Zona Euro, o frenético desatino

Por imperativos de ordem familiar, mas profissionais, lembro-me do relato de comportamentos de doentes mentais hospitalizados. Um dos que me ocorre é o desassossego intenso e colectivo, despoletado subitamente por um único dos internados – na altura seriam no mínimo 40, por enfermaria.

Toda aquela gente é atacada por violenta perturbação. Os incidentes fundavam-se, é evidente, em razões patológicas mentais: o grupo era, pois, atormentado a partir de um pesadelo, de alguém que gritava, gesticulava, ofendia e chegava a agredir os companheiros, incluindo os enfermeiros e outros profissionais.

Tudo isto vem a propósito das declarações de Jeroen Dijsselbloem, novo presidente do Eurogrupo, ao assegurar que ‘o modelo aplicado em Chipre de confisco de 30 a 40% de depósitos acima dos 100.000 se tornará regra para outros países com bancos em situações semelhantes’ – a D. Merkel para escaldar a polémica, e em clara defesa dos investidores alemães, valeu-se do argumento de falsa solidariedade com os contribuintes… enfim, disparates e desconchavadas justificações mal sintonizadas. [Read more…]

Clarice Falcão, uma cachopa que sabe a chocolate

Não sei de cantora que tão bem o amor trate, na minha língua.

(lista de reprodução para ouvir até ao fim ou fugir já)

Cada vez soa mais a governo à beira da demissão

O descaramento nas nomeações continua. Um claro assegurar tachos aos amigos.

Os “grandes depósitos”

A União Europeia prepara-se para arrasar Chipre com medidas ainda mais gravosas que aquelas que, há dias, indignaram todas as pessoas decentes. As fronteiras, neste caso, nem são as que separam direita e esquerda. A medida é de uma estupidez insana, qualquer que seja o volume dos depósitos atacados, por razões que, de tão óbvias, me dispenso de enumerar. Todavia, não sei se sou eu que estou a ver coisas, as manobras de comunicação passam por referir até à náusea “os grandes depósitos”, dando à canalhice uma espécie de simulacro de justiça social e tentando despertar a inveja que se recolhe, larvar, em muitos espíritos.

Estas referências aos “grandes depósitos” aparecem misturadas com as que são feitas à oligarquia russa, à lavagem de dinheiros, ao paraíso fiscal (como se o núcleo de poder de UE não estivesse cheio deles – mas são os “bons”, são do norte). E como se unifica isto tudo? Qual é o conceito de milionário com que opera a maioria dos nossos jornalistas e os tartufos políticos? São os depósitos de mais de cem mil euros. Quer dizer: as poupanças de uma vida de uma família de classe média-média (igual a metade do ordenado mensal de alguns dos nossos gestores, uma fracção do que recebem alguns CEO só por serem transferidos, uma semana de ordenado de um bom – mas não dos maiores – jogador de futebol, alguns minutos de lucro de alguns “investidores”, alguns segundos de outros e por aí fora) são consideradas riqueza ao nível dos depósitos de milhares de milhões. [Read more…]

Ó redundante Sr. Costa 2,3% ainda é curto, upa!, upa!

carlos costaCarlos Costa, governador, apresentou o Boletim Económico da Primavera do BdP, destacando a previsão de queda de – 2,3% no PIB para este ano. O ‘Público’ adita algumas informações de pormenor, mas relevantes.

Impressiona-me observar que,  várias instituições e  os sábios líderes, apoiados por técnicos e estruturas de dimensão considerável, saiam a público para transmitir com estridência informação que já sabíamos – além da ‘troika’, Vítor Gaspar também já havia anunciado a previsão de quebra este ano de – 2,3% para o PIB.

A este  repetir de comunicação do que outro tinha comunicado chama-se redundância. No mínimo, é censurável e controverso que, de várias fontes pagas pelos contribuintes, existam diversas entidades a realizar o mesmo trabalho. O facto é ainda mais controverso, porque os líderes comunicadores, em outras ocasiões, não se fatigam de reclamar que o grande desafio a empresários e trabalhadores portugueses se centra no aumento da produtividade. [Read more…]

Quero mentiras novas

figasEm plena semana pascal, enquanto a Europa versão euro falece em Chipre e as putas dos costume defendem Markel porque ainda não tinham nascido quando os pais defendiam Hitler, anseio pelo 1º de Abril.

Marcelo Rebelo de Sousa é basicamente um mentiroso compulsivo, a política, entendida aqui como o jogo do rotatitividade do poder e dos interesses, circula-lhe nas veias a uma velocidade estonteante, e ele nem repara nisso. Por isso mesmo é o mentiroso mais bem pago em Portugal, e ninguém se escandaliza com o facto, que o coloca de resto a caminho da sua outra especialidade, a derrota eleitoral, nas próximas presidenciais.

Os máximo que as televisões portuguesas concedem em termos de pluralismo políticos (a que todas estão obrigadas) é oferecer a outro caramelo do mesmo quilate mas sempre do outro partido de alterne o mesmo tempo de antena. A comunicação social em Portugal funciona na roda livre dos negócios (olha o António Vitorino), não cumpre os seus deveres (que eu saiba nenhum partido ganhou a concessão de um canal de tv), e ninguém repara nisso.

Neste mesmo país aquele que era até há bem pouco tempo o pior dos chefes-de-governo pós-74 regressa hoje de um breve exílio. É obviamente um direito seu, e claramente uma opção sua que demonstra o que é: um carreirista irresponsavelmente ambicioso, sem escrúpulos de se exibir contra todas as evidências do efeito que vai causar. [Read more…]

Por favor, onde fica o gabinete de ajustes directos?

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Não deixa de ser interessante que, em antecipada pré-campanha para as autárquicas, comecem a ser revelados alguns pecados da actual gestão em algumas autarquias. Uns, veniais, coitadinhos; outros, cabeludos como o diabo.

Mas não deixa de ser interessante, também, a forma como o vulgo reage às notícias.

Estava eu integrado, por vizinhança, numa conversa de café, daquelas que surgem ao cair da bica (minha singela homenagem ao linguajar da capital) quase sem nos darmos conta. Está-se a falar do tempo, da bola, das pernas da Maria, e, de repente, é um refastelar de críticas à política.

Raramente os argumentos são os mais salutares, o que mais interessa à causa pública, não se cura de saber como as coisas acontecem, só que acontecem, sempre para o mesmo lado, ora dos bons (poucos) ora dos tratantes (a maioria). Mas sempre o mesmo lado político consoante a circunstância. É a circunstância que escolhe o lado, não a militância. E a suprema discussão está tantas vezes na razão inversa da importância do que se discute. [Read more…]

As Gueixas de Sócrates e o seu Mulo Híbrido

gueixas de SócratesNão posso dar descanso ao tema que a tantos irrita eu aborde, não só porque tenho alívio e consolo nele, mas sobretudo porque as gueixas de Sócrates não dão descanso ao assunto. Dizem as gueixas de Sócrates que há uma reacção da Direita Portuguesa à figura patranhesca e piranhesca de José Sócrates. É falso. Há uma reacção transversal e vertical de rejeição a Sócrates. A Esquerda Portuguesa, prefigurada pela Igreja PCP, odeia Sócrates pelas políticas de Direita, pelo rapadorismo infrene dessa governação, por ter, em suma, criado todas as condições para o Pacto de Agressão, hostilizando os comunistas gratuitamente; o BE, esvaziado de bandeiras pelo hibridismo oportunista e rançoso dos gays e abortistas socratistas, odeia Sócrates por ter sido humilhado bastas vezes na caricatura em que, com Sócrates, consistiam os debates pesporrentes na Assembleia da República. Sócrates gritava mais alto. Sócrates era o mais histérico. Vencia debates após debates à conta do campeonato de decibéis. Louçã era atirado ao pó e à humilhação. Em resumo: as gueixas de Sócrates deveriam saber que todo o espectro político nacional com dois palmos de testa e um mínimo de honestidade intelectual e política abomina Sócrates por causa de Sócrates, para quem todos os fins justificavam os meios. [Read more…]

É na Terra, não é na Lua…

… que se podem ver em streaming os melhores documentários europeus sem gastar um tostão e de forma legal.

O celebrado “É na Terra, não é na Lua” de Gonçalo Tocha, filmado na ilha do Corvo, é um deles e pode ser visto aqui.

Até domingo, seis filmes que se destacaram no Festival de Cinema Documental de Lisboa vão estar disponíveis.

sal

THE RISE OF THE SALT MOUNTAINS // COMO AS SERRAS CRESCEM (Orig.)
 DIR: Maria João Soares
2010 / Portugal / 28 min

Ajustes directos à moda do Porto

Ou da inutilidade das leis em Portugal (via O País do Burro).

“Vem aí a guerra, prepara-te”

cartazobedecerchefe

«Doce inocência, tranquila ignorância… (…) É este encolher de ombros que levou o historiador Ian Kershaw a escrever que “a estrada de Auschwitz foi construída pelo ódio, mas o seu pavimento foi a indiferença.» Por Ester Mucznik, na sua crónica no Público

Mexilhões serão mexilhões

Sucursais dos bancos cipriotas em Londres não fecharam, nem impuseram limites aos levantamentos. [Púbico]