Jesus no Milan…

o maior insulto que um italiano de Firenze, Roma, Napoli ou Modena pode chamar a um milanês é precisamente chamar-lhe milanês. Vai ser um fartote e tanto para a rosa Gazzetta!

Abril de novo, mas não com este povo?

Há uns anos que digo isto em vez do clássico ‘abril de novo, com a força do povo’. Não que não ache que o povo não tenha força. Tem. E é até bastante. Que o digam os quase 66% de abstencionistas que ontem determinaram, com a sua força, os resultados das eleições para o Parlamento Europeu. Acho é que este povo não quer um novo abril. O que é que o povo quer? Se eu fosse os Homens da Luta diria que ‘o povo quer dinheiro para comprar um carro novo, pá’*. Mas, na verdade, não me parece que se possa resumir a coisa a uma questão tão simples. Na verdade, não faço a mínima ideia do que o povo quer. Mas faço, acho que hoje fazemos todos, uma ideia, por pequena que seja, do que o povo não quer.

E o povo não quer votar. Ponto final.

Parágrafo. Parêntesis, vá. O povo não quer votar nas eleições para o Parlamento Europeu. Podem dizer-me que o povo também não quer votar nas restantes eleições. É verdade. Mas só até certo ponto. Desde há anos que as percentagens de abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu se situam bastante acima da abstenção para as outras eleições e  quase sempre acima dos 60%. Portanto, parece-me evidente que

o povo não quer votar nas eleições para o Parlamento Europeu. [Read more…]

Abstenção e liberdade

Com o respeito possível por quem pensa o contrário, estou farto de justificações para a abstenção que culpam “os políticos” de não satisfazerem os sofisticados critérios de exigência dos eleitores ou não encontrarem preliminares suficientemente excitantes para os conquistar para o voto. Os comentadores acariciam, assim, o ego dos contumazes ausentes, retirando-lhes a culpa e, mais ainda, a responsabilidade. Somos livres. Estamos condenados a ser livres, como ensina o velho Sartre. Isso significa que, postos em situação, a vida não permite abstenção. As eleições também não. A abstenção como total demissão de intervir – e não ignoro que muitos dos que se abstêm têm plena consciência disto e não procuram desculpas, pois que a sua decisão é pensada – é uma ilusão, posto que, pensando que não estamos a escolher, escolhemos de facto, já que as nossas omissões pesam, aqui, tanto como as acções. Não podemos viver fora da realidade, logo, temos de assumir a responsabilidade das nossas decisões. Sob pena de a própria ideia de Democracia, ou mesmo a sua possibilidade, serem uma miragem. Somos cidadãos, não clientes face à oferta. Temos de estar à altura da nossa liberdade. Da nossa essência.

cabrita de pé na ria de aveiro

cabrita de pé

sem surpresas (mas com um certo ar de alarme)

pela primeira vez desde que tenho consciência cívica e política (desde os meus 11\12 anos) decidi não assistir a uma noite eleitoral. deixei o professor marcelo a pregar aos incautos, o dr. karamba marques mendes a adivinhar o número exacto dos próximos cortes orçamentais, a Judite de Sousa (sem ou com Montenegro; com ou sem equívoco na pessoa) num saco do Pingo Doce e a televisão desligada de forma a poupar energia e pagar menos à China Three Gorges. encontrei-me com a minha princesinha AMF e fomos ao cinema ver Grace of Monaco de Olivier Dahan. apesar da história ser batida, o filme de Dahan acaba por ser bastante interesse e, no plano técnico, é simplesmente fantástico. desde os planos à direcção das cenas, passando pelo límpido som de voz nos diálogos entre personagens.

a campanha foi degredante. do surfer rosa (bem que queria ir ver os pixies para a semana ao primavera sound mas mas todo o argent é escasso nos dias que correm) nos currículos escolares aos vírus despesistas. de reminiscências do holocausto que não foi vivido em verso à governação socratina. Até o filósofo (cientista política, teorético político) teve que se meter na querela e vir a público lavar roupa suja. Sócrates himself, teve ali uns 7 orgasmos seguidos durante os 3 episódios em que pode comentar a campanha. discutiu-se tudo excepto política europeia. discutiu-se tudo excepto os problemas que neste momento precisam de ser resolvidos na europa bem como os que estão a rebentar. como a deflação. o partido socialista ainda tentou lançar a discussão sobre a mutualização da dívida na fórmula desusada de eurobonds mas… com tamanha babugem estavam à espera que a malta andasse informada e estivesse minimamente ciente dos projectos europeus defendidos pelos candidatos?

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Eis a próxima coligação de Governo em Portugal

seguro e marinho

O Costa da Câmara

antonio costa
António Costa, na Quadratura do Círculo, já leu a sina ao seu partido, deixando no ar, quanto ao seu próprio papel, mais um sibilino “não me comprometa”. Não deixou, porém, de traçar uma estratégia, não se ficando a saber se na condição de conselheiro se de putativo alternante. No seu estilo florentino e um tanto opaco, veio anunciar o que todos sabemos: que à derrota histórica da direita o PS tinha oposto uma vitória pífia.

onstatando, por outro lado, que os votos de rejeição do governo se tinham dispersado – além das enigmáticos votos em branco, nulos e “abstenção violenta” – por várias forças de esquerda, onde releva o excelente resultado da CDU, Costa deu a táctica: abordar essas forças de esquerda, com elas estabelecendo um diálogo que potenciaria a capacidade para determinar uma alteração de liderança no PSD. Posto isto, dir-lhes-ia adeus, agradeceria os serviços prestados e faria uma aliança com a direita. Só não percebe quem não quer. [Read more…]

Ganhar, perder e aprender

vadot-europe

Há eleições que todos ganham, nestas europeias todos perderam.

Perdeu a troika, que viu os seus partidos descerem e muito, perdeu o BE, que recua uma década, perderam os dois novos partidos, ao Livre não valeu o colo da comunicação social, o MAS ficou atrás do PNR.

Todos, todos, no que toca a Portugal, não será o caso: a CDU cresceu (mas não evitou que o seu grupo parlamentar tenha perdido um ou dois deputados) e o Marinho Pinto fez-se eleger por quem desta vez escolheu (em 2004 ofereceu-se para cabeça de lista do BE). [Read more…]

O projecto europeu

está sob ameaçaSim, está. Todos os projectos estão sob ameaça. O projecto precisa de protecção. Protejam o projecto.

It’s The End of The World as we Know it….

….mas eu não fico satisfeito, ao contrário do que diz a música dos REM.

Não fico satisfeito (nem surpreendido) com a vitória da extrema-direita (e extrema-esquerda, as quais não distingo em nada) por essa Europa fora. É alarmante. Assustador.

Representa o princípio do fim do sonho europeu. E nestes momentos o melhor é não esconder os culpados: o centro direita e o centro esquerda europeus. Todos sem excepção. Porque levaram o eleitorado a ter de fazer estas escolhas. Porém, o eleitorado não pode fazer de conta que não é nada com ele.

Quando amanhã regressarem as fronteiras, as pesetas/escudos/francos e o retrocesso da liberdade, talvez se lembrem do dia 25 de Maio de 2014. Ou talvez não.

Resultados Eleições Europeias 2014

europeias 2014 resultados Vantagem de 3.75 pontos percentuais para o PS à 1:00. Com efeito,  o “Partido Socialista teve uma grande vitória“. Vê-se também que 15 mil idiotas votaram na extrema direita – a falta que faz a História a esta gente. O Livre… continua livre para a próxima eleição. Já o MPT, perdão, Marinho e Pinto, conseguiu capitalizar o voto de protesto, o que não aconteceu com o BE. O PCP voltou a subir e PSD/CDS continuam a campanha eleitoral iniciada há duas semanas.

Gostam de austeridade? Preparem-se, que vem aí um ano desapertar o garrote até às legislativas, para depois voltarmos ao mesmo. Oposição, não se preparem, não.

Actualização:

Com os resultados de inscritos e votantes já disponíveis (7965 inscritos e 481 votantes) dos consulados que têm suspenso o apuramento por estarem a aguardar, para apuramento, os votos de mesas com menos de 100 eleitores, é possível concluir pela certeza da distribuição dos quatro mandatos ainda não atribuídos na plataforma às candidaturas da Aliança Portugal, CDU – Coligação Democrática Unitária, Partido da Terra e Partido Socialista (indicados por ordem alfabética, por não ser definitiva ordem da sua atribuição). (daqui)

Assim, a distribuição dos mandatos fica: PS 8, PSD/CDS: 7, CDU 3, MPT 2, BE 1