueses na América Latina?
– Oi?

Então a «golden share» não foi usada exactamente para evitar a venda da Vivo por parte da PT?
– Oi?

Então o primeiro-ministro que era contra a venda da Vivo à PT agora já é a favor?
– Oi?

Então a Oi não é infinitamente mais pequena do que a Vivo?
– Oi?

Então foi tudo um golpe do pândego do primeiro-ministro para parecer que é de Esquerda?
– Oi?

O que o miserável Ministério da Educação está a fazer aos professores contratados

Não pode ser qualificado de outra forma senão desta: miserável. O que o Ministério da Educação, que por acaso é quem me paga, está a fazer aos professores contratados deste país ultrapassa todos os limites. Contratados inicialmente até 31 de Agosto, está a ser-lhes comunicado nesta altura que afinal o contrato não vai até 31 de Agosto e que terminou no momento da última reunião de avaliação.
Ou seja: assinas um contrato com uma entidade patronal até uma determinada data, mas de repente o patrão decide unilateralmente que o contrato vai terminar mais cedo. E avisa-te já depois dele ter terminado. E só te vai pagar até àquele dia. Qual direito a férias, qual direito aos prazos legais (aviso com uma semana de antecedência para contratos superiores a 6 meses), quais direitos laborais!
Num caso que me é muito próximo, a professora foi avisada que 5 dias antes, no dia exacto em que decorrera a última reunião de avaliação, o contrato tinha terminado. E ficou sem poder gozar férias porque o contrato acabou repentinamente. E por acaso estava em licença de maternidade.
Como é óbvio, os Sindicatos já entraram em acção.
Espera-se que algumas empresas privadas ajam dessa forma, aquelas de quem se espera tudo. Não se esperaria que fosse o próprio Estado a subverter desta maneira as regras do jogo. Há quem se esqueça que já foi professor, como a Ministra Isabel Alçada ou o director-regional do Norte, António Leite, que simplesmente ignorou as questões colocadas pelo Aventar – fosse um Encarregado de Educação a questioná-lo e o homem respondia no próprio dia.
É o mundo que muitos gostavam de ver concretizado. Trabalhadores sem qualquer direito e sindicatos simplesmente inexistentes. A Direita em todo o seu esplendor. Então não se vê, por este exemplo, como é forte a corporação dos professores?

P. S. – A propósito, na escola de um amigo, o funcionário encarregue dos vencimentos enganou-se no cálculo do vencimento de um professor e pagou-lhe 600 euros a menos. E agora? Pois, agora vai ter de esperar um mês para receber (sem juros) o que é seu por direito. E quem é que lhe vai pagar as contas durante o mês? Pois, os professores enquanto corporação são mesmo poderosos.

GOLDEN SHARE

Afinal o essencial interesse estratégico que a “golden share” defendia, tem preço: 300 e poucos milhões de euros!!!

Temos uma nova tabela de câmbio:

UM AEROPORTO 17,6 INTERESSES ESTRATÉGICOS
UMA PONTE SOBRE O TEJO 6,1   INTERESSES ESTRATÉGICOS
TGV 23,3 INTERESSES ESTRATÉGICOS
…. ….

Viva a Catalunha

Manet, O Toureiro Morto

A Catalunha continua em grande. Depois de ter vencido o Campeonato do Mundo de Futebol, ainda que sob a imprópria bandeira do estado monárquico espanhol, acaba de proibir a barbárie taurina, juntando-se assim às Canárias na interdição desse espectáculo degradante de glorificação da morte.

Respiram de alívio os pobres toureiros, que já não levarão cornadas nas arenas catalãs.

Picasso, A Morte do Toureiro

Espero que Portugal, historicamente já andamos atrás da Catalunha pelo menos desde 1640, siga o exemplo.

Entretanto uma boa notícia para o Bloco de Esquerda: é só mais este mandato e perde a Câmara de Salvaterra de Magos, um alívio, portanto.

Viva a venda da Vivo!!!

Os implacáveis defensores dos investidores da PT estão de parabéns. Viram as ambições concretizadas. A PT vendeu a Vivo à Telefónica, segundo a comunicação social portuguesa (PUBLICO e TVI) e espanhola (EL PAÍS).

Com o fecho da operação, o interesse nacional (espanhol) ficou preservado. Os investidores portugueses – coitados, sempre a bater-se pela defesa dos ‘centros de decisão nacionais’ – venceram a barreira da ‘golden share’. Antes, no acto de boa fé de compra das acções, nem sequer se aperceberam da existência de uma ‘golden share’ detida pelo Estado, estatutariamente definida quanto aos respectivos poderes e limitativa do preço de venda de cada acção.

A UE, através do Tribunal Europeu, também acorreu em socorro dos ofendidos investidores, não repetindo a permissividade impeditiva da aquisição da Telecom de Itália justamente pela Telefónica. Situações iguais, critérios diferentes.

No final da história, é curioso notar que o Dr. Ricardo Salgado e companheiros extraíram benefícios do uso da ‘golden share’ pelo governo de Sócrates. A Telefónica subiu o preço de compra para 7,5 mil milhões de euros e os pobres investidores acabaram por “abichar” mais 350 milhões de euros.

Os portugueses estão todos mais felizes e o caso é digno de júbilo: “Viva a venda da Vivo!”, “Viva a Golden Share que nos rendeu mais uns cobres”!  

Quando vier o dinheirinho espanhol, lá vai a PT investir um valor entre 20 e 25% do capital da também brasileira Oi, porque, contradições à parte, o mercado brasileiro sempre tem carácter estratégico. No nosso entendimento, é melhor sermos prudentes e ficarmos na expectativa de saber se, daqui a uns tempos, não se dirá: “Oi que nos enganámos!”.

O mercado é isto. Vender activos nacionais pagos por muitos, em benefício de poucos – lembramos que a entrada da PT no Brasil foi resultado de diplomacia económica eficaz, facilitando-se a operação pelo baixo preço que a dita PT pagou pelas infra-estruturas de rede e que dilatou o valor efectivo dos activos da operadora portuguesa e facilitou o financiamento externo. Tudo isto é o sagrado mercado.

Freeport flamingo

film strip - freeport

A notícia: «Sócrates: “A verdade acaba sempre por vir ao de cima”», no Público

Aeroporto – o que era verdade ontem…

Os impactos ambientais eram de tal ordem que deram num famoso e estridente “jamais”! Mas isso era quando os negócios apontavam à OTA. Agora, os impactos que se viam em Alcochete passaram para a OTA e sempre, mas sempre, apoiados em belos estudos que nos custam os olhos da cara. Vamos ter aeroporto mesmo que não seja necessário.

“O Estudo de impacte Ambiental do Novo Aeroporto de Lisboa, vem dizer que não haverá impactos significativos que possam comprometer os objectivos de conservação da Zona de Protecção Especial (ZPE) do Estuário do Tejo”.

Numa palavra, as aves raras, o sapal,o estuário, o aquífero (o maior da Ibéria), que impediam a construção do quer que fosse, afinal, não impedem nada, pode ter “algumas efeitos nos padrões comportamentais da comunidade avifaunística” embora para já sejam imprevisíveis.

Os estudos anteriores também achavam que na OTA não havia impactos nenhuns, foi preciso um piloto da TAP explicar em público que devido à configuração do terreno circundante, a aproximação e o levantar dos aviões se faziam pelo mesmo corredor aéreo, constituindo um perigo para a navegação.

Enquanto isso, os habitantes do ex-deserto estão muito contentes porque vão ter muito turismo e muito emprego, nada lhes importando o silêncio e a paz de que gozam e vão perder.

Os estudos (todos muito bem pagos e muito rigorosos) dizem o que o cliente precisa que digam, ontem na OTA, hoje em Alcochete, o resto é conversa de encher.

A Nai Esperanza Revisitada

lembranças dos tecidos da alma da Nai Esperanza

Parte do livro que escrevo: Esperanza

É-me quase impossível tornar a escrever qualquer texto, sem me referir mais uma vez a essa mulher que não se furtava ao trabalho. Essa Senhora que sabia ser não apenas Nai (em luso galaico, Mãe em luso português), mas também uma boa mulher do seu marido. Sempre pensei nela como uma Senhora. Não dessas Senhoras que sabem vestir à moda imperante, com fatos de seda e penteados de cabeleireiro. Desde que me lembro, vestia da mesma forma, uma blusa com fundo amarelo, com flores estampadas para decorar esse fundo. A saia era cor castanha obscura, até os joelhos, e meias grosas para se defender do frio.  [Read more…]