O facebook e as teorias da conspiração.
Eu gosto de teorias de conspiração. Sempre fui um fã incondicional dos Ficheiros Secretos e considero que não há nada mais fantástico do que imaginar urdiduras entre extraterrestres e humanos, como naquela série V – Vitória final de que sou acérrimo espectador. Mas, convenhamos, na vida real, as coisas não são assim. Se existem extraterrestres com uma tecnologia tão avançada, porque raio haveriam eles se de dar ao trabalho de raptar gente de quintas isoladas no meio do Alabama, ou aparecer a casais de namorados na praia de Francelos? Admito que certos grupos exerçam pressão, mexam cordelinhos e ajam na sombra. Admito que a maçonaria, a Opus Dei e esses grupelhos a que pertencem certos indivíduos mais por vaidade do que por consciência façam transmitir a sua mensagem em cadeia. Mas fico sempre com um pé atrás quando me tentam impingir complexas teorias em que meia dúzia de pessoas tentam tomar o poder e inaugurar uma nova ordem mundial.
No entanto, estas coisas agradam a um vasto público. Quando mais dispomos de informação, mais estúpidas são as justificações sobre movimentações, pessoas, projectos. A crise permitiu, aliás, que certos aspectos do social e do económico se convertessem em pretensos sinais de uma vasta conspiração, que vai da empregada de limpeza que terá foi abusada pelo Strauss-Kahn até à rainha de Inglaterra, por alguns considerada um reptilídeo descendente de uma linhagem de extraterrestres que há milhares de anos habita confortavalmente o planeta terra.
Atlântida, mortos que não morreram, Templários, seitas, estranhos desaparecimentos, etc. Há uma curiosa relação entre imbecis e teorias da conspiração, de tal forma, que quanto mais idiota é o seu seguidor, mais elaborada é trama. De resto, desde que a religião deixou de ser um caminho para muitos, que estas requintadas parvoíces passaram a ser objecto de veneração. E já nem me refiro ao neopaganismo e à wicca, que juntos conseguem sublimar largamente o que de estupidamente bestial poderá existir noutros ritos, seitas ou religiões. [Read more…]
As menstruações de Américo Amorim e o problema estrutural da economia portuguesa
Crise internacional à parte, é sabido que a economia portuguesa tem um problema estrutural: a fuga aos impostos e os benefícios fiscais às empresas, permitindo falcatruas que se transformam em prejuízo para o estado. Depois dizem que este gasta mais do que tem, pudera.
O regabofe é de tal ordem que a impunidade é assumida como regra, levando agora, gloriosa excepção, Américo Amorim a ter de descalçar 3,1 milhões de despesas bizarras para a sua principal holding: viagens dos netos, despesas com pensos higiénicos, cintos de crocodilo ou massagens. Prejuízo: 750 000 euros.
Que injustiça: o homem nem sequer é rico mas apenas um trabalhador sujeito a menstruações no local de trabalho. Fazer isto a um grande accionista do sacrificado BIC que dentro de dias receberá o BPN a quem deverá 1600 milhões (quando é que esta golpada será esclarecida?), está mal, muito mal, assim o país não anda para a frente e nunca mais saímos desta crise.
Fonte do gráfico e leitura proveitosa: resistir.info
Cromo do Dia: Governo
Ainda não estão contabilizadas as consequências do aumento do IVA para a restauração, do aumento para o dobro das taxas moderadoras, da redução de horários e supressão de transportes públicos, etc., mas os níveis de confiança das famílias e empresas nunca andaram tão por baixo. Não sei se é a isto que chamam “união para vencer os desafios”, “motivação para cumprir os grandes desígnios nacionais” ou “comunicação eficaz”, mas com uma população depauperada e descrente não há milagres económicos que aconteçam.
Sobre a Greve Geral de 24 de Novembro
Os números da adesão à greve, para mim, actuam como um bálsamo no espírito, ainda se pode ter esperança neste povo: parece que finalmente se começa a entender que este caminho só conduz a mais miséria
Ouvi há pouco um responsável da UE a dizer isto: os portugueses têm que sofrer, e vão ter de sofrer ainda mais, mas esse sofrimento é para terem um futuro melhor…
Isso traduzido é mais ou menos isto: hoje levas porrada mas amanhã o teu corpo todo negro irá certamente trabalhar mais e melhor..; hoje passas fome mas amanhã terás uma saúde de ferro… hoje és roubado mas amanhã terás mais dinheiro…
Mas alguém ainda consegue levar a sério o discurso político desta canalha politica que nos tem governado?
Das duas, uma: ou o discurso político dá uma reviravolta a bem ou terá que dar a mal.
De Moçambique
Aqui apresentamos um novo blog que decerto nos contará “estórias” ainda desconhecidas de um Moçambique que para sempre desapareceu. Para que a memória não se perca.
“É que Lourenço Marques mais não era do que uma vilória com pretensões e algumas benesses de que a menor era uma praia enorme que se estendia aos seus pés e se prolongava por quilómetros até à Costa do Sol onde existia um restaurante cervejaria, famoso pelos camarões e a cerveja geladinha, a “Laurentina”. Ora está bem de ver que nesses anos 40 e 50 do séc. XX, laurentinos e laurentinas eram os naturais da cidade que só depois passaram a ser chamados de “coca colas” em consequência da introdução desse refrigerante no consumo citadino. É que Moçambique usufruía da regalia de poder beber o refrigerante, aliás, muito menos açucarado do que o mesmo produto que se vende no cantinho português da Europa. Dizia-se, à boca pequena, que Salazar não deixava produzir a bebida em Portugal Continental só para fazer ferro aos americanos que não o apoiavam como ele desejava!”
A impotência é total
Liguei a rádio a caminho para o trabalho. As notícias das oito da manhã despertaram-me para a dureza dos dias e da realidade europeia. Freitas do Amaral, num tom preocupado, indignado, escolhia a palavra que ninguém gosta, a palavra que pensávamos ter saído do nosso vocabulário moderno, do do séc. XXI: «ditadura». A princípio pensei nos nossos ministros, mas depressa percebi que se referia a Merkel e a Sarkozy. Trata-se de dois «ditadores», duma ditadora franco-alemã que atua numa «pura ilegalidade». Será imperialismo, protetorado, hegemonia, colonialismo? – pergunta o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros. Repetiu: uma ditadura de dois chefes de estado /governo que mandam descaradamente sobre dezenas de países que permanecem pávidos e serenos, «cabeças ocas», passivos às deliberações dos primeiros, que há dias fizeram uma mini-cimeira a dois…
Que Europa é esta? A da democracia? A Europa à procura de um sonho comum?
De sonho é que não é.
A impotência é total.
Céu Mota
Aumento do IVA na restauração para 23%
O IVA na restauração aumenta só 77%, de 13 para 23%. Uma sopa paga 23% de valor acrescentado ao estado. Um galão também. O mesmo para uma refeição rápida, tomada de pé e à pressa, no intervalo do trabalho para dar energia para um resto de dia produtivo.
Nas cidades portuguesas são cada vez mais raras as pessoas que vivem suficientemente perto das suas casas para aí fazerem as suas refeições. Restaurantes vão perder clientela, muitos vão fechar. Trabalhadores serão despedidos. O turismo será menos competitivo e o turismo cá dentro corre o risco de se transformar em pequenas saídas de curtíssima duração. Agricultores portugueses que hoje cultivam produtos de elevada qualidade para restaurantes terão maiores dificuldades de escoamento.
Espanha e França – concorrentes de Portugal na captação de turistas – têm IVA a sete e a oito neste sector. A Irlanda, com o FMI tão dentro de casa como cá, baixou esta taxa do IVA para 9%. Um colar de pérolas paga o mesmo IVA que uma bifana, um iate que uma sopa, comer um caldo verde equivale a um luxo. A segurança social terá mais subsídios de desemprego a pagar. Pessoas que não têm qualificações noutras áreas delapidarão os seus saberes. Locais actualmente arrendados serão devolvidos aos proprietários e permanecerão encerrados. As receitas diminuirão, a fuga ao fisco aumentará.
Deve ser burrice minha, mas não vejo o que vai o país ganhar com isto, nem em números. Alguém me faz um desenho?
Ainda o leak do Lulzsec Portugal à PSP
Afinal tudo se passou no sábado, a notícia é que só saiu hoje. Hilariante é isto:
A PSP garantiu esta terça-feira que “não tem registo de qualquer intrusão no seu site externo ou na rede de informações/procedimentos policiais”, numa nota publicada no Facebook, reagindo à divulgação de uma lista contactos de 107 polícias de Chelas.
Na mesma nota, a Polícia de Segurança Pública reconhece que “existem tentativas externas de intromissão no site institucional” da força policial, “que não surtiram efeito até ao momento”.
É que basta seguir o tuíte, a menos que o documento tenha sido uma prenda de natal.
Com a boca na sucata
O jornal de Notícias traz hoje, bem escarrapachadas, as fotografias de mais dois figurões apanhados com a boca na sucata. Um deles constou durante dois anos na lista de prendas do sucateiro. O outro figura como destinatário de três cheques passados pelo sucateiro, no valor de 62.348 euros. [Read more…]
O comunicado de LulzSecPortugal
Segundo o Público o grupo “Lulzsec Portugal terá acedido ilegalmente aos computadores do Ministério da Administração Interna (MAI), copiado e divulgado os dados pessoais de mais de uma centena de efectivos da PSP a trabalharem em três esquadras de Lisboa.”
Estranho, porque no twitter de Lulzsec Portugal nada disto é referido e no respectivo canal do youtube apenas se encontra este vídeo, que não refere nada disso. Alguém anda baralhado, ou baralhou para voltar a dar. Já no LulzSecPortuga aparecem ligações para esses dados entretanto desactivadas.
Candidatura do Euro a Património Imaterial da Humanidade
O teu apoio é fundamental para o sucesso desta iniciativa até porque parte substancial do trabalho já está feito. Partilha, participa, comenta e se puderes mantém debaixo de olho a taxa cambial do Franco suíço.
No facebook
Hoje dá na net: O Fantasma da Liberdade
Le Fantôme de la liberté é um dos meus filmes favoritos do mestre Luis Buñuel e está disponível em grande parte no youtube com legendas em português. Sobretudo aquele que é aqui o primeiro capitulo e demonstra o que aconteceria se invertêssemos os valores, mais precisamente se trocássemos o papel social da comida e da merda, é a coisinha mais hilariante da História do Cinema e uma aula sobre relativismo e absolutismo dogmático pela mão do mais ateu dos cineastas. Leia a sinopse na wikipédia e não perca, clicando aqui.
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