Cul-de-sac

Num rasgo de generosidade, Passos Coelho já não quer só o apoio ou a passividade política do PS: convida-o, formalmente, a integrar a coligação de governo. Aí, o CDS, já em estado de stress histérico, pareceu desatinar de vez. E podemos ver a seráfica Cristas a perder a cabeça numa simples entrevista televisiva, patenteando o engraçado espectáculo de alguém com um património vocabular curto e competências discursivas limitadas a tentar exprimir a sua aflita indignação. Finalmente começa a escancarar-se aquilo que se insinuava já nas intervenções de algumas figuras da direita intelectualmente mais ágeis: o pecado original da direita – com total prejuízo do PSD – foi a disparatada coligação pré-eleitoral que retirou ao PSD toda a agilidade negocial – lá se foi a hipótese do bloco central… – e brindou o CDS com uma percentagem absurda de deputados, à qual jamais chegaria deixado a si próprio. Dá vontade de perguntar que estranha força de chantagem este partido tinha sobre o seu parceiro para obter tal vantagem. Agora, enclausurado no beco em que se meteu, o PSD limita-se a ir ensaiando umas variações ressabiadas e um tanto rascas, enquanto vê o seu partenaire CDS, num delírio de declarações proto-fascistas, cortando cerce qualquer saída do buraco em que se meteram. É que minutos depois de Passos Coelho ter convidado António Costa para integrar a coligação de direita, Assunção Cristas veio dizer do líder do PS coisas que aqui não se reproduzirão por uma questão de simples decência. Mas que nos estimula a imaginação sobre o que aconteceria se todas estas figuras se encontrassem na mesa da governação. Alguém falou aí em estabilidade?

Comments

  1. Fernanda says:

    Não está nada mal pensado.

    Querem ver que vamos assistir a um flick flak encarpado à rectaguarda?

    Atiram-se uns pela janela e deixam-se entrar outros pela porta dos fundos.

Trackbacks

  1. […] Fonte: Cul-de-sac […]

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