Elogio do carreirismo

José Xavier Ezequiel

Há meses que ouço na rádio, logo pela manhã, o anúncio da exposição de Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda. Dela diz o texto do anúncio que é  “a mais prestigiada artista portuguesa da actualidade.”

Ora, na minha opinião, este tipo de afirmação roça a publicidade enganosa (cf. Código da Publicidade, art° 11°), por não ser facilmente mensurável essa coisa do prestígio. Até porque ninguém me convence que Paula Rego, que por cá parece ter agora caído em desgraça, não continua a ser a mais prestigiada portuguesa, viva, no domínio das artes plásticas. Pelo menos nas paredes que contam, bem entendido.

A não ser, é claro, que se entenda que os prestígios, tal como as telenovelas, se medem pelas audiências. Nesse sentido, para usar uma expressão muito na moda entre políticos e comentadores desportivos, realmente a sua exposição em Versalhes foi considerada, pelo Figaro, uma das mais vistas dos últimos 50 anos. E, na Ajuda, mesmo com a crise e o bilhete a €10, já ultrapassou o impressionante número de 100 mil visitantes.

Porém, este simplificador critério do número não pode deixar de me conduzir ao seguinte silogismo: Tony Carreira já vendeu 3 milhões de CD’s, arrecadou 48 platinas e, só este ano, em dois dias, meteu 40 mil fãs no Pavilhão Atlântico, à razão de 15 a 50 euros por cabeça. Para já não falar do que contabiliza, todos os anos, em berças, franças e piquenicões.

Poder-se-á então afirmar, tendo em conta estes apopléticos números, que Tony Carreira é ‘o mais prestigiado músico português da actualidade’?

(Queria ver o que diria a Mariza, ela que já andou nos Grammys, nos World Music Awards e, há até quem diga, é praticamente a reencarnação da senhora dona Amália.)

Comments

  1. DEUS says:

    Essa sopeira obesa é a ‘artista’ oficial do regime meu amigo. A nojenta chegou a dizer em directo na RTP1 que estamos no caminho certo e que apoia este desgoverno. Pudera tem sido financiada pelo nosso dinheiro, mas nenhum jornal quer ter o ónus de a desmascarar, principalmente as negociatas obscuras relacionadas com a ‘exposição’ no Louvre.

  2. josecoutonogueira says:

    Às vezes DEUS escreve torto e bem torto.
    1) Desde quando se classifica um artista pela sua cor política? Ou, melhor, que tipo de pessoa é que o faz?
    2) A Joana Vasconcelos ganha muito dinheiro, não precisa de financiamentos do “nosso”.
    3) “Negociatas obscuras” relacionadas com o Louvre?
    DEUS é português, com certeza; move-o a inveja e acusa sem provas, só por despeito.
    (Declaração de interesses: não conheço a senhora nem tenho percentagem na empresa dela.)

    • DEUS says:

      Seu palerma alaranjado, DEUS não é português nem deixa de o ser. DEUS é como o Sol, quando nasce é para todos. E sendo EU quem SOU, posso afirmar que a ‘exposição’ no Louvre é tão obscura quanto os submarinos.

  3. Quanto ao carreirismo, não sei. Só sei é que fui à exposição no Palácio da Ajuda e fiquei abespinhado com o lixo artístico dela. Faianças decoradas com rendas? Sapatos gigantes feitos de panelas? Um carro coberto de espingardas de brincar? Chama-se a isto arte? Começo a pensar no que o De Chirico apregoou, está na hora de voltar à técnica. Um século depois Duchamp perdeu a piada.

    E o autocarro até passou em frente ao Museu da Arte Antiga; mais valia ter descido lá e ido ver o quadro do Bosch; aquilo é arte a sério.

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