Se uma instituição precisa de alguém para limpar uma mata é porque há um trabalho para fazer. Se há um trabalho para fazer, num país civilizado, há um emprego para oferecer, incluindo salário, descontos, direitos, deveres, enfim, respeitando-se o empregador e o empregado, como é próprio de um mercado laboral de um país civilizado.
Num país selvagem, sujeito às mesmas leis dos bichos da selva, em que apenas o mais forte tem direitos, o empregador pode e deve obrigar alguém a trabalhar, gastando o menos possível e aproveitando-se, se necessário for, das fragilidades que advêm da miséria e/ou da insegurança.
João Salgueiro defende que os beneficiários do subsídio de desemprego devem ser postos a trabalhar sem que lhes dêem emprego, reconhecendo, implicitamente, que há trabalho para fazer e aceitando que é justo que alguém trabalhe sem receber salário.
Do mesmo modo que se é inocente até prova em contrário, devemos partir do princípio de que se está desempregado contra a sua vontade. Mais do que isso: o subsídio de desemprego é algo a que se tem direito, por ser uma consequência dos descontos efectuados. O resto é selvajaria, que é o verdadeiro nome da palavra “exploração”.
Devo dizer, no entanto, que acredito no trabalho comunitário como forma de compensar os prejuízos causados ao país. Tendo em conta as malfeitorias de políticos e banqueiros, e sabendo-se que João Salgueiro pertence a ambas as espécies, penso que o seu contributo para a limpeza das matas será muito importante e poderá dar origem à diminuição dos fogos florestais.
Aproveito para confessar o meu próximo sonho recorrente: João Salgueiro está a limpar a mata ao lado de Fernando Ulrich e, cansado, suspirará “Não aguento mais!” Não vou escrever a resposta do segundo, que é para ser uma surpresa.
Clpa, clap, clap!
Mas é mais ou menos isto que o Estado já está a fazer aos desempregados. Mandá-los trabalhar – para o Estado, câmaras, associações, etc – a troco do subsidio de refeição e umas míseras dezenas de euros por mês…
Burn baby burn
http://gataescondida.wordpress.com/2013/03/03/sera-dificil-morreres-depressa/
Esse gajo do aguenta, aguenta, também queria lá desempregados no banco dele para trabalharem de borla. É tudo a mesma gente, esta gente.
Este palhaço merecia era levar umas chibatadas.
Subscrevo as suas palavras e, em especial, os dois últimos parágrafos.
Acrescentaria apenas que os desempregados poderiam dar o seu contributo usando as mãos para dar um par de estalos a este e outros da mesma laia.
Deixo aqui este post que me parece muito bom para Vossas Senhorias lerem:
http://combustoes.blogspot.pt/2013/03/eu-tambem-trabalhei-nas-matas.html
Esta é, sem dúvida, uma das características que mais diferenciam Portugal do resto da Europa….esta aversão das “elite(zinhas)”* a tudo o que “cheire” a esforço ou a (o horror!!) a manual.
É um fartote de galhofa por essa Europa fora com a estrageirada a gozar com os salamaleques, achaques nano-burgueses, tiques e mesuras dos Sôdôtôres/as cá do sítio.
Temos o que merecemos.
*parece-me óbvio que o país está desprovido de elites (dignas desse nome) desde, pelo menos, 4 de Agosto de 1578.
Ó Simão, não se enganou no texto ou no blogue? É claro que quero que esteja à vontade para comentar, mesmo que seja para escrever os disparates que lhe apetecer, que não quero que lhe falte nada. O problema é que, neste texto, não há o mínimo horror ao trabalho manual ou a outro trabalho qualquer, há horror à exploração, sem mais. O facto de muitos outros, ao longo da História, terem passado por privações decorrentes de injustiças várias não legitima injustiças presentes ou futuras. Quanto ao resto, gostaria muito que o principal problema do país tivesse sido Alcácer-Quibir. De qualquer modo, acho sempre uma certa piada a declarações radicais