Troika flexível, mas só para os bancos

(Imagem roubada daqui)

O Económico notícia que a “Troika flexibiliza plano para recapitalizar banca nacional“. Trocando por miúdos, isto quer dizer que os bancos terão um prazo alargado para cumprirem com as metas em termos de capital impostas pela Troika.

É necessário alargar o prazo porque, aquilo que os banqueiros mais temem é terem pessoal de fora do seu circulo a meter o nariz nos seus negócios. Se o prazo não fosse alargado os bancos teriam de recorrer aos fundos disponibilizados no memorando da Troika (12000M€). Os bancos têm tentado por todos os meios alterar os termos em que podem utilizar esse dinheiro, mas até agora a Troika tem sido irredutível, assim se o dinheiro for utilizado, o estado vai entrar no capital dos bancos e isso, está visto, não pode acontecer de maneira nenhuma.

Não deixa de ter a sua piada. Estamos a viver uma crise como as que acontecem de 100 em 100 anos. Todas as acções dos governos e instituições são urgentes e apresentadas de modo imperativo, de forma a não deixar dúvidas quanto à sua necessidade. Os governos da Grécia e Itália foram mudados praticamente por ditame de Bruxelas, a democracia que se lixe! No entanto, a recapitalização de instituições bancárias que estão falidas parece ser uma coisa que pode esperar mais 6 meses sem qualquer problema.

Há outro aspecto importante a ter em conta. A decisão de adiar o cumprimento destas regras, é uma decisão política. Apesar de eu não ser defensor do salvamento dos bancos, entendo que se os querem salvar, o tempo é a essência do problema. Assim, a boa capitalização dos bancos é qualquer coisa de urgente, até porque, bancos descapitalizados não conseguem obter empréstimos com boas condições, logo estamos a prolongar a seca de crédito à economia real. Economia essa que já está em agonia profunda, muito devido às espectaculares medidas tomadas pelo governo. Ou seja, esta decisão não faz sentido mesmo do ponto de vista da estratégia adoptada pelo governo/troika para resolução da crise.

Tudo isto só nos permite concluir que os bancos são de facto quem manda neste país e no mundo. O nosso azar é estes, além de imoralmente gananciosos (quando não criminalmente), serem incompetentes.

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