Rui Araújo, um jornalista de letra pequena, e uma reportagem muito grande

Confesso que nem sabia onde parava o Rui Araújo, que entre outros títulos distintos ostenta o de primeiro repórter português a entrar em Timor-Leste ocupado. Numa altura onde se confunde jornalista com licenciado em jornalismo, onde a investigação anda muito mais Cabrita que Felícia, sabendo que essa é a lógica dos donos dos órgãos, que investigar pode mesmo ser  perigoso, encontrei-o hoje a contar a estória do “maior aterro nacional”.

Demolidor, Rui Araújo demonstra, encosta, narra, mais um processo e vários crimes que nunca existiram, até porque hão-de prescrever  a tempo de evitar chatices a muito boa gente, gente dos poderes, políticos, e outros dinheiros.

Podem vê-la, 30 minutos a não perder. Recomendado a estômagos sensíveis apenas depois de uma refeição ligeira. Há sempre o risco de vomitar.

Portugal Arruinado: Coimbra, Rua da Moeda

Para quem não conhecer, a Rua da Moeda é uma pequena artéria, com cerca de 70 metros em linha recta, e vai da Praça 8 de Maio ao Largo das Olarias, onde se encontra a Loja do Cidadão. Agora pasme-se: esta rua, outrora movimentada pelo seu robusto comércio e casas de morada de muitos cidadãos, é hoje, quase de certeza, na cidade, o maior cemitério de prédios decrépitos e em mau estado por metro quadrado. Um caso de estudo, sem margem para dúvida! Infelizmente, para pior, uma amostra do estado em que se encontra a Baixa da cidade de Coimbra. Nem vou falar das causas, porque já todos as conhecemos de ginjeira, a começar por esta absurda, inoperante, injusta, selvagem, paradoxal, ilógica, inconsequente, estúpida, estulta, Lei do Arrendamento Urbano. Já o escrevi aqui: pelo menos, desde 1974, todos os ministros relacionados com a pasta da habitação deveriam ser sentados com o cu no mocho e julgados por atentado ao património nacional e terrorismo urbano. Agora, de repente, lembrei-me de um pormenor importante: aqui na Internet circulam petições para defesa dos motivos mais néscios que há, e até algumas com fundamento de razoabilidade. Qual o motivo por não haver nenhuma a favor de uma mudança de paradigma que é tão importante para o país? Se calhar será outro caso de estudo…

Luís Fernandes, Questões Nacionais

As férias dos portugueses

O Presidente da República disse que seria um gesto patriótico fazer férias em Portugal. Seria bom para a economia nacional. O ministro da Economia ironizou: se os presidentes de outros países fizessem o mesmo, seria mau para o nosso país, à conta dos estrangeiros que deixariam de visitar este cantinho pitoresco.

Relax-on-Vacation-Beach

A banal recomendação do presidente e a reacção algo estranha do ministro Vieira da Silva abriram mais um espaço para a especulação: que é mais uma machadada na já difícil relação de Cavaco Silva com o Governo. Se assim é, ainda bem. Eu pensava que já não havia qualquer relação.

Curiosamente, a grande questão é saber sequer se os portugueses podem gozar férias, mais do que querer recomendar onde as desfrutar. E aqui reside a grande dúvida.

Quem puder, que as faça onde muito bem quiser. De preferência longe da classe política lusa. A liberdade também passa por aqui.

Como Se Fora Um Conto – A Srª Maria, o Sr Manuel, e o Orgulho de se Ser Português

A srª Maria e o sr Manuel casaram-se em 2008 entre o Natal e o Ano-Novo. Para ela o primeiro casamento, tardio, pois que quase na casa dos cinquenta anos. Para ele uma repetição.

A srª Maria tem formação em economia e é CEO de um banco, e o sr Manuel foi Ministro das Finanças e é uma pessoa muito importante num partido político, ambos da África do Sul.

A srª Maria é uma das mulheres mais influentes do Mundo, segundo uma revista importante, a Fortune. Diz-se por lá até, que é a nona mulher mais influente do planeta.

Para esta crónica o sr Manuel deixa aqui de ter interesse. Não é Português nem nasceu em Portugal. É uma pessoa que não nos diz nada seja a que título for. As suas relações sanguíneas e familiares com o nosso País, são nulas. Só foi aqui falado pelo peculiar nome, que faria lembrar um qualquer ancestral lusitano, e pelo seu casamento com a srª Maria

Para esta crónica a srª Maria continua a ter interesse. Não é Portuguesa mas nasceu em Portugal, na capital do que um dia foi um Império. [Read more…]

A Porno Tv

Neste ano centenário da República laica, ando a tentar perceber o que me envergonha mais.

– Financiar a visita de um líder religioso ou financiar touradas onde, sem bolinha e sem vaselina, são espetados guilhos em animais.

RTP, a Porno TV?

Almirante Rosa Coutinho – testemunho de Vasco Lourenço

Caros(o)s associada(o)s

Porque fui solicitado por vários órgãos de informação, a quem prestei declarações sobre a morte do almirante Rosa Coutinho, venho dar-vos conhecimento do teor dessas declarações:

Com a morte do almirante Rosa Coutinho, pessoalmente perdi um amigo, a Associação 25 de Abril perdeu um militante. Portugal perdeu um patriota.
Altamente prestigiado, como oficial de Marinha e engenheiro hidrográfico, é escolhido pelos seus camaradas mais jovens da Armada, para integrar a Junta de Salvação Nacional.
O seu profundo patriotismo leva-o a colocar sempre, acima de tudo, os interesses de Portugal.
Por isso se empenha fortemente nas missões que lhe são cometidas, como militar de Abril, nomeadamente na Junta de Salvação Nacional, no Conselho da Revolução e na presidência da Junta Governativa de Angola.
Rosa Coutinho é, por ventura, o militar de Abril mais caluniado, sobre quem inventaram uma série de falsidades, conseguindo criar-lhe uma imagem muito distorcida, principalmente na sua acção em Angola, onde Rosa Coutinho se portou sempre como Português e nunca como agente ao serviço de qualquer potência estrangeira.
Apesar de claramente desmontadas, esclarecidas e desmentidas, ainda hoje correm falsidades a seu respeito, sendo previsível que, com a sua morte, voltem a ser difundidas.
Quero, por isso, manifestar o meu total repúdio por essas calúnias e enaltecer a acção de Rosa Coutinho, como Militar de Abril e cidadão, e as suas qualidades humanas.

Cordiais saudações
Vasco Lourenço

Senhor Primeiro-Ministro. Com respeito mas com firmeza

Auditótio Agrupamento escolar Vilatuxe

A frase que intitulada este texto acabou por ser famosa quando escrevi uma carta aberta à anterior Ministra da Educação. Era minha para ela. Mas, desta vez, a frase continua a ser minha para ser usada por si.

É sabido que governa em minoria e de todo não tem tido nenhuma ideia sábia na nomeação dos ministros do Ministério da Educação. O que aconteceu que a anterior ministra, já é parte da História, nem vale a pena lembrar mais, está em todos os blogues, sítios da Internet, da nossa curta cadeia de comunicação. Era mais fácil e rápido telefonar e dizer-lhe as minhas palavras. No entanto, a palavra escrita perdura, enquanto as faladas as leva o vento, ou são manipuladas ou esquecidas. O respeito e a firmeza não são palavras minhas para si. É uma frase para o Senhor Primeiro-Ministro nunca esquecer: respeito pelos seus eleitores e firmeza nas suas decisões.

Respeito pelos seus eleitores, parece-me que tem, apesar de muitos falarem mal de si, especialmente os seus colegas dos partidos da esquerda portuguesa, e ainda mais os seus rivais que lhe disputam o poder, do CDS-PP e do PSD. Dá-me a impressão que nenhum deles tem visto, nem está muito interessado, o que acontece na educação no nosso País. Bem sei, pelos meus antigos estudantes, hoje deputados da nossa Assembleia, que visitam os seu eleitores, sobretudo, em períodos pré eleitorais, mas sei também que os melhores informadores dos deputados são os jornais que lêem, os jornalistas que comentam e os noticiários da rádio e das televisões. Foi Mário Soares quem inaugurara o que passaram a ser as Presidências Abertas. Bem como Jorge Sampaio. Eram programadas, avisadas atempadamente, e eles ouviam e debatiam ao pé do rio, à sombra das árvores de um mato, e o Presidente enviava o que entendesse à Assembleia. Na maior parte dos casos, eram as problemáticas do povo que tinha depositado neles a sua Soberania, para a Assembleia legislar. Como também faz o Senhor PM. Visita, ouve, está informado, como se fosse um Primeiro-ministro em trabalho de campo, como fazemos nós, os Antropólogos, especialmente os que dedicamos o nosso saber à Educação e à etnopsicologia da infância.

É assim que o PM, como tantos de nós, sabe que a população escolar tem a tendência para diminuir. Este País é cada vez mais de velhos e concentrado em centros urbanos que proporcionam trabalho, como, entre outros, Lisboa, Porto, Braga, Bragança.

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Encerrar escolas?

Esta frase dá arrepios, num país onde a juventude está tão mal preparada e as regiões desertas. A desertificação irá acentuar-se, tudo porque é necessário poupar uns tostões,enquanto se esbanjam milhões em gabinetes com doze motoristas, assessores, consultores externos, frotas automóveis, megainvestimentos que ninguem sabe muito bem para que servem.

Dizem-nos que os resultados escolares são muito baixos nestas escolas quando comparados com escolas com mais de 20 alunos e com professores especialistas nas diversas matérias.Não sei se é assim, estamos mais que avisados que as razões, os estudos, os gráficos e os relatórios aparecem sempre a dizer o que quem paga quer que digam. Uma escola perto de casa, sem deslocações, num ambiente conhecido, com professores conhecidos das autarquias e das famílias parece ser o quadro ideal para que jovens de menos de 12 anos possam tirar o melhor aproveitamento.

A ministra, diz que cada caso é um caso, serão estudados um a um com as autarquias e os pais. As autarquias se não tiverem um olhar medíocre e vesgo sobre o assunto, podem ter uma palavra de grande valor , mas se a sua visão for a de poupar uns patacos, serão os alunos a sofrer com o encerramento das escolas.

É dificil perceber que nas autarquias, onde apareceram empresas como cogumelos a fazerem o que as Câmaras sempre fizeram,com administrações de boys e girls a ganharem balúrdios, não possam manter as suas escolas e os seus mais jovens filhos junto de si. A seguir aos filhos irão os pais logo que puderem, e os primos e as tias e os vizinhos…

O mesmo partido que enche a boca com a regionalização ( mas devagarinho…) é o mesmo que mais contribui para a desertificação do interior do país, fechando Centros de Saúde e escolas !

A mosca


está a chegar o verão, e com ele as moscas. as moscas ainda são piores que as pombas, essas ratazanas voadoras a que um evangelista em hora pouco inspirada atribuiu a visualização do espírito santo.

as moscas varejam, repetem-se, são a proto versão biológica do loop, com a diferença que o seu voo é menos matemático.

a mosca sacudida  regressa sempre. prega que tudo se resolve na próxima geração, que o ódio é assim não se resolve já. basicamente a mosca suga, sobretudo o trabalho alheio. e os seus olhos multifacetados nem num espelho a reflectem. uma mosca analfabeta nunca entenderá que não sabe nem ler nem escrever. se a sacudirmos apanha uma aragem, vai dar uma volta, e regressa. regressa sempre para chatear o meu braço, que deve ter tocado acidentalmente num qualquer mel, ou pedaço de merda, a mosca adora o bolo e o excremento, é da sua natureza.

já quanto à mosca ciclista, a que faltam asas porque um jornal se meteu entre si e o negócio da sua vida, corre para lado nenhum mas para um sítio certo.

tenho uma mosca no meu copo de vinho, bêbada com estava não leu:

Há várias teorias para o explicar, e também tenho uma, que não se aplicando a todos funciona bem para alguns.

enfiou um chapéu que nem sequer era para moscas mas para mosquitos sugadores e transmissores de maleitas, e agora é assim, vai ali, volta, larga a caganita, faz as suas acrobacias, tenta aterrar-me num braço, sacudo, foge, regressa, detesto o verão, o calor não se pode despir, mas esse seu acessório garantido, a mosca, e sobretudo a que não se mede, mentirosa perante si própria sob risco de falhando entrar em depressão absoluta, vai mentindo ao mundo, como se o mundo, mesmo sem os multifacetados olhares da mosca, não a tivesse topado de gingeira.

detesto insecticidas, e não me apetece nada ir vasculhar estórias velhas, do tempo onde as moscas ainda falavam. agora só varejam. lá vou de ter de sacudir o braço mais vezes. paciência. volta outono, e leva-me as moscas daqui para o estado larvar. quando menos chateiam.