Pilotos, Responsabilidade e Cerveja

Meditações na Cervejaria

(com a devida vénia à Ana Cristina Pereira Leonardo e ao seu blogue “Meditação na Pastelaria”)

cervejaria-trindadeTenho andado a ponderar bastante sobre o tema da Responsabilidade, no sentido ontológico-ético-político-geográfico e cheguei à seguinte conclusão sustentada (pelo menos tão sustentável como as conclusões do Passos Coelho, do Pires de Lima – ministro da Cerveja – e restantes apêndices do Governo; da Helena Matos, do João Vieira Pereira, do José Manuel Fernandes e do Camilo Lourenço):

– A responsabilidade pela presente situação que o país atravessa é integralmente imputável aos Pilotos!

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– Aos Pilotos da TAP? perguntarão alguns de forma enfática.

– Não! É da responsabilidade dos Pilotos, tout court: desde aquele primeiro bandalho que nos idos de 1415 dirigiu a frota até Ceuta, passando pelos Pilotos das armadas do Bartomeu Perestrelo e do Vasco da Gama, da Armada frustrada a Tãnger e dos que nos conduziram até Alcácer-Quibir.
A desprezível prole que nos legaram, representada nos dias que correm pelos Pilotos da TAP, prepara-se agora para “precipitar” o país contra uma montanha, metafórica, fazendo soçobrar os esforços dos nossos magníficos Governantes que, desde então, sempre com grande lisura, sapiência e diplomacia têm lutado para evitar o naufrágio eminente, e evidente, num esforço sobre-humano a remar contra a maré.

A prova disso é o crescimento ímpar das exportações, mérito exclusivo do homérico trabalho, empenho e competência de Sua Coelheza, não relevando para este efeito a desvalorização do Euro face às restantes moedas de referência, nem a descida do preço do petróleo nos mercados internacionais ou, muito menos, a ubíqua presença do BCE nos mercados secundários da Dívida, como afirmam algumas mentes torpes e mal intencionadas.

Igualmente irrelevantes são os mega-desfalques no BPN e no BES, fungíveis através de dinheiros públicos. Os assaltos realizados a partir da administração dos Bancos, as falcatruas do Sistema financeiro, com as taxas e os empréstimos predatórios, bem como as trapaças com os fundos europeus nada têm que ver com a dívida muito menos com o défice, apesar do que insinuam alguns tipos mal-formados e péssimas pessoas, que se não são “pobrezinhos” imitam muito bem.

Também os negócios do Brasil, realizados pela actual administração, como a peregrina ideia de comprar uma empresa falida cujo prejuízo estimado já vai em 800 milhões, são alheios à descapitalização da TAP. Este foi um negócio que revela assinalável “visão estratégica” (pelo menos em termos de garantir empregos milionários, num futuro próximo, a alguns governantes, ex-governantes e futuros ex-governantes).

Devia apurar-se o custo exacto de um Piloto por contraposição ao custo consolidado de cada velho e decidir quais deverão ser eliminados em primeiro lugar.

A Bem da Nação
João de Sousa

Comments

  1. Rui Silva says:

    No tempo dos descobrimentos se já houvesse as “low-cost” Vasco da Gama tinha isso na Ryanair, ia mais depressa e mais barato.

    Rui Silva

    • ZE LOPES says:

      Aí é que V. Exa se engana! Já existia a Ryansea, que tinha umas barcarolas de madeira com velas de serapilheira. A maior parte acabou no Mar da Palha, outras no Bugio. A que foi mais longe (embora rebocada por uma Nau a sério) foi a que se afundou no Delta do Mekong e deixou o Camões em apuros. Quase se perdia a maior parte dos Lusíadas, não fosse o homem um exímio nadador a vau! Mas há cantos que nunca mais apareceram! Por exemplo um que tinha uma elegia a Catroga, que aparecia ligado à deusa chinesa Nu Kua, que é a que lhe enchia as barragens! Tá a ver os prejuízos que causam as ilusões das “low cost”? Francamente!

      • Formidável! hehe!

      • Rui Silva says:

        Caro Ze Lopes,
        Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre se a crescente influência da mídia desafia a capacidade de equalização da gestão inovadora da qual fazemos parte. A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com o consenso sobre a necessidade de qualificação acarreta um processo de reformulação e modernização dos modos de operação convencionais.

        cumps

        Rui Silva

        • ZE LOPES says:

          Não me diga que está a citar um dos cantos perdidos de “Os Lusíadas”. Parece-me realmente aquela parte em que Camões chamava a atenção de D. Manuel para a necessidade de implementar uma nova forma de gestão estratégica dos Descobrimentos. até porque, como já estava tudo a ficar descoberto, havia que repensar processos e procedimentos. Desse ponto de vista, foi pena que se tivesse perdido no naufrágio da Ryansea. Quanto ao valor literário, não se perdeu grande coisa. A rima é um tanto pobrezinha. quase nem se nota, coitadinha!

  2. ZE LOPES says:

    A propósito do que diz, faço notar que Portugal é um país de grandes pioneiros da aviação. Muito antes do Coutinho & Cabral (que voaram para o Brasil sempre à roda de um navio comandado por Américo Thomás, que lhes mandava cá de baixo bolos de bacalhau e copos de tinto) já vários pilotos ao serviço de D. Afonso Henriques tinham colocado muita gente a voar das muralhas do Castelo de S. Jorge. Honra á sua memória! Fazem cá muita falta.

  3. Nightwish says:

    Os contractos e acordos são para cumprir ou para fazer de conta, ó liberais? Se são para cumprir, o governo e a TAP que façam o que lhes compete.
    Se é a lei do mais forte, bem, ao menos assumem.

  4. Reblogged this on O Retiro do Sossego.

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