Presidente da República: comunicação oficial após as manifestações de 2 de Março

Encontrado no canal de João Pinto.

Os sapatos

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Paira sobre o mundo, já há alguns anos, uma dúvida dilacerante: qual a origem e a natureza dos sapatos vermelhos do Papa?

A questão é séria; só pode sê-lo, já que ocupa, desde há dois dias, o melhor dos telejornais da TVI e suas subsidiárias. Em longo trabalho jornalístico a questão é, finalmente e para descanso dos habitantes do planeta, analisada como merece.

Claro que os conhecedores de podoteologia já haviam reflectido profundamente sobre a coisa. Desde logo, tinham afastado qualquer contaminação do tema pela referência aos sapatos vermelhos de Dorothy , do Feiticeiro de Oz. Entre outras razões, pelo facto de estes, sendo cobertos de rubis, serem de um luxo que, como se sabe, é completamente estranho ao Vaticano. [Read more…]

Sobre a Itália

Uma dor de corno com 5 estrelas.

Reviver o passado em Março (1)

Desceu à rua um Portugal farto de tudo isto. Farto por boas e más razões, mas sobretudo farto. Desceu à rua um Portugal que quis fazer qualquer coisa, mesmo que não saiba muito bem como as coisas podem ser diferentes. Desceu à rua um país inorgânico mas, no essencial, ordeiro e respeitador da democracia. Desceu à rua um Portugal algo desesperado mas não revolucionário. Desceu à rua um Portugal que gostou de verificar que não está totalmente alheado da coisa pública.

José Manuel Fernandes, Blasfémias, 13 Março, 2011

Assim se perde o respeito por um jornal (2)

A dança dos jornalistas que alegremente passeiam entre as redacções e as assessorias dos gabinetes não é de agora. Mas continua, apesar das promessas de mudança. Desde que me lembro, o DN sempre esteve colado ao poder e esta OPA à respectiva redacção não surpreende – mas não deixa de ser outra machadada na credibilidade do jornal.

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(clicar na imagem para ler o artigo; os destaques são da minha responsabilidade)

Até no 31 da Armada

Alguém viu, sem ser pela tv.

Nós Derrubamos Governos!

Não poderia estar mais de acordo com este resumo do relvismo: da flébil emergência à crassa inexistência de um ministro. Só nos saem figuras tristes, personagens para esquecer, coladas ao assento pelo cuspo do hábito. Que Relvas fosse evacuado, regressando à sua vida empresarial ‘dinâmica’, génio que é dos mil contactos e dos mil favores devidos e a haver, seria uma folga dada desde logo ao baraço no pescoço do Governo Passos. Pode não chegar. Sinto-me globalmente traído. Confiei em que, com Passos, o critério da delicadeza, da verdade, e da sensibilidade para com as pessoas concretas estaria antes de qualquer decisão gizada na frieza de um gabinete nacional ou europeu. Enganei-me e enganei-me ainda mais tendo em conta a falta desesperante de resultados positivos. Eu e milhões de portugueses, num protesto contínuo e incansável, derrubamos o Governo Sócrates porque era uma escandalosa obscenidade em movimento, feérica, estúpida, movida talvez a cocaína. Um embuste. Uma loucura. Provavelmente, milhões de portugueses e eu voltaremos a mover o polegar, como o Imperador. Não haja ilusões: com a queda deste Governo, toda a classe política, cega, surda, tacticista, tagarela, seria vergastada e derrubada igualmente. Cresce-nos um nojo que pode não poupar nem o menino [a vestigial democracia, sistema de castas] nem a água do banho [queda em desgraça de mais um Governo].

TSF, rádio local

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Já chego atrasado, mas ainda a tempo de bater na TSF na semana em que comemora 25 anos de existência. Não me esqueço de Paulo Baldaia e da forma como colaborou com o socratismo. Nem da forma como vai sempre tentando estar do lado dos poderosos.
De resto, convém lembrar como nasceu a actual TSF. Nasceu quando o então primeiro-ministro Cavaco Silva, esse democrata, acabou com centenas e centenas de emissoras livres, onde se fazia rádio a sério, e chamou-lhes piratas, acabando assim com um dos momentos mais belos da comunicação social portuguesa no pós-25 de Abril.
Ao invés, através de critérios pouco transparentes, criou um feudo para meia dúzia de rádios ditas locais. Entre elas, a TSF. Que, como se sabe, é uma emissora eminentemente local…
Convém não esquecer. E parabéns ao Fernando Alves.

A mudança já começou

“Acordai”, Porto – Foto: Renato Roque

Interessa-me pouco a contabilidade dos números do 2 de Março, não atino com metros quadrados nem sei contar multidões, e muito menos me interessa enveredar pela redução das gentes a item contabilístico, uma das pechas dos que foram eleitos para governar o país.

Podemos ter sido mais cem mil ou menos cem mil. Fomos mais do que a 15 de Setembro último, quando houve quem quisesse ler no protesto pouco mais do que a rejeição de uma medida concreta, o aumento da TSU. E não fomos apenas os precários “à rasca”, este não foi só o protesto de uma geração. O que se ouviu a 2 de Março foi o grito uníssono do povo português, de gente muito diferente entre si mas que tem em comum a revolta contra aquilo em que o país foi transformado.

Um governo, para além de legitimado pelo voto dos cidadãos, deveria assentar na honradez de quem dele faz parte. Talvez esta frase produza um sorriso irónico em quem a lê, e isso é já um triste sinal. Mas creio que, se ao fracasso de todas as políticas (até dentro do PSD já não faltam as vozes a apontar o dedo à incapacidade de Vítor Gaspar acertar numa previsão), se junta a insatisfação do povo, um governo composto por gente honrada e bem-intencionada resignaria e daria novamente ao povo o direito de escolher. Tampouco se limitaria a depor no cepo a cabeça de Vítor Gaspar, até porque a máxima responsabilidade será sempre do primeiro-ministro, a menos que se ele tenha tornado inimputável. Mas este é o mesmo governo que tem posto repetidamente em prática aquilo que, em período de campanha, jurou nunca fazer, e quanto a honradez estamos conversados. [Read more…]

Mais ideologia

Hans-Werner Sinn, outro ideólogo. A fé volta a ser ciência.

O silêncio e o medo deles

O 2M não foi apenas uma manifestação e o pânico na área do governo, mais do que evidente, é a prova da importância do  2M.020320132359

E são muitos os sinais, mas já lá vou.

Tenho ido a muitas manifestações, vou a quase todas e continuarei a ir sempre que sentir que a minha presença é importante. E esta foi muito diferente das outras!

Foi diferente, pelo SILÊNCIO!

De forma surpreendente, ou talvez não, houve muitos momentos de silêncio. Chorei no momento em que a Manifestação arrancou da Batalha ao som de Zeca Afonso – foi um momento mágico, de emoção, de energia, de vontade de mudar. Ao longo do percurso – quase duas horas entre a Batalha e a Avenida dos Aliados – senti a dor nos olhos de quem saiu à rua. Foi, neste aspeto, uma manifestação diferente de todas as outras.

Foi diferente, também, porque os rostos não eram, nem os de sempre, nem tão pouco os mais novos – havia um traço comum em muitas e muitas pessoas que estiveram no Porto: a idade. Talvez pelo roubo (injusto, como todos os roubos!) nas reformas, talvez porque querem continuar o sonho iniciado no 25 de abril, talvez pelos filhos ou pelos netos…

Claro que estiveram muitos milhares nas ruas em todo o país. [Read more…]

Das Gerações à Rasca, às manifestações Que se Lixe a Troika*

Estive dois dias a “mastigar” o que foram as manifestações simultâneas do passado sábado.

Pouco tempo, eu sei, para luisproduzir o que quer que seja de uma reflexão aprofundada. Mas mesmo assim, gostaria de partilhar e, para quem o quiser fazer(coisa nada fácil de fazer no nosso mundo-chiclete), colocar a debate, algumas ideias.
Penso que a “Geração à Rasca”, há pouco menos de 2 anos, que estudei em profundidade graças à bem-aventurada aventura académica, marca uma espécie de início visível de um longo processo de re-tomada do espaço público simbólico por um “cidadão anónimo” novo, que já não coloca em campos antagónicos a “cidadania” e o “anonimato”, o que pode significar que estaremos num processo reformulador do próprio conceito de “cidadão”. Trata-se, pois, da possível emergência de algo cujas consequências políticas ainda não temos suficiente informação para perceber.
Digo que se trata da re-tomada, ou re-ocupação do “espaço público simbólico” porque, nas últimas décadas, o capitalismo (chamemos-lhe “democracia de mercado” para sermos, vá, simpáticos) desvitalizou, de facto, o espaço público como “espaço político”. Julgo que é da sua tentativa de revitalização que tratam estas manifestações, o 12 de Março de 2011, o 15 de Setembro de 2012, o 2 de Março de 2013.
Para já, estaremos num período de diagnóstico a que poderíamos chamar “a rebelião dos consumidores”.  [Read more…]

Porto, 2 de Março

O 2 de Março no Porto. Fomos 400 mil!


Não sou do tempo das grandes manifestações que se seguiram ao 25 de Abril. Tinha acabado de fazer 3 anos quando se deu a Revolução, quando o povo se juntou para um 1.º de Maio finalmente em Liberdade. Essa é imbatível, mas ao longo dos anos fui vendo a Praça praticamente cheia. Quando o FC Porto foi Campeão Europeu pela primeira vez. Quando o PSD fez o comício da campanha eleitoral que deu a primeira maioria absoluta a Cavaco. No 15 de Setembro.
Mas nunca como anteontem. Um dia que passará à história como o 2 de Março. A maior manifestação jamais realizada contra um Governo democrático em Portugal. Não tenho uma obsessão pelos números e pelos metros – quem o tem é quem tenta menorizar a manifestação – mas não tenho dúvidas de que estavam perto de 400 mil pessoas. Juntando a multidão da Praça mais a das ruas circundantes – da Trindade até Santa Catarina e à Batalha, chegamos ao número que tantos temem. Nunca vi nada assim. Nunca.
E aquele momento em que tantos milhares de vozes cantaram o Grândola, de forma desafinada, descoordenada e com mais enganos do que acertos, deve ter sido um dos mais belos momentos da minha vida. Não consegui deixar de pensar que, por enquanto, a classe política pode estar relativamente tranquila. Ao povo, dá-lhe para cantar. E se aqueles milhares de pessoas se revoltasssem a sério?

É assim que se ganham Campeonatos

Aproveitando os deslizes do adversário. É por isso que o FC Porto começou a perder o Campeonato no dia em que, depois do empate do Benfica, empatou em casa com o Olhanense. Espero estar enganado.

E ainda vai no adro

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Manifestações, críticas construtivas e propostas concretas

manifestaçomUm dos tiques habituais do político que está no poder ou de quem o defende reside em criticar os críticos, afirmando que só criticam por criticar, que não fazem “críticas construtivas” ou que não têm “propostas concretas”. A cor do partido que esteja, circunstancialmente, no governo é irrelevante: a crítica só serve para ser desvalorizada.

Sobre a manifestação de ontem já ouvi e li opiniões deste género, mesmo quando, a contragosto, reconhecem que algo está mal. [Read more…]

Assim se perde o respeito por um jornal

Há notícias e opinião. Há notícias sobre opiniões e opiniões sobre notícias. Cada qual tem o seu lugar e não se misturam, sob pena de se perder o respeito por quem o faz.

Terreiro do Paço, onde não cabem 180 mil, ficou por encher

Este artigo do Público, um misto de notícia com o spin do número de pessoas por metro quadrado, é a machadada na credibilidade de qualquer jornal.

1984

Adaptação da obra de George Orwell por Michael Radford. Ficha IMDB. Legendado em português.

Leitura   imprescendível

A crise europeia explicada em dois gráficos.

É a Economia, Estúpido!

camilo_lourencoUma análise que até o Camilo percebe!

Diz Passos Coelho, acompanhado pelo Coro de vozes dos principais responsáveis Europeus, que “o que está a acontecer em Portugal é consequência do que se passa na Europa”. É na diminuição do crescimento das exportações que o Governo encontra a tíbia explicação que dá para o fracasso das suas políticas.

Mas, não seria este abrandamento previsível? Era! Mais que previsível era mesmo uma consequência inevitável e uma “tragédia anunciada”. Senão vejamos:

O Plano (em Teoria) [Read more…]