O sociopata

16300_403710699722323_1767365129_nsociopata é um animal bípede, da espécie humana, mamífero porque se alimenta de leite nos primeiros tempos da sua existência, omnívoro depois, consumindo, inclusivamente, seres da sua própria espécie. Caracteriza-se por um comportamento afectado e impulsivo, apresentando uma total ausência de empatia para com humanos e animais em geral, desprezo pelos valores morais e sociais bem como pelos direitos e sentimentos dos outros, cujo bem-estar despreza, provocando, pelo contrário, sérios prejuízos e desgostos a quem com ele convive. Interesseiro, manipulativo e egoísta, refina, com o crescimento, o desprezo pelas obrigações sociais afastando-se, cada vez mais e conforme os anos vão passando, das normas sociais, mostrando baixa tolerância às frustrações e baixo limiar de descarga de agressividade. Nem punições nem experiências adversas o corrigem.  Incapaz de qualquer afecto duradouro, especialista em racionalizar e culpar os outros consegue, com perversidade – a psicanálise classifica este transtorno de personalidade como uma perversão -, mostrar a capacidade de sedução que lhe permite encontrar explicações plausíveis para todos os seus actos, mesmo os mais torpes. Não hesita em usar a mentira, a calúnia, a omissão, a distorção dos factos para atingir os seus objectivos. Patologicamente egocêntrico, é incapaz de lealdade, sentimentos de afeição ou solidariedade. Mentiroso compulsivo, consegue dolosamente, contudo, fingir episodicamente tudo isto, se tal servir os seus propósitos; sem remorso de ferir, maltratar, vigarizar, roubar familiares, amigos, concidadãos. Esta capacidade de mimetismo, permite-lhe insinuar-se em estruturas sociais – politicas, económicas, financeiras, associativas, religiosas – no sentido de ocultar a sua verdadeira personalidade e ampliar e potenciar as suas possibilidades de acção funesta e perversa. A taxa deste tipo de perturbação de personalidade não ultrapassa, na população em geral, a percentagem de 0,5 a 3%. Na população criminal, anda entre os 50% a 70% (curiosamente, apesar de cometerem mais crimes, serem mais violentos e terem maior taxa de reincidência, os sociopatas/psicopatas, sabidões, recebem liberdade condicional com o triplo da frequência dos outros presos). Pergunta que farão os atentos leitores desta redacção: é só nas prisões que abundam os sociopatas? Onde estão os outros? Qual o seu habitat? E eu respondo: meus distraídos amigos, vede os telejornais; olhai a imprensa. Atentai nas promessas não cumpridas com que vos embalam. E cada vez que ouvirdes um discurso começar com a protocolar forma “exmas. autoridades civis, militares e religiosas”, ponde a mão na carteira, protegei as vossas partes fracas e ficai atentos. Eles estarão a rastejar por ali. A tentar sugar-vos o passado e o presente. Em nome do futuro. Deles.

Comments


  1. excelente texto.

  2. eyelash says:

    Diria mesmo: texto excelente

  3. nightwishpt says:

    Oh, antes fosse só na política… Acredito que é impossível chegar a CEO sem ser psicopata, já para não falar nos níveis abaixo.


  4. Esses psicopatas ‘leves’ pesam muito. E podem ser encontrados até no recesso de um lar.
    Fuja enquanto ainda tenhas força para tal