Foi bonita a festa, pá

Foto do Diários de Lisboa

diria Chico Buarque. E foi. Havia berimbaus e liras, touros e forcados, desfolhadas, megafones e homens da luta. O protesto era apartidário mas a propaganda estava por todo o lado. E o laico e pacífico eram expressões menores para um desfile encenado, numa espécie de palco pop-culture-retro, onde só faltaram as calças à boca de sino e a floral chita.

Estas manifestações ritualísticas de contra-poder, encenações de revolução, ainda que anacrónicas, são catárticas e, de certa forma, desinibem franjas da população para a intervenção. Eu sugiro que se aproveite a força anímica para começar a trabalhar, mas a sério. Para começar a revolução de dentro, aproveitando recursos, em vez de pedir mais; recusar superficialidades, em vez de exigir que um Estado impessoal e pesado as alimente. [Read more…]

O dia seguinte

“a mudança só vai acontecer se participarmos nas nossas comunidades locais”

O dia seguinte é sempre o mais dificil, porque é sempre mais fácil demonstrar descontentamento do que perceber qual o novo rumo a tomar, mas isso não invalida que a manifestação de ontem fosse importante e tenha sido um sucesso.

Importante porque faz sentido mostrar o desconforto e descontentamento com o mundo? o país? a cidade? as empresas? as pessoas?
Sucesso porque acho que ninguém esperaria 50.000 pessoas (numeros da PSP) numa manifestação no Porto sem ter que recorrer à angariação organizada de pessoas que normalmente os partidos e sindicatos fazem.

E agora o que fazer? Manter a ressaca? Vai continuar tudo na mesma?
Certamente que se continuarmos a fazer tudo igual, não podemos esperar resultados diferentes.
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Estação da Senhora da Hora

A locomotiva E141 reboca um pequeno comboio (120 toneladas) provavelmente oriundo da Póvoa de Varzim. Anos 40-50.

Vitor Ruas Quer Foder o Sistema

Como eu o compreendo.

O País à rasca saiu à rua em Lisboa

manif1.lisboa

Impressionante! Há anos, muitos anos, que não assistia a uma manifestação em Lisboa desta envergadura – pelo menos 150.000 pessoas compareceram, embora a PSP, dos “secos e molhados”, corrija em baixa (linguagem bolsista) o número de participantes. No Porto, a mesma PSP adianta a cifra de 50.000 participantes; as notícias e imagens, porém, evidenciam a comparência de mais umas dezenas de milhar. Coimbra, Faro e outras cidades, à sua escala, contribuíram também. De realçar que a imprensa internacional, de Espanha ao Brasil, destacam a maciça participação popular.

O País à rasca saiu à rua. Estiveram presentes várias gerações. Os jovens, natural e saudavelmente, em número superior. Mas, o perfil intergeracional do movimento ‘Geração à Rasca’,  de avós, pais, filhos e netos,  a clamar por justiça social, incluiu igualmente um grito de revolta e de inconformismo contra os políticos do poder.  Os actuais e os futuros, embora seja demasiado claro que, por perda de soberania, as medidas de política social, económica e financeira  sejam deliberadas por Berlim – Bruxelas é mera caixa de ressonância, ou nem tanto.

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