Adair Turner: uma lição de finanças e de regulação dos mercados

Hoje limito-me a uma sugestão de leitura. Remeto-vos para o artigo de Adair Turner no Jornal de Negócios. O conteúdo do citado artigo desmistifica as teses patológicas do ‘absolutismo do mercado’, mesmo em mentes empedernidas como aquelas que caracterizam dirigentes e técnicos superiores do próprio FMI – apenas 18 meses antes do despoletar da crise, a referida instituição publicava um designado ‘Relatório Global da Estabilidade Financeira’, onde se lia:

A confiança na história de um sistema que se auto-equilibra…

Com efeito, esta crença enviesada neoliberal, denunciada por Adair Turner, constituiu a principal causa ideológica e de comportamentos institucionalizados para a falta de regulação eficaz dos mercados financeiros; e consequentemente para a crise com que os EUA haveriam de contaminar o mundo.

A União Europeia, é sabido, não pôde eximir-se da crise; de resto, no seu espaço geográfico, os males são agravados devido à ausência de coesão das políticas económicas e financeiras dos Estados-Membros. As implicações de maior gravidade incidiram sobre os designados “PIIGS”, de que, infelizmente, Portugal faz parte.

Adair Turner exerce a presidência da Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido e é membro da House of Lords. Transmite, com conhecimento, qualidade e isenção, uma lição eloquente sobre a teoria do (falso) auto-equilíbrio dos mercados.

Recomendo a leitura do artigo, seguida de reflexão séria; dirijo a recomendação, em especial, a políticos, comentadores, articulistas de opinião, blogueres e outras personagens nacionais que, despudorada ou ignorantemente, escrevem metros e metros de blasfémias contra o papel do Estado na economia, o qual integra um sistema global de regulação consistente e eficaz. Leiam e reflictam!