Os bancos, o crédito ‘malparado’ e a imbecilidade

A crise teve origem na axiomática desregulação do ‘sistema financeiro internacional’, herança de Tatcher e Reagan – Alan Greenspan, no FED, e outros deram também contributos consideráveis.

A falência do ‘Lehman Brothers’ foi, pois, o evento mais ruidoso e, por isso, emblemático. O estridente som não foi, porém, suficiente para abafar o estrépito da bancarrota de mais de uma centena de bancos nos EUA e, por exemplo, o financiamento obsceno da AIG, porque realizado com dinheiro dos contribuintes.

EUA foram o ponto de partida. Todavia, rapidamente a crise se propagou por outros países, em que a enxurrada de investimentos em activos tóxicos associada à concessão intensiva do crédito fácil a empresas e particulares constituíram factores degenerativos de um tipo de bancos excessivamente alavancados – o recurso a meios financeiros emprestados transcendia, e de que maneira!, os rendimentos reais empresariais e familiares. A Islândia, louvada seja, foi o único país a atacar com rigor as origens da crise, punindo os responsáveis e minimizando os esforços da população do país. [Read more…]

Portugal

A Grândola dos Cardeais

a grandola dos cardeais Cantado do facebook do João Roque Dias

Croniquetas de Maputo: homens adormecidos

Negócio florescente em Maputo, é o da segurança privada. Enormes painéis nas empenas dos edifícios mais altos anunciam serviços de segurança, encontramos empresas de segurança em ruas insuspeitas, cruzamo-nos nas avenidas com jipes paramilitares, confundimos os seus profissionais com polícias se não estivermos familiarizados com os uniformes, espantamo-nos ao vê-los ostentando armas, algemas penduradas na cintura, bastões ameaçadores.

Existem empresas cheirando a dinheiro, brilhando nos seus equipamentos inspirados em filmes americanos, empresas assim assim, empresas modestas, de fardamento surrado, que prestam serviços ao pequeno comércio, seguranças de ministérios ou organismos oficiais, meros cidadãos particulares, alguns uniformizados outros não, a quem chamam guardas, etc, etc.

De vez em quando, à porta de pequenas lojas em pleno dia, deparamos com um guarda armado com algo parecido com canhangulos de aspecto artesanal e anacrónico.

Este modelo securitário, de inspiração sul-africana e bem aproveitado pelas empresas de segurança (muitas delas detidas por europeus e sul-africanos), explora um medo e uma insegurança que nada tem de comparável entre as duas realidades.

Por isso mesmo, à noite, a partir das onze e meia, meia-noite, quando as ruas da cidade parecem absolutamente desertas, encontramos dezenas de homens a dormir encostados a portas e paredes, [Read more…]

Dúvida existencial

O que é um Bieber? come-se?

A pomba borrou fumo negro

pomba cagaQue pena. Talvez com uma dieta…

Conas que o PCP Entrava

A última vez que ouvi declarações do PCP a respeito da abertura e democratização do sistema político só vi óbices, entraves e obstáculos. Estarei enganado ou prefiguram-se mudanças na posição oficial? Pode o PCP pensar fora da caixa partidária, antes que a inutilizemos?

Velhas do Vaticano

No conclave a pomba coça-se com o bico e ainda não defecou fumo.

Conjugação do verbo Suicidar-se

suicídio

Eu,  pedro passsos coelho, suicido-te

Tu, aníbal silva, suicida-lo

Ele, josé socrates, suicida-te

Ela, paula teixeira da cruz, suicida-te

Nós, governantes corruptos de qualquer cor, suicidamo-vos

Vós, banqueiros gordos e desonestos, suicidais-nos

ELES, povo reles que fede a pobre, suicidam-se

ELAS, mulheres inúteis que fedem a miséria, suicidam-se

ELES e ELAS, crianças indefesas que fedem a falta de futuro, suicidam-se às mãos de progenitores desesperados

Tenham vergonha na cara! Deixem de matar inocentes! O vosso nome ficará para sempre associado a todos os nossos que cairam por não haver quem lhes desse a mão, por não verem uma nesga de luz ao fundo do túnel, por estarem irremediavelmente desesperados.

Chora, Portugal, o luto que te consome diariamente pela perda destes filhos tão desgraçadamente desaparecidos.

Nicho de mercado

Desempregados de curta e longa duração lançam empreendedorismo político. O governo aplaude?

Carlos Abreu Amorim: franqueza e liberdade*

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Num mundo ideal, toda a franqueza e liberdade de opinião deveria ser sublinhada. Ou não. Não. Seria tão natural que nem sublinhada seria.

No nosso mundo, nada ideal, um deputado, mesmo independente, que critique um membro do governo que apoia, é logo apelidado de cínico. Mesmo que, a memória tem destas coisas, já o tenha feito antes mesmo de ser candidato ao que quer que fosse – o Carlos Abreu Amorim, no ano passado, tinha escrito (na sua página pessoal) e dito num programa da RTP, que não existia margem para novo erro por parte de Gaspar. Neste nosso mundo, cada vez menos ideal, num programa televisivo, o Carlos defendeu o governo durante 40 minutos e fez uma crítica de menos de um minuto e só essa vale. Só esse minutinho conta. Não é cinismo, são factos.

No mundo ideal, seria natural que quem defende um determinado ministro, lhe exija rigor. No nosso mundo, é uma demonstração de bipolaridade política. Sim, no nosso mundo, o tal não ideal, pessoas com a franqueza do Carlos são criticados por defenderem uma determinada posição e criticados pela liberdade de afirmarem que essa posição deixa de ser defensável se se persistir no erro dos números (e da realidade factual). Ou não fosse neste nosso mundo que o Povo tenha um ditado que é todo um tratado: “preso por ter cão e preso por não ter cão”.

Se tudo isto não é cinismo, é o quê? Eu respondo: Portugal…

*como contraponto ao meu camarada de blogue António Fernando Nabais.

Carlos Abreu Amorim: cinismo ou bipolaridade?

cinismoO convite do PS ao PCP e ao BE revela um cinismo político para além da redenção! E, sobretudo, pretende apoucar a capacidade de discernimento dos eleitores. No fundo, o tempo e o modo atabalhoado como a coisa foi feita, também exibe a confusão em que marinam as mentes dos lideres [sic] socialistas…

Carlos Abreu Amorim

Ficarei, mais uma vez, muito desiludido com o Bloco de Esquerda, se voltar a colar-se ao PS com a mesma falta de critério que mostrou nas Presidenciais. Juntar a isso, por exemplo, o apoio a uma figura do socratismo como Manuel Pizarro para a Câmara do Porto seria simplesmente indigno. [Read more…]

O negacionismo

Há dois anos o último governo de José Sócrates caiu, onde há muito em Portugal não caiam os governos: na rua.

Claro que para os negacionistas do PS fica bem soltar uma gargalhada, e garantir que não foi nada disso, a culpa terá sido de quem posteriormente não votou favoravelmente um PEC  criado e gerido para ser chumbado na AR, no que terão o apoio veemente dos que pensam a História uma cousa de gabinetes, reuniões, políticos, acordos, desacordos, troikas e outras ilusões. Negacionismo que alacançou todo o seu explendor nesta imagem canciana, tão bem titulada de “coisas verdadeiramente inexplicáveis“:

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Ficando a dois passos do ridículo e roçando sempre o caricato, o negacionismo entre nós teve outros esplendores:  o 25 de Abril enquanto golpe de estado não teria sido tão simples se a negação da realidade não estivesse estacionada na Pide/Dgs, que nem a avisos de congéneres estrangeiras ligou importância e viu o Março das Caldas como um ponto final na contestação de meia-dúzia de tropas acometidos de cobardia colonial. [Read more…]

Não Aguento 24 Horas de Indignação

Tenho sido um indignado crónico, especialmente a partir de 2005. Não me perguntem porquê. Foi um flash negro, uma impressão fortíssima de aviltamento, uma sensação de traído da Política, de espectador impotente de uma desgraça anunciada, apesar da palavra longa e afiada que passei a desembainhar no Palavrossavrvs Rex. O facto de testemunhar o desleixo dos Partidos, todos os Partidos, para com as pessoas concretas, de ver desfilando a avidez sectária arrogante e a incúria demente com que o Partido Socialista foi poder absoluto e impudico, até ao crescendo de sofrimento social que hoje afinal se transforma no caos da agenda cacofónica de 15 de Setembro e 2 de Março, determinou me revolvessem as vísceras da mais funda abominação. Mas nada acontece. Nada acontecer em Portugal tem sido o golpe de misericórdia nas minhas energias de protesto, no meu ímpeto reformista e amoroso-revolucionário. [Read more…]

Cães de Atenas recebem animais da Troika

ÁÈÇÍÁ - ÓÕÍÁÍÔÇÓÇ ÔÙÍ ÅÊÐÑÏÓÙÐÙÍ ÔÇÓ ÔÑÏÚÊÁÓ ÌÅ ÔÏÍ ÕÐ. ÏÉÊÏÍÏÌÉÊÙÍ ÃÉÁÍÍÇ ÓÔÏÕÑÍÁÑÁ<br /><br />(EUROKINISSI/ÃÉÙÑÃÏÓ ÊÏÍÔÁÑÉÍÇÓ)
Troika recebida pelos cães vadios de Atenas à porta do Min. das Finanças – Fotografia Opinion Post, info via Artigo 21º.

Anacleto Ribeiro não aguentou

Há muitas formas de não aguentar. Anacleto Ribeiro não aguentou o desemprego, a falta de moedas para as gomas do filho doente, e escolheu a pior forma de não aguentar: fugiu com ele para a morte.

Outros têm seguido essa fuga: cada vez mais, por muito que pela válida razão de evitar o contágio tal não seja noticiado.

Mais tarde ou mais cedo alguém  tentará partir com outra companhia, a de um de tantos culpados. Nada resolve.

Há outras formas de não aguentar. Há aquela que vingará o Tiago e o Anacleto Ribeiro: demitir os mentirosos que se instalaram no governo e enrolados na própria incompetência e estupidez andam a bater recordes velhos de 38 anos. Com a grande diferença de que em 1975 se recuperavam 48 anos perdidos, séculos de redução de um povo à miséria. Agora, muito simplesmente, arrasa-se Portugal.

Os direitos conquistam-se, perdem-se, recuperam-se. É da História. A morte dos que não aguentam, essa, é um caminho sem retorno. Por isso quem com ferros mata pode ter a certeza que desta vez com ferros morre. Mais tarde ou mais cedo, às mãos de um povo.