A afronta da OCDE ao orçamento do Gaspar e à 1/2 hora do Álvaro

Vítor Gaspar foi vítima de um ataque externo. A OCDE contraria – e de que maneira! – os pressupostos do OGE 2012 apresentado ao país, pelo Ministro das Finanças.

Ignoro se, com recurso ao estilo estereotipado e sonolento, Gaspar reagiu dentro da bitola habitual. Nem sei também se, para além de eventuais telefonemas a Juncker e a alguém do BCE, assim como da tranquilização do inquieto Coelho, fez grande coisa para além de olhar de viés para os números com que, hoje, a OCDE presentou Portugal; números esses, diga-se, que se enquadram no cenário descrito no vídeo acima publicado.

Segundo notícia difundida em vários órgãos de informação, aqui e aqui por exemplo, a OCDE prevê para a ‘Economia Portuguesa’, em 2012, os seguintes valores macroeconómicos:

OCDE

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Passos dados

O Fado bom e o fado mal fadado

O fado foi reconhecido património imaterial da humanidade pela UNESCO. É bom mas, se fizerem o mesmo em todos os países como por cá fazem os tugas, não adianta grande coisa.

O pessoal embandeira em arco, impa-se, acha-se o centro do universo, orgulha-se de ser um povo admirado pela restante humanidade e ignora que o mundo está cheínho de património imaterial igualmente respeitável (ver lista incompleta e não actualizada), para não referir que a candidatura mais enaltecida pelo comité foi o saber tradicional dos xamãs jaguares do Yuruparí, na Amazónia colombiana (claro que todos sabem isso, está bem de ver, e vão começar a falar respeitosa e elogiosamente, dia sim, dia não, do Yuruparí), que a música mariachi mexicana, a peregrinação ao santuário inca Qoyllurit’i, no Peru, um ritual agrícola de replantio de arroz realizado em Hiroshima, no Japão, uma procissão de cavaleiros realizada na República Checa e um teatro de sombras tradicional chinês entraram na mesma lista de que o fado agora faz parte.

Mas estamos fadados para isto: nos dias de festa ignoramos os outros e achamos que somos os maiores, nos outros dias maldizemos a vidinha, o paísinho que temos e o nosso triste fado.

PS: Outra boa notícia é a reabertura do Hot Club a 21 de Dezembro, com três dias de espectáculos grátis. É aproveitar agora e dar lá um saltinho, que ainda não pagam o novo IVA (aumentado) para a cultura.

Os melhores professores e as melhores escolas estão no Norte e no Centro

Antes que algum leitor mais empernido de entendimento apareça por aí, quero deixar claro que o título deste texto não corresponde à minha opinião, por muito lisonjeiro que fosse para mim, profissionalmente nortenho há quase vinte anos.

Com base nesta notícia, será possível ler e ouvir comentários simplistas semelhantes ao título deste texto. As causas do insucesso escolar são conhecidas, sobretudo quando se está, efectivamente, interessado em conhecê-las e dependem muito das condições socioeconómicas dos alunos ou da importância dada à escola, entre outros factores menos decisivos (embora não menos importantes).

Que simplismos desses nos cheguem do exterior do sistema não admira. Já é mais grave quando são proferidos por quem está nas escolas, o que acontece, todos os anos, quando são publicados os rankings das classificações dos exames e os estabelecimentos mais bem cotados se apressam a publicitar o que fazem para que esses resultados aconteçam, como se o mesmo não fosse feito em escolas com piores resultados.

Aguardemos, então, pelas reacções, como costumam dizer os jornalistas desportivos, no fim do jogo. Entretanto, a Educação continua a ser um Património Imaterial ao abandono.

 

Para acabar de vez com os impostos, imposto zero

Dedicado a todos os liberais, em particular ao educólogo Ramiro Marques, vendedor de publicidade nas horas vagas.

O que vai à horta e o que fica à porta

Depois de coreografias baseadas na valsa e no tango, o PS, sempre pouco seguro, prossegue o caminho da abstenção, tal como fez ao longo dos últimos seis anos, quando se asbteve de escolher políticas a favor da Educação, da Saúde ou do Estado Social, preferindo ajudar bancos e garantir favores a construtores civis, a concessionários de auto-estradas ou a vendedores de equipamentos informáticos.

Diante de um assalto disfarçado de Orçamento de Estado, António José Seguro aceitou ficar à porta, mesmo fazendo de conta que não tem nada a ver com aquilo que Passos Coelho e Vítor Gaspar andam a fazer no interior da horta. Se lhe perguntarem alguma coisa, o pobre dirigente socialista deverá dizer qualquer coisa como “Eu não tenho culpa! Até lhes disse para deixarem lá algumas couves!”

7 de Dezembro, na Biblioteca Nacional

Por intermédio do Combustões, recebemos o convite para a inauguração da grandiosa exposição que comemora os 500 anos de relações entre Portugal e a Tailândia (Sião). A preciosa documentação exposta, entre cartas, Tratados e Convenções, literatura e fotografia, atesta a forte presença cultural – que também já foi política, religiosa e militar – portuguesa naquele reino asiático. Um catálogo ilustrado, marca o início das comemorações que decorrerão durante os próximos meses.

Uma boa notícia: aquela gente afim de BPN, BPP, Freeport, Covas daqui e dali, Liscont, aeroportos “já-mé”, auto-estradas de e para nenhures, acções fora da Bolsa, sucatas e pescarias de robalos, etc, etc, estará na Biblioteca Nacional noutro horário. Isto evitará encontros desagradáveis aos leitores do Aventar.

Diário de campo I.

O imaginário europeu no que diz respeito ao continente Africano ainda se encontra totalmente turvado pelo que podemos denominar um excesso de exotismo. Aparentemente, por mais que se leia e se discuta sobre África e sobre os seus problemas de cariz estrutural, nunca se está preparado para o choque ‘cultural’ que acarreta o mergulho no seio das suas dinâmicas sociais. Pelo menos para mim foi assim. Caindo no risco do exotismo bacoco, atrevo-me a dizer que há qualquer coisa de indizível sobre África que tem de ser experimentada no corpo.

A minha primeira viagem para África aconteceu recentemente. O local escolhido, por motivos que agora não interessam, recaiu sobre Niamey. E agora a pergunta: que raio de sítio é esse? Onde é que isso fica? Niamey é a capital de um dos países da África Ocidental, mais precisamente do Níger, e não uma cidade da Nigéria como muita gente pensa, inter alia, por esta cidade no site da Air France Portugal aparecer como uma cidade Nigeriana [?]. Além do mais, o facto das notícias sobre este país rarearem na imprensa portuguesa também não é alheia à confusão que geralmente se gera em torno do Níger [e consequentemente da Nigéria]. [Read more…]

Hoje dá na net: D.O.A.

D.O.A. mais um clássico do film-noir. Frank Bigelow foi envenenado e sabe que tem poucos dias para viver. Tenta descobrir quem o matou e porquê. Página no IMDB. Em inglês, sem legendas.

Destino

Fado é Destino. Está tudo dito.