Por entre a pura e madura mentira, a Nuno Crato coube a tarefa governativa de partir a espinha aos professores, o maior corpo profissional da função pública. A ideia é simples: derrotados estes não haverá mais resistência à minimalização do estado e abertura do ensino, da saúde e não só às maravilhas do mercado e das negociatas à sombra do governos.
Chegamos a um ponto em que se estica a corda, cantando uma vitória de Pirro antecipada: com uns 5000 professores, de todos os graus de ensino, a maior parte dos exames vão-se realizar amanhã, desvalorizando uma greve que nesse caso chegaria aos 95% de adesão.
O problema desta gente é que toma os outros por parvos, ou seja, coloca-os ao seu nível. E como se pensa acima da lei (é significativo que vários comentadores tenham passado à descarada defesa da proibição das greves), imagina que tudo lhes é permitido. Chega a meter dó o esforço que se faz por encontrar “provas” de que esta greve prejudica os alunos, como se um exame adiado fosse um problema para quem arranja mais tempo para estudar.
Não tenho grandes dúvidas de que amanhã teremos uma greve que os vai assustar, com ou sem exames. E as tentativas de Nuno Crato e Passos Coelho de brincarem às thatcheres terminará como de costume. A menos que a Argentina invada as Berlengas, o que é capaz de ser complicado.
POIS. TEM TODA A RAZÃO. INFELIZMENTE CONHEÇO GENTE MUITO AMEDRONTADA. MAS SÃO POUCOS. QUANTO À ARGENTINA TENHO A CERTEZA QUE NÃO INVADEM AS BERLENGAS, NEM RESOLVEM AS MALVINAS
Caro JJC,
Por essa maneira de pensar, mais vale nem fazerem provas! Entrem directamente na Universidade, quer nacional quer estrangeira! Poupava-se muito dinheirinho. Haja paciência!
Denoto a “cultura do facilitismo e do egoismo puro”, ou estarei enganado?
Isto não ´´e mais um negocio de passar o ensino a privados, tal como estão a fazer com a saúde e outras áreas… de quem ´´e ou vai ser a parque escolar daqui a 10 anos? a que emagrecer o nº efetivos nas escolas para o negocio ser depois rentável para os amigos… quem serão eles neste futuro negocio. E o ministério da defesa? não tem gente a mais? quantos oficiais, quantos sargentos Vs soldados? Milhares de viaturas paradas e custos elevadíssimos de manutenção? para que tantos militares ? Vem ai a época de incêndios, esses militares que tem maquinas, camiões não deviam estar já no terreno a limpar matas, abrir caminhos, a prevenir.? Não na ultima, na catástrofe mandam umas dezenas para dizer que estão a apoiar a proteçao civil !!!. Talvez sejam professores demais ou mais que muitos em algumas escolas, mas em outros setores não haverá uns milhares de gente a mais? Institutos, laboratórios , conheço museus e bibliotecas que estão as moscas quase o ano todo e tem imensos funcionários a ver passar as horas… quando 2 pessoas chegavam e tem 6/8 e mais… isto em pequenas localidades deste pais!!!
Ó Filipe Moreira, escreva em português, com ideias e pensamento ordenados, e até lhe respondo.
Assim, lamento, mas perdeu as Novas Oportunidades, sempre lhe davam, num privado qualquer, o diploma que não merece.
Em 1973, Portugal tinha 150.000 funcionários públicos. Então, de Valença do Minho a Dilí, essa centena e meia de milhar cobria necessidades de 25 milhões de portugueses espalhados por 2 milhões de km2. Veio a revolução e importava inchar o Estado com toda a casta de clientelas, filiados, familiares, comanditas. Em vinte anos, o funcionalismo do Estado quintuplicou. Havia – e ainda continua a haver – gente que pensava ser absolutamente normal que metade da população de dezenas de concelhos se tornasse funcionária do Estado.
Há, no caso vertente dos professores, quem julgue normal que 10.000 professores do secundário continuem a vencer com horário zero, ou seja, sem darem aulas. Para proteger o indefensável, o pieguismo, variante manhosa de estupidez, quer convencer os portugueses da justeza das reivindicações de quem não tem funções, mas quer continuar sentado à mesa do orçamento. A questão dos professores é muito simples. Em 1974, a taxa de natalidade em Portugal era de 3,01, em 1980 de 2,19, em 1990 de 1,43 e em 2010 de 1,35. O boom do ensino universitário escondia, afinal, a lenta inversão da pirâmide, o envelhecimento da população, o fim anunciado da população escolar do básico e secundário. Em 2010 nasceram 94 mil crianças, o que quer dizer que em 2021 só haverá 94 mil alunos a entrar no no ensino secundário. Com os duzentos mil que lá estarão, a população do primário e secundário nunca chegará aos 300 mil.
Cegos, indiferentes à catástrofe que se aproximava, governos sucessivos continuaram a contratar dezenas de milhares de novos docentes. Actualmente, entre os 100 mil docentes, há 35 mil professores considerados a mais no ensino. Em 2021, persistindo na defesa desses postos de vencimento, haverá três alunos por professor. Aqui está, sem florentinismos, a verdade a que os defensores do indefensável continuam agarrados.
Já despejou a k7? satisfeito com o copypaste? Já agora acrescente como se morria por falta de assistência médica no Portugal de 1973 (basta a taxa de mortalidade infantil) e qual a taxa de alfabetização na mesma altura.