O medo entranhado na cabeça

Herta Müller (1953), Nobel da Literatura há 3 anos, passou por Lisboa para o lançamento do seu romance Já Então a Raposa Era o Caçador. A escritora romena que foi interrogada pela polícia secreta de Ceausescu, que foi ameaçada, que não gosta de fotografias porque estas a transportam para esse tempo terrível dos interrogatórios de muitas horas e com uma luz apontada à cara…

No romance referido, Herta tece “uma alegoria trágica de uma sociedade insana, manobrada e controlada pelos sábios mecanismos do medo por parte de um regime totalitário”.

Herta coloca bem algumas das nossas questões, como “O que vale a minha vida?”

Sobre o medo que a maioria de nós sente – nesta época, ainda mais e, neste país, sem dúvida – Herta testemunha:

Temos que conseguir lidar com o medo e cada um fá-lo à sua maneira, não conseguimos abandoná-lo (…) esse medo está em tudo o que faz parte da vida, tornou-se omnipresente e não se pode fugir dele.

Comments

  1. Ainda bem que o mêdo é uma característica do genoma do reino animal incluindo do homem – a criança tem mêdo de cair ou de algo que a imede se se atirar pelo abismo para aprender o que o põe em perigo nem que seja tocar no lume ou meter os dedinhos numa tomada electrica
    E vai-se aprendendo a “não me ver ali”
    Ao crecer os medos são outros como na adolescência de não agradar a alguém ou o mêdo que se instala devido a ambiente, familirar ou escolar, ou do colectivo em geral e é nesta idade que õs mêdos se começam a trabalhar psicologicamnte para que a vida flua e a alegria de viver não conheças estas barreiras – vida fora outros mêdos vêm seja de morrer ou de ser rejeitado ou espancado e mesmo de ser despedido do emprego ou como no actual caso dos professores que não sabem mais se a sua vida profissional pode contunuar como anteriormente (mesmo com a eterna vida de cigano de ter de mudar de cidade e deixar família e ambiente já de si tão cruel) ou mêdo do assédio de chefias e, mais uma vez, a vida desafia e resolvê-los sozinhos ou com a ajuda dos tècnicos especiaiistas conhecedores dos mêdos humanos e sendo que a ARMA mêdo é do das atituf«des mais PERVERSAS que alguém pode usar para com outrém e sendo que cada um o sofre de forma diferente mas sobretudo a mulher sempre a mais frágil no mundo dos homens onde ainda a “igualdade” e lealdade ainda andam na pré-história
    Sabendo como é o ser humano, governantes (ou decisores de outro nivel e mesmo patrões) que não governam com lisura verdade e competência, porque não querem, podem usar o “mêdo” para travar os direitos do ser humano mesmo o mais adulto e confiante
    É o caso actual das ameças dos governantes mas os portugueses afinal não têm tanto mêdo como se apregoa pois que se está a atingir a dignidade do seu humano, o deireito a existir e trabalhar, qualquer que seja o tippo de trabalho e o direito alienável já que passou o tempo – para a mulher – de ser esposa e mãe e ter de aprender a bordar e ser exclusivamente dona de casa – tocar piano e falar francês e sendo que, curiosamente até já há situaçõe em que é a mulher que, também, é o “cabeça de casal”
    Nestes tempos de setembro o “MÊDO” não passará – nunca os porugueses foram moles e idiotas e estão cansados de estar cansados à espera do cumprimento do Prometido (e devido) de tais governantes que são, afinal, MISERÁVEIS

  2. Que boa sugerência, Céu. Tomo boa nota. O que tenho lido de Herta Müller é de um duuuuuro….mas elucidário e de uma enorme sensibilidade que verte das próprias pegadas directas da vida.

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