Portugal é um grande caso BPN

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“Portugal é um grande caso BPN”, Medina Carreira no Negócios da Semana, da SIC Notícias, 13.08.2009. Um programa emitido antes das legislativas de 2009. A ouvir de novo, especialmente agora que se preparam os programas eleitorais. Apenas três destaques:

  1. Ao minuto 25:00 – Em 2007 endividamos-nos 22 mil milhões, mais do que em quaisquer dos anteriores 12 anos, milhões esses que  insuflaram a procura interna. Este brutal endividamento trouxe um crescimento de 1.9% mas não nos podemos endividar nesta ordem de grandeza todos os anos.
  2. Ao minuto 42:00 – Em 15 anos, a dívida de português ao exterior subiu 10 vezes, de mil e tal para quarenta e tal mil euros. Temos um português a trabalhar para outro português, que o Estado mantém.
  3. Ao minuto 46:15 – O keynesianismo não é possível em Portugal. O keynesianismo surgiu em economias fechadas e protegidas. Dantes, o dinheiro que o Estado gastava na economia servia para comprar um produto português. Agora, com o mercado aberto e como estamos a comprar sobretudo produtos estrangeiros, quando o Estado injecta dinheiro na economia, está a financiar a economia estrangeira.

Comments

  1. É a tragédia do nosso país.

    Cegos aos aspectos fundamentais da economia, tanto a esquerda como a direita passeiam-se repetindo chavões e banalidades, sem nunca fazerem as contas. Quando aparece um tipo como o Medina Carreira, chamam-lhe nomes.

    Já agora, excelente série de artigos!

  2. Medina Carreira (ao minuto 14:55):

    Eu disse-lhe aqui uma vez que pensava que Portugal ia empobrecer quietinho. Depois estive aqui um par de meses [depois], você perguntou-me [e eu respondi] “Portugal vai empobrecer com certeza mas com alguma agitação”. Depois a terceira vez lembro-me que lhe disse: “com muita agitação”. E agora tenho a certeza que Portugal vai empobrecer e que nós vamos ter dias completamente desastrosos nas nossas vidas.

  3. Tiago Santos says:

    Informem-se antes de virem aqui debitar barbaridades do Sr. Medina Carreira.

    É o típico caso do relógio parado que está certo 2 vezes ao dia.

    Por que raio, em vez de apresentarem aqui números muito grandes cheios de zeros mas que não nos dizem nada, não vão buscar dados em função do PIB e comparados com os outros países? Querem saber a nova? É que nem a nossa dívida pública, nem a nossa despesa pública nem os nossos impostos são superiores à média Europeia até rebentar esta crise.

    O problema do Estado muito gastador é uma enorme falácia e uma grande meia-verdade. Portugal gastou nos sítios errados, vendeu os serviços públicos errados, fez as PPP’s erradas, permitiu que o Estado fosse canibalizado pelos privados que conseguiram enormes fortunas com negócios ruinosos para esse mesmo Estado.

    Além disso, o nosso verdadeiro problema não é, nem de dívida pública nem de nada que tenha que ver com sector público em si. É de dívida externa que é na sua grande maioria, privada, e é de crescimento, que com uma tal dívida privada, nunca se pode esperar que possa vir por si só, do sector privado.

    • jorge fliscorno says:

      E exactamente, quando é que rebentou essa crise? Neste canto, ou muito me engano ou estamos na crises desde que o outro engenheiro abandonou o pântano.

      É que nem a nossa dívida pública, nem a nossa despesa pública nem os nossos impostos são superiores à média Europeia até rebentar esta crise.

      É um complô, então. Está tudo a correr tão bem mas esses malvados que nos emprestam dinheiro teimam em querer juros acima dos 8%. Como é que o PM disse em 2010? “Aumentámos o défice mas foi por opção”, não foi? As opções têm um preço e estamos a paga-lo.

      A dívida privada pode ser grande mas não é paga com impostos. O crescimento não pode vir só do privado? Mas isso é o que se tem feito neste país desde Cavaco como PM. Obras públicas após obras públicas para manter a economia animada. Mesmo quando não havia dinheiro, como bem se vê neste gráfico.

      Aliás este súbito disparar da despesa em 2005 explica muito da descoberta Constâncio sobre o défice. Dizem que ele encontrou muita despesa debaixo do tapete. Imagino… Deve ter sido como aquela que nas contas de 2010 se estava a procurar não incluir e que fez o défice subir 1.3 pontos percentuais.

      • “Obras públicas após obras públicas para manter a economia animada.”
        Eu faria um ligeira correcção:
        “”Obras públicas em parecerias público-privadas após obras públicas, para manter a economia animada, e aumentar os lucros dos mesmos privados de sempre”.

        • jorge fliscorno says:

          As PPP foram (e continuam a ser) ruinosas. Mas isso não significa que ter transformado Portugal no paraíso europeu do alcatrão, mesmo sem as PPP, não tenha sido uma forma de manter a economia a mexer sem outra base que não o construir para existir.

          • Claro, e não serei eu a defender o alcatrão, paralelo à destruição da CP. Mas foram as parcerias que engoliram o retorno económico que as infraestruturas podiam ter trazido.

          • jorge fliscorno says:

            Mas foram as parcerias que engoliram o retorno económico que as infraestruturas podiam ter trazido

            As infraestruturas não trazem retorno por si mesmas. Aliás, por precisarem de impostos para serem pagas, a partir de certo ponto até terão impacto negativo. Pagam-se quando evitam que uma perda de competitividade ou um custo acrescido tenham lugar.

    • Não creio que o Medina Carreira diga muitas barbaridades (ser bruto é diferente). Se quiser apontar barbaridades específicas será mais fácil de conversar.

      Para nos pudermos dar ao luxo de manter as despesas públicas que temos temos de produzir mais, acontece que desde à cinquenta anos temos vindo a crescer cada vez menos. Não há como voltarmos para trás e gastar o dinheiro de forma correcta. Já gastámos, já foi e não temos crédito para pedir mais emprestado. É este o problema.

      • Helder, porque será que a dívida pública do Japão é o dobro da nossa, isto ainda antes do terramoto, e pedem emprestado o dinheiro que querem, com juros baixíssimos?

        • A maior parte da dívida japonesa é detida por japoneses. Além disso o Japão tem aquela ideia ultrapassada sobre a economia que consiste em produzir bens para os vender a terceiros (manias de orientais). Ou seja o Japão não só pede muito pouco ao exterior (nós pedimos quase tudo) como tem capacidade de pagar o que deve.

  4. Medina Carreira fez uma boa carreira no negócios, depois de entrar na política. Metam-no a debater com um economista, coisa que o homem nem sequer é.
    Não passa de um demagogo, mentindo sistematicamente sobre a dívida pública, que é bem inferior à privada.
    Alguma vez lhe escutaram uma crítica aos donos da crise? escutam-lhe um criticazinha que seja aos bancos portugueses e não só? Explica ele quem está a ganhar milhões com a crise?
    O Medina não passa de uma voz dos donos, precisamente os que lhe alimentaram a carreira.

    • Não estás a argumentar, estás a atacar o homem.

      A pergunta é: temos ou não capacidade para nos endividarmos mais?

      • Sim, estou, porque ele mente, seja por omissão, seja por ignorância (essa do Keines é uma afirmação ideológica de analfabeto, como qualquer caloiro de História lhe poderia explicar). E tem a baixeza de atacar os políticos, quando foi a política que lhe abriu as portas do grupo Champalimaud e da Fundação Oriente.
        Não temos mais capacidade de endividamento privado, é óbvio que a bolha estoirou, mas temos de dívida pública, pelo simples facto de em termos europeus ela nem ser elevada. Basta que os países periféricos digam Não Pagamos, e vamos ver se os juros não baixam…

  5. E quanto às atordas anti-keynes, vejam como se omitem e aldrabam os factos:
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/04/keynes-tem-as-costas-largas.html

    • jorge fliscorno says:

      Não devemos estar certamente a falar do mesmo país. Dessas famosas medidas anti-crise de 2009 vi duas linhas de acção:
      1. abrir linhas de crédito
      2. lançar o programa de obras nas escolas

      A primeira opção está provado que foi insensata, dado o elevado custo do dinheiro actualmente. E a segunda não é mais do que a continuidade de insuflar a economia pelas obras públicas. Estava escrito nas estrelas que a campanha de 2009 havia de ter obra e em 2005 julgava-se que esta viria do TGV e da Ota. Como tal não aconteceu, veio das escolas. Haver uma crise pelo caminho até ajudou a justificar a opção.

      Querem melhorar a nossa economia? Ouçam o que dizem os que estão no terreno.

      • Estamos a falar do país onde quando baixa a receita, por exemplo porque aumenta a fraude fiscal, só se fala em despesa. Quando se investe em obras públicas, num mau programa, mas investe, não se lembra que isso impediu ainda mais desemprego, diz-se que não tem retorno.
        Porque não pensamos no facto de em Portugal as empresas não pagarem IRC, porque declaram prejuízos? Ou no IRC da banca, que é ridículo? ou dos capitais que todos os dias fogem para as offshores sem serem tributados?

        • jorge fliscorno says:

          Concordo com tudo que dizes. E mesmo assim continuo a achar que obras públicas apenas mantêm a máquina do doente ligada mais uns tempos.

          • Tiago Santos says:

            Sim, são uma máquina para um doente. Mas acho que isso depende do tipo de obras…

          • jorge fliscorno says:

            Sim, são uma máquina para um doente. Mas acho que isso depende do tipo de obras…

            De acordo.

        • Estás a misturar as coisas.

          É claro que tudo o que dizes são problemas meritórios e que, se queremos que o país fique melhor, têm de ser tratados.

          Porém, o facto permanece. Estamos sem dinheiro.

          • Estamos? Mas os bancos aumentaram os lucros, as grandes empresas de distribuição idem, etc. etc.
            Estamos sem dinheiro, então pergunto: para onde foi ele?

          • Lucros da banca – nem vou bater na tecla de sempre, estes lucros são criações contabilísticas. Mas enfim, vamos assumir que são reais, vamos-lhe aplicar um imposto de 100%. Parabéns, só nos faltam uns 20 mil milhões até ao fim do ano.

            Se juntares o retalho ficas com mais uns 500 milhões…

            Se pegarmos na meia dúzia de “ricos” que temos, e se acabarmos com eles continuamos sem dinheiro.

            No processo destruímos o simulacro de economia que ainda temos.

            Respondendo à tua pergunta, o dinheiro foi para fora de Portugal, olha à tua volta e diz-me o que não foi importado…

  6. Xokapic says:

    Caro João José.

    Quando um trabalhador cujo rendimento provêm da produção (sector primário) ou do valor acrescentado (transformação e serviços exportadores) paga (com os seus impostos)
    para que outros (funcionários públicos – e que são muitos) e reformados (com todo o direito) não produzam riqueza, mas sim apenas despesa, as contas são de merceeiro: mais
    vale fechar o tasco!

    • Ora aqui temos mais dois mitos. As reformas não são pagas com os impostos: são o retorno dos descontos para a segurança social que o trabalhador fez ao longo da vida. Se houve governos que mexeram nos dinheiros da segurança social, e têm agora de ir ao pote dos impostos, é outra conversa.
      Quanto ao funcionário público como “não produtor de riqueza”, diga-me em que país se produz riqueza sem que haja serviços públicos. Sem estradas e outras infraestruturas, sem educação e serviços de saúde, quem é que produz riqueza, seja no primário, no secundário ou no terciário?

  7. Xokapic says:

    Coloque-se numa grande quinta murada (lá para os Alentejos…) onde cultiva as suas couves (que não lhe chegam para alimentar toda a sua família) e onde não vende nada a nenhum vizinho (e também não compra nada a ninguém, pois não tem dinheiro para tal).
    Pode ter boas casas, enxadas, biblioteca, que… se nada for feito: todo o mundo morre.

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