Prova blogocoisa dos 9 sobre o sucesso da manifestação de hoje

O blogue do governo, nem pia. A direita sonha com o voto dos que agora começaram a votar com os pés na rua. À esquerda nasce a aflição de para a semana não serem tantos na manife da CGTP.

 

Lindo.

Em Coimbra, a maior manifestação em décadas, agora, é deixá-los mesmo à rasca

P3120245 No início, na Pr. da República, contei umas 400 pessoas. Eu e alguns jornalistas. Não sei contar manifestantes numa praça, estando no meio deles. Mas como a manifestação, ao contrário do previsto, se meteu avenida abaixo, fazendo-me o favor de passar debaixo da minha varanda, onde conto manifestantes desde a década de 70, posso dizer que foi a maior manifestação generalista desde essa mesma década. Generalista, porque entretanto houve algumas de estudantes com mais gente, já para não falar de situações como Timor.

Pormenor: saíram autocarros para Lisboa, com 250 estudantes.

Número: digo 1000 manifestantes.

É a vez dos que mandam ficarem à rasca. Até porque hoje apenas se venceu a lei da inércia, agora é não deixar parar o movimento.

Abertura. Também achei que éramos poucos, mesmo que bons.

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fotos: Margarida Az e Tz

Manifestação da Geração à Rasca, à rasca com o dia seguinte

É uma das perguntas sacramentais deste tipo de eventos. A festa foi bonita, houve muito povo, enrrascados ou com eles solidários, se bem que enrrascados estamos todos, muitos protestos, afinal este foi o dia em que o povo saiu à rua para mostrar que tem poder.

Vai longa a frase mas não lhe percam o sentido. Não é da manifestação que quero falar. É do dia seguinte. É de amanhã, de depois de amanhã, na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano.

Hoje é a euforia. O nosso clube ganhou. A malta esteve em grande e foi para a rua, mobilizou-se, saiu de casa contra a resignação. Estiveram todos unidos pela mesma causa. Mas e amanhã, pá (este pá foi pedido emprestado aos Homens da Luta)? Como vai ser depois da resaca?

“Ah e tal que o manifesto é fraquinho…” ouvi dizer ao longo dos dias. “Pois, são mais uns que falam, falam, mas não fazem nada”, argumentaram outros.

É verdade que o manifesto era fraquinho. De tanto querer enfiar todos no mesmo saco, era um conjunto de banalidades em que todos, literalmente todos, nos poderiamos rever. Era uma espécie de Ruca misturado com Nody e umas pinceladas de Calvin, embora sem os meninos mal comportados de South Park e muito menos um American Dad.

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A Manifestação de todos

Eu fui à manifestação. Fui com a minha mulher e a minha filha. Fomos.

 

Os motivos que a ela nos levaram eram diferentes daqueles que motivaram os meus vizinhos a marcar, igualmente, presença. Nos Aliados encontrei muitas caras com quem me cruzo ao longo dos anos. Na rua, no futebol, na política, no jornalismo, nas lojas, na farmácia, no supermercado ou no restaurante.

 

Ao meu lado um grupo protestava contra os recibos verdes. Eu prefiro protestar conta o esbulho fiscal nos recibos verdes. Outros preferem protestar contra o facto de recibos, sejam eles verdes ou azuis, nem vê-los.

 

Junto ao antigo Império protestam contra toda a classe política. Eu prefiro protestar contra este Governo, o que não é bem a mesma coisa. Mas anda lá perto. Vi mães a protestar contra a falta de emprego para os filhos e netos. Eu protesto, sim, mas pela criação de trabalho, de mais investimento privado sem subsídios/dependências do Estado.

 

Muitos protestavam contra as políticas do governo e eu sigo-os aproveitando para protestar contra as políticas do facilitismo e do curto prazo. Outros, num canto mais distante, protestam contra tudo e todos.

 

Cada um dos manifestantes esteve nos Aliados e na Batalha por motivos bem diferentes e essa diversidade foi patente a quem perdeu algum tempo a observar a multidão. Na(s) praça(s) estiveram os saudosos de Lenine de braço dado com os desejosos de um novo Salazar assim como estiveram, em maioria, aqueles que querem algo tão simples: um Portugal bem diferente.

 

O espantoso deste movimento verdadeiramente espontâneo é essa diversidade que uniu, numa tarde mal disposta e ameaçadoramente chuvosa, gente da direita à esquerda passando por independentes e por aqueles que sabem lá o que é a Social-democracia, o Socialismo, o Comunismo, a Democracia Cristão, o Liberalismo ou o Conservadorismo.

 

Apenas uma coisa nos uniu a todos: um forte sentimento de BASTA deste governo. Foi esse o único cimento agregador de todos estes milhares de portugueses e portuguesas que se juntaram na Batalha e nos Aliados. Uma vontade avassaladora de ver Sócrates e os seus ministros pelas costas, rapidamente e em força.

 

Eu estive na manifestação. Mesmo concordando com boa parte do que Joel Neto escreveu hoje na Notícias Magazine assim como subscrevendo muito do que escreveu, na mesma revista, o Carlos Abreu Amorim. Independentemente daquilo que separava os milhares que marcaram presença, a ausência seria a demissão daqueles que afirmam desejar um Portugal diferente. Isso bastou para rumar ao centro da minha cidade.

 

É tempo de dizer BASTA.

O meu manifesto

Não fui até à Avenida da Liberdade. O texto do manifesto geração à rasca, é de uma pobreza confrangedora, para uma geração que se afirma a mais preparada de sempre, enfim, mas deixo essa parte para alguns autores deste blogue, mais habilitados que eu na matéria. No entanto concordo com parte do objectivo, substituir a descredibilizada classe política e também considero necessário repensar o país. Aos participantes era pedido que escrevessem numa folha A4, as razões do seu protesto. Se porventura tivesse ido à manifestação, teria escrito em breves linhas, diminuir a classe política, começando por extinguir governadores civis, reduzir número de deputados, por consequência também assessores, diminuir o número de autarquias, autarcas eleitos e assessores nomeados, extinguir boa parte das Direcções-gerais, Institutos e afins, reduzir subsídios do Estado a empresas públicas, iniciando um processo com vista à privatização das mesmas…

12 de março, a rua é nossa

Quando tinha 14 anos houve um golpe militar e depois uma revolução. Bem, uma pequena revolução. Mudou-me a vida.  Não mudou a nossa vida como gostaria que tivesse mudado; as mesmas 20 famílias voltaram para tomar conta do país que é sua propriedade desde o séc. XIX; a política que por uns tempos se alimentou de sonhos passou a ser a carreira com que alguns sonhavam, e não estando tudo agora como estava, tem estado cada vez pior.

Quando houve essa pequena revolução passei mais tempo nas ruas que em casa. A rua era nossa. Depois voltei para casa. Nestes 30 anos poucas vezes fui à rua. A rua agora às vezes tem manifes formatadas. Uns tipos de megafone na mão gritam palavras de ordem como se fossem ordens, o pessoal repete como se estivesse num filme militar americano. Não faz o meu género.

Hoje volto à rua. Porque não houve formatação nem nasceu de organizações formais, e gosto da informalidade. Porque se o tema é uma geração o problema é de todas as gerações. Porque já não via tanta força e espontaneidade desde os idos de setentas. Porque estarei a caminho da senilidade mas ainda sei distinguir uma revolta de um ritual. Porque estamos fartos.

Porque, 123, acredito que hoje a rua volta a ser nossa.

Podem dizer o que bem entenderem…


… mas o fulano vai acabar assim, ou ainda pior. Não perde pela demora.

Pedro Passos Coelho

 

When the going gets tough, the tough get going.


Requiem por um executivo

-Há uns tempos escrevi um post classificando como precipitada a moção de censura do B.E., mas deixei no ar a possibilidade de Sócrates ter ganho apenas algum tempo, tudo iria depender a meu ver do comportamento do PCP. Confesso que me enganei, não será necessário esperar por Abril, a não ser que dê o dito por não dito, algo que no PSD não seria inédito, o fim da era Sócrates foi decidido por Pedro Passos Coelho, ao rejeitar liminarmente qualquer possibilidade de viabilização às medidas anunciadas pelo Xerife de Nottingham que governa Portugal, apesar do apregoado sucesso do actual PEC em vigor, que reduziu salários e subiu impostos, a verdade é que José Sócrates e Teixeira dos Santos já preparavam novo assalto aos rendimentos dos portugueses. [Read more…]

Avenida da França – 2

Esta fotografia de um comboio oriundo da Póvoa ou Guimarães e com destino a Porto Trindade terá pouco mais de 60 anos; a locomotiva E86 com a caixa de ferramentas em cima do tanque esquerdo.