Quantas pontes precisam de cair?

Entre-os-Rios foi há 10 anos. Mas à excepção dos mortos e das suas famílias, ninguém pagou.
O presidente da república de então, Jorge Sampaio, limitou-se a pedir um inquérito. A queda de uma ponte, com morte de 70 pessoas, não foi para ele motivo para demitir um Governo minoritário que, na prática, já tinha deixado de existir. Importava manter no Governo os amigos socialistas, os mesmos que, logo que pôde, voltou a conduzir ao poder.
O primeiro-ministro de então, António Guterres, tem hoje um salário principesco no ACNUR. Enriquece a cada dia à custa dos refugiados, da miséria alheia. Cada genocídio, cada fuga de milhares representa para ele um orgasmo milionário. Os milhões estão no papo. Há 10 anos atrás, a queda de uma ponte, com morte de 70 pessoas, não foi motivo suficiente para se demitir. Perder umas eleições foi motivo para se demitir. A morte de 70 pessoas não.
O ministro do ambiente de então, José Sócrates, é hoje primeiro-ministro. Um dos maiores criminosos do Portugal democrático deixou o país no estado que todos conhecemos. Há 10 anos atrás, a inacção do seu Ministério em relação à extracção ilegal de areias do rio (os Godinhos sempre existiram e Sócrates sempre gostou de ser besuntado) não lhe pareceu motivo suficiente para se demitir após a morte de 70 pessoas. Porque não há coincidências, um dos Secretários de Estado desse Governo, Ricardo Magalhães, é hoje em dia o Presidente da Estrutura de Missão do Douro e principal promotor da Agência Regional de Desenvolvimento do Tua – por outras palavras, um dos lacaios do poder incumbido de destruir definitivamente o Vale do Tua e a sua via férrea ÚNICA.
O ministro do Equipamento Social de então, Jorge Coelho, verteu lágrimas de crocodilo por 70 mortos. E fingiu que se responsabilizava pelos acontecimentos. 10 anos depois, a sua experiência de conservação das obras públicas é aproveitada em pleno pela Mota-Engil. A empresa que tem a seu cargo a destruição do Vale do Tua e da sua via férrea ÚNICA, a construção do Túnel do Marão, o prolongamento da A 4 e todas as obras públicas importantes. O velho Rei do Xadrez (nunca descoberto) é hoje o Rei dos Empreiteiros.
10 anos depois, nenhum destes crápulas foi responsabilizado. Nem irá ser. Para eles, todos muito humanos e muito sensíveis, uma morte individual é uma tragédia. 70 mortos, infelizmente, são apenas uma estatística.
Que ardam todos no inferno.

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