Festival da Canção.

Não vi o festival da canção e só hoje ouvi a canção vencedora. Anda por aí uma gente que acha que canções não são cantigas, sempre à espera de encontrar Mozart num disco da Ágata, Camões numa letra do José Cid, Pavarotti na voz do Zé Cabra.

Este ano, depois da vitória dos Homens da Luta, vai por aí um desassossego de virgindade ofendida, gentinha que diz não se sentir representada, pindéricos que acham pelintra a cantiguinha que vai à eurovisão envergonhar o país, críticos iluminados que falam em falta de qualidade “artística”. Devem estar a gozar (e eu pensava que os homens da Luta é que estão no gozo): um país que põe no topo das vendas de discos Tonys Carreiras, Quins Barreiros e afins ficar próximo da apoplexia com o resultado de um festival que ninguém segue e a que ninguém liga, exceptuando os envolvidos, é giro e dá prazer ver.

Vamos lá a ver a última dúzia de lálálás que ganhou o Festival:

Estas sim, eram canções a sério, com estas sentia-mo-nos representados, estas de pelintra não têm nada e estão cheias de qualidade artística, topa-se logo ao primeiro acorde.

Pró ano também concorro com uma composição séria, rica, artística e de elevada complexidade conceptual, dedicada ao mar e a quem labuta. Vou chamar-lhe Os Homens da Lota. Vai ser uma alegria.

Apeadeiro da Fonte do Prado

Apeadeiro de Fonte do Prado (Carviçais), meados dos anos 70, na mais inusitada Linha portuguesa.

Angola: tão poderosos e tão burrinhos

A poderosa cleptocracia angolana tremeu perante a possibilidade de uma manifestaçãozinha popular de cerca de vinte pessoas. Se não fosse triste era de rir, se não fossem tão parvos até podiam passar por inteligentes, se não fossem tão cobardolas até  passariam por pró-democratas. Mas são burros e sobranceiros e borram-se com a possibilidade de o povo acordar.

Esta gente que não respeita nada nem ninguém, quando não silencia, elimina. Mas investe nas democracias ocidentais e tem posições dominantes em empresas ditas estratégicas, com os governantes de cá sempre dispostos a beijar-lhes a mão. Fazem isso com mubaraks, com kadhaffis, com zedus, com o resto da ladroagem internacional.

Mas voltemos a Angola: ainda me lembro que, no pós 25 de Abril, um dos combates do MPLA era o obscurantismo. Não sei se me apetece rir, ou chorar.