«Dizer mal no sítio certo» –, assim disse a minha amiga para falar dos portugueses que praguejam contra a classe política mas que não votam (mesmo se muitos julgando fazer bem, movidos pela estranha convicção de que desse modo combaterão os maus governantes). É isso mesmo: digam mal no sítio certo: nas eleições. «Digam mal» das decisões políticas – ou sobretudo da falta delas –, mas em vez de ser no café, nas urnas.
Coragem portugueses, só vos falta votar.
Há 2 tipos de não votantes em tempos de eleições:
– os dos lugares comuns (praia, jardins e centros comerciais)
e
– os intelectuais shics
Ambos têm em comum a nêspera.
Chamem-lhe o que quiserem mas eu não vou nessa.
É preciso reformular o conceito de abstenção, não a confundindo com insondáveis razões de ausência nas urnas, criando um campo (X) para esse efeito em cada boletim de voto. Esta intransmissível , pessoal e inconfundível opção merece e deve exigir a dignidade de voto validamente expresso. Uma civilizada, consciente e ponderada escolha não pode ser obrigada a ficar na rua em vala comum de incertos. Os nossos deputados, na Assembleia da República, apesar da aviltante disciplina partidária a que se submetem, para se abster tem que marcar presença. Quero lá uma cruzinha para me abster, querendo. A minha luta por esta condição elementar de limpidez até pode levar-me ao ponto de não ir votar como forma de protesto.
Bento, para isso tem de primeiro eleger os deputados em número suficiente para legislar a colocação da tal cruzinha que pretende. O que nunca conseguirá abstendo-se.
Os 230 deputados portugueses ou os 751 eurodeputados são todos eleitos, independentemente do número de abstenções, por isso estão-se nas tintas para o seu protesto.
Repito que chamar abstenção á ausência das urnas é abusivo. Não indo votar para mim é faltar.
Chame-lhe o que entender. O efeito prático é o mesmo.
A partir do momento em qualquer número de votantes, por mínimo que seja, elege sempre o mesmo número de deputados, a situação só se altera se as pessoas que não se revêm nos grandes partidos que se revezam no poder começarem a votar em massa noutros políticos e noutros partidos.
diria mais…
ha dois tipos:
1- vestem o fato de domingo e votam no clube
2- Ficam na praia e esplanada a dizer mal dos politicos
Quando percebem que os outros estão a decidir por eles?
Burros
Interessante seria reformar o sistema eleitoral:
1-Introduzindo círculos uninominais
2-Com determinado nível de votos brancos, apurados pelo método de Hondt no círculo nacional (não confundir com nulos ou abstenção), ficar um lugar por preencher. Tenho a sensação que este último ponto faria diminuir os níveis de abstenção. mas posso estar errado. Também tenho a certeza que os partidos não o permitirão, tal como fogem a 7 pés dos círculos uninominais.
Exacto António de Almeida. Aos partidos só interessam as listas ordenadas por eles próprios e o numero máximo de deputados previstos na constituição
A gritante verdade que deixa expressa não agrada a muita gente que se serve do esquema.
No Brasil por exemplo o voto é obrigatório. Aqui tb deveria ser. Iriamos ter algumas surpresas…