O Regresso à Democracia

Domingo é um dia há muito aguardado. E não é, apenas, porque vamos assistir ao fim do governo que mais mal fez ao nosso País, mas, acima de tudo, porque a Democracia volta a ser mais translúcida.

Nos últimos anos os valores da comunicação política desceram para níveis inenarráveis. À pergunta “vale a pena mentir”, a resposta tem sido, invariavelmente, “sempre”. E na base deste paradigma está a assumpção quase pública de uma tese petulante que, pessoalmente, me repugna: o eleitorado é burro e come tudo.

Até domingo valia o engano, a dissimulação e o estratégico silêncio. Até domingo valia acusar os outros por aquilo que era nossa responsabilidade. Até domingo valiam as promessas vagas e fraudulentas. Até domingo valia transformar os insucessos em solicitações de aplausos e elogios. A partir de domingo, nada disto será permitido. As pessoas passarão a exigir (e espero eu, a ter) a verdade e a transparência.

No domingo a escolha nunca foi tão fácil e óbvia. De um lado temos aqueles que insistem em nada dizer acerca daquilo que pretendem fazer. Aqueles que se apresentaram a eleições, não com um programa verdadeiro, efectivo e exequível, mas, apenas, com uma mera declaração de intenções que pode ser, posteriormente, metamorfoseada e pela qual se não sentem, minimamente, comprometidos. Aqueles que apostaram num pântano ideológico que lhes permite agradarem a “gregos e troianos”, ainda e sempre, sob a premissa que o eleitorado “come tudo”.

Do outro, temos alguém que prescindiu de uma máquina de comunicação castradora e preferiu a sinceridade e a transparência. Alguém que arriscou tudo e disse sem rodeios e sem evasivas, exactamente o que iria fazer. Alguém que, aos olhos de muita gente, deu “tiros no pé” que mais não foram que as consequências da absoluta honestidade intelectual. Alguém que falou de esperança, não como uma “bacoca” forma de animação eleitoral, mas como manifestação de uma sentida fé na capacidade dos Portugueses e de Portugal.

Por isso eu e uma mole de Portugueses, no domingo, vamos votar Pedro Passos Coelho. E com isso, vamos fazer regressar a Democracia à sua forma mais pura. Sem rodeios, sem “spins” e sem perversões. Porque assim vale e valerá a pena.

 

Comments

  1. SERÁ OU VÂO COMER TUDO?

  2. joaquim santos silva says:

    vivemos num estado geral de alienação tal que nos impede de racionalizar. o ambiente é fértil para determinados agentes mobilizadores de massas, que fervilham, que massificam e que deturpam a realidade.

    agora mais argutos e tb com a ajuda da ferramenta da sondagem diária em que uma amostra de 1000 e tal portugueses condiciona os restantes não sei quantos milhões.

    deixem-nos ir…depois vamos ver!!!

  3. a.marques says:

    SENTENÇA FINAL
    O Snr . Sócrates é um alarmante pirómano ainda á solta. Sabendo que vai ser rotundamente rejeitado, tudo tem feito para armadilhar todo o País e prejudicar o desempenho de quem vier a seguir e que terá que arcar com tão visível e descarada sabotagem. A cena da ocultação das fulminantes medidas introduzidas no acordo 2, são reveladoras da mais infame, inaceitável e asquerosa má fé. Sabe-se agora de um acordo 3 que põe totalmente a nu a verdadeira dimensão de uma fraude de contornos mafiosos . Depois da pouca vergonha dos pec´s 1, 2, 3 e 4, temos agora os limites da vigarice intolerável com as troikas 1, 2 e 3 no esconderijo da sabujice. Isto obriga a constituir um caso de polícia que deve ser também exemplarmente responsabilizado criminalmente por abuso de confiança grave intensificado com reincidências premeditadas. Se esta corja se safar fica caminho aberto para qualquer vulgar cidadão se dedicar ao gamanço sem temer quaisquer tipo de consequências.

  4. Jaime Marques says:

    “alguém que prescindiu de uma máquina de comunicação castradora e preferiu a sinceridade e a transparência”

    Cruzes canhoto, por um momento pensei que estava a falar dos outros partidos (assim tipo CDU, BE, etc.).

    Por muitas voltas que possa dar vai votar no programa da troika. Esse sim será o grande vencedor de Domingo. Esse sim irá vergar os portugueses nos próximos anos. A saída de Sócrates, que tanto o anima, é apenas um pequeno paliativo acessório.

  5. Luís Ferreira says:

    Jaime Marques, acredita de facto que sem o empréstimo do FMI o país se levantava alguma vez?

    José Sócrates disse há uns tempos numa reunião qualquer com a carneirada toda que o défice não aumentou por descontrolo, aumentou porque o Governo o quis aumentar.
    Com isto, fez com que o dinheiro do país chegasse ao fim e mais ninguém nos quisesse emprestar nada, nem mesmo com juros loucos.

    Resumindo. Gosto/gostamos da ideia de ter que baixar as calças ao FMI? Não. Tínhamos outra solução depois do governo de J. Sócrates ter levado isto onde levou? Não!

    O país não tinha dinheiro absolutamente nenhum a esta hora se não tivesse vindo o empréstimo. E isto não é uma metáfora, é a realidade pura e dura!!! Sem este empréstimo teríamos já muita gente na rua por não ter recebido salários/IRS/pensões/subsídios, etc…

    Não assinar este acordo tornou-se uma estratégia política e um acto de teimosia infantil.
    Francisco Louçã é sem dúvida o político nacional com maiores capacidades e melhor currículo para saber que aquilo que propõe é impossível… Da CDU já nem digo nada… Podem falar à vontade e dizer o que lhes apetece. Nunca vão ter que cumprir promessas que sabem que são completamente utópicas… E lá vão, com isso, ganhando alguns votos…

    • Jaime Marques says:

      Em consciência o Luís Ferreira, como todos nós, não consegue garantir que o recurso ao FMI teria sido necessário sem o chumbo do PEC IV, a demissão do governo e a consequente convocação de eleições. O que é verdade, por muito que não se goste de Sócrates (e sendo seu crítico relativamente à sua personalidade, gostava de ser capaz de ter tanto discernimento para personalizar a sua responsabilidade), é que não se consegue perceber, de facto, se a responsabilidade do bailout é do governo se do chumbo do PEC IV. Dizem-me que a coisa estava negra e que íamos para o abismo. Mas, desculpem-me, não é onde estamos agora? Mas ainda não estávamos lá, pois não?

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