Montenegro engolido pelo vórtex

Quando escrevi o post anterior, ontem à noite, não imaginava que a capa do CM de hoje seria esta. Mas é mais do que merecida. O Bloco Central nunca desilude!

…e, suspeito, Luís Montenegro acaba de tirar bilhete para se transformar no António José Seguro do Carlos Moedas. Quem lhe mandou começar a campanha de 2026 em 2022?

I Love Bloco Central

«Poder local foi “a maior conquista” do 25 de Abril»

«O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Fernando Ruas, considera que “o poder local foi a maior conquista” do 25 de Abril de 1974, permitindo democratizar o investimento público.», JN, 25 Abril 2011

As fragilidades do SNS e outras áreas menos frágeis do sector público

Faltam médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares em praticamente todas as unidades de saúde do SNS. Não há dinheiro para mais contratações, alega o governo, mas depois vão contratar tarefeiros pelo triplo ou pelo quádruplo do valor pago aos profissionais com vínculo contratual. E depois queixam-se que os portugueses não acreditam na gestão pública. Pudera…

Num outro Portugal, numa galáxia far far away, vive-se uma realidade totalmente diferente, das autarquias ao Parlamento, onde não falta nem nunca faltou um euro que fosse para contratar assessores, adjuntos, chefes disto e daquilo e mais uns quantos profissionais do tacho político-partidário. Uma casta sobretudo proveniente do Largo do Rato e da São Caetano à Lapa, mas que vai hoje muito para lá do centrão das negociatas e dos escândalos de corrupção, fraudes variadas e tráfico de influências.

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A ideologia do contra

Rodrigo Gavazzi

 

Para o Partido Comunista Português, a sua política externa foi sempre o seu grande
calcanhar de Aquiles diante da opinião pública, com algumas defesas polémicas de regimes
que ostentavam algum tipo de ideologia similar à sua. Contudo, a Guerra na Ucrânia e a
atenção mediática e política em volta da mesma, fez com que a política externa do PCP
tomasse o palco principal da ação do partido, como não tinha acontecido até hoje.
O apoio, ou a ambiguidade deliberada do PCP em relação a regimes cujo currículo
democrático é, no mínimo, duvidoso, não é recente, contudo, costumava sempre pautar-se
pela defesa de estados que, de uma forma ou de outra, defendiam a ideologia marxista-
leninista, ou uma aproximação da mesma, com este apoio a ser acentuado num contexto de
Guerra Fria com uma ordem internacional dividida entre Leste e Oeste. Os casos da
Venezuela, Coreia do Norte, Cuba e China saltam à mente, e, achando-se ou não condenável
esta aproximação, era coerente com a orientação ideológica do partido.

No entanto, após o fim da Guerra Fria, e em especial com o virar do século e com o
começar da “Guerra ao Terror” iniciada pelos Estados Unidos após os atentados do 11 de
setembro, o PCP parecia continuar preso ao passado, ao mundo bicéfalo da Guerra Fria,
oposto ao Bloco Ocidental, mas agora contudo com um revés importante: alguns dos regimes
que o PCP apoia ou faz uma defesa ambígua são agora muitas vezes a completa antítese da
ideologia marxista-leninista. Casos assinaláveis como a defesa do Irão, uma teocracia, ou a
Síria, um regime proto-fascista (com um voto infame do PCP contra a condenação do uso de
armas químicas contra civis por parte de Al-Assad), ou ainda no século XX, contra a
intervenção da NATO na Jugoslávia, contra o regime fascista sérvio, numa tentativa de travar
o genocídio bósnio e kosovar, demonstam a mudança da política externa do PCP, que passou,
de certa forma, de uma política de “defesa dos seus”, para uma posição que apenas se prima
por ser anti-NATO, anti-UE e anti-EUA, deixando muitas vezes, entre votos de solidariedade
e atirar de culpas para estas facções, apoios a regimes que, em muitos casos, não tolerariam a
sua existência. [Read more…]

Bloco Central

Foto: Lusa/Mário Cruz

Temos os Ricardos Salgados que merecemos

Ricardo Salgado é a ilustração perfeita da casta de parasitas que o sistema capitalista criou em Portugal. Uma casta que abusa tanto quanto lhe permite a regulação, fraca ou inexistente, combinada com uma classe política tendencialmente servil e corrupta, como aquela que PS e PSD nos vêm oferecendo há 40 e pico anos, juntamente com uma justiça ineficiente, não por falta de competência dos seus operacionais, mas por manifesta falta de recursos para bater de frente contra o milhões que os Salgados nos sacam para pagar os melhores advogados, dos melhores escritórios, quase sempre em Lisboa, inevitavelmente ligados a PSD e PS, todos juntos a rodar na porta giratória. Bancos, escritórios de advogados, uma série de empresas e empresários que empreendem através da aquisição de deputados e autarcas, e um bloco central de moços de recados que ninguém escrutina nem quer escrutinar. Porque não têm como, porque não têm tempo, porque não têm recursos, porque têm medo, porque foram comprados, porque são idiotas úteis. Não há volta a dar: ou percebemos, de uma vez por todas, que isto só lá vai com uma sociedade civil educada, informada, mobilizada e organizada para combater este lamaçal, capaz de regular devidamente o sistema, ou ver Salgado na Sardenha de férias, depois de há duas ou três semanas não ter comparecido no tribunal devido à sua saúde debilitada, será o menor dos insultos a que seremos sujeitos. Pior: será um insulto merecido. Uma sociedade que se permite ser roubada e enganada de forma tão descarada, está mesmo a pedi-las.

Crónicas do Rochedo 43 – Ainda discutem um novo Aeroporto???

Nos últimos dias foram publicadas duas notícias que são todo um programa para o que nos espera nos próximos tempos. A primeira foi no Observador, uma entrevista ao Presidente do Grupo Jerónimo Martins onde ele explica que estamos a caminhar para uma crise grave, muito grave. Profunda, nas suas palavras. “Relativamente ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “que está proposto, para mim ainda não está totalmente claro como é que vai funcionar, nem em que áreas”, prosseguiu, salientando que aquilo que tem sido transmitido pela comunicação social portuguesa sobre o tema não o deixa “minimamente confortável”, fim de citação.

A outra foi num dos jornais de economia de Espanha, o Expansión. Onde é explicado que este verão é a última oportunidade para salvar a economia espanhola se e só se o governo espanhol consiga elaborar um plano de regresso a uma normalidade económica. Caso contrário, o abismo. Algo que se aplica a Portugal – a Grécia, a Turquia e o Chipre já se adiantaram e ficaram com a fatia de leão das reservas de verão que se vendem no primeiro trimestre do ano. Ora, perante tudo isto, qual a mensagem que passam os nossos governantes?

Estão a discutir o novo Aeroporto de Lisboa. Ainda e sempre. Ora agora é no Montijo, ora depois é em Alcochete e por fim será onde as negociatas do eterno e sempre em pé bloco central deseje. A sério que estão a discutir esta merda? No meio de uma crise económica sem precedentes continuam com a treta do novo aeroporto? Olhem, aproveitem o elefante branco de Beja, metam um comboio rápido e vão ver que não será muito diferente, em termos de distância/tempo do caso de Beauvais (Paris) ou Memmingen (Munique), entre outros exemplos nas grandes cidades da Europa.

A sério que os nossos (ir)responsáveis políticos consideram, hoje, que a construção de um novo aeroporto é algo útil para a nossa economia? É o novo aeroporto que vai salvar o turismo (em Lisboa, no Algarve, no Porto, nas ilhas?), que vai salvar da falência as centenas de milhar de empresas que estão, na realidade, falidas? Que vi criar postos de trabalho em número suficiente para regressarmos aos valores pré pandemia? É esta a visão de futuro do governo de Costa?

Notas sobre as presidenciais 7: Ana Gomes against the system

Não quero imaginar o que teria sido esta eleição sem a candidatura de Ana Gomes. Sem uma candidatura que representasse o espaço que vai da social-democracia ao socialismo democrático, onde me posiciono ideologicamente. Sem uma voz de esquerda suficientemente corajosa para questionar o establishment socialista, mas sem nunca renegar o europeísmo ou as vantagens de uma economia mista, onde os sectores público, privado e social se complementam, regulados pelo Estado. Uma voz do centro-esquerda com provas dadas de carreira e competência, que tem sido um farol na luta contra a corrupção, contra a criminalidade económica e a favor de um Estado mais honesto e transparente. Senti-me representado desde o primeiro momento, mesmo sabendo tratar-se de uma eleição com um resultado mais do que expectável, que de resto se veio confirmar. [Read more…]

Chega, o filho bastardo do estado a que isto chegou

 

Disse Pedro Norton:

Quando os partidos tradicionais do nosso sistema político começarem a tratar o Chega mais como consequência do que como causa, ter-se-á iniciado a travagem do seu crescimento.

E isto fez-me pensar. Efectivamente, o Chega não é O problema (apesar de ser um problema), ou pelo menos não é a origem dele. O Chega, tal como outros epifenómenos idênticos, é uma consequência directa do estado a que isto chegou. Do Estado em permanente estado de desconfiança, que se funda na percepção, cada vez mais alargada, e não muito desfasada da realidade, da existência de uma enorme rede de corrupção instalada nos vários patamares da governação e da administração pública, que se cruza com a banca, algumas das principais sociedades de advogados portugueses, várias empresas e empresários e, claro, toda uma corja de políticos servis, que manobram a coisa pública a toque de caixa de quem lhe poderá, um dia, dar acesso à tal porta rotativa. De Lisboa até à mais recôndita freguesia deste país. [Read more…]

Não CHEGA, Sr. Presidente

Marcelo Rebelo de Sousa vetou e bem a vergonhosa lei que tinha sido aprovada pelos traidores deputados do bloco central do NOSSO Parlamento, a qual, com o intuito de nos açaimar, determinava mais do que a duplicação do número mínimo de assinaturas requeridas para permitir que uma petição cidadã fosse discutida em plenário na AR.

O PSD até queria que fossem 15.000 (a meu ver, os votantes deste partido ou serão masoquistas, ou terão algum tacho) mas, numa negociata com o PS, entenderam-se pelas 10.000. O Presidente vetou a alteração do exercício do direito de petição “por imperativo de consciência cívica”, considerando tratar-se de um “sinal negativo para a democracia portuguesa”. Marcelo demonstrou ainda que um dos argumentos avançado pelos partidos para justificar essa alteração, nomeadamente, “o excesso de petições”, era pura mentira, já que “O número de petições desceu em 2018 e 2019, relativamente a 2017 – portanto, não é válida a justificação do trabalho parlamentar.”

Preto no branco, tratou-se de um ataque à democracia, ainda por cima apoiado em patranhas. [Read more…]

Robles, hienas e abutres

Foram de árduo trabalho, estes últimos dias em que as hienas e os abutres saíram à rua para tentar convencer os portugueses que o caso Robles coloca o Bloco de Esquerda no mesmo patamar dos antros de contradições, desonestidade, tráfico de influência e corrupção em que se transformaram, há décadas, os partidos do chamado “arco da governação”, apesar de ainda lá resistirem algumas pessoas de bem.

Foi hercúleo, o esforço empregue pela imprensa arregimentada à direita – que é quase toda, apesar da trampa lusitana que se esforça por aldrabar as ovelhas do contrário – pelos painéis de comentadores televisivos, onde o CDS-PP parece ter a dimensão do PSD e do PS, e pelos opinadores virtuais independentes com cartão de militante, que alternam, quais alternadeiras, entre contas pessoais e perfis falsos de patifaria eleitoral.

Durante os dias quentes da polémica, Ricardo Robles disputou espaço mediático com Cristiano Ronaldo. Sim, chegamos a esse ponto. O sistema não podia perder a oportunidade de tentar destruir o Bloco de Esquerda. Foi o que foi. E só foi porque Robles assim o quis. O agora ex-vereador bloquista, que fez campanha com o foco na oposição à especulação imobiliária, era afinal um especulador imobiliário. Uma vergonha. Uma facada no partido que representa. Um dos piores momentos de sempre do Bloco de Esquerda, talvez o pior. Mas, ainda assim, a anos-luz da canalhice a que nos habituou a fina-flor da elite que vem comandando o bloco central, táxi incluído. [Read more…]

Dança de boys na EDP

Apesar de estar hoje sob a égide de outro estado, uma ditadura à qual os pseudo-liberais que engavetaram a social-democracia alegremente entregaram o controle estratégico de uma das mais importantes empresas nacionais, a EDP continua a ser um prestigiado viveiro de boys do bloco central e do seu pequeno táxi populista. Hoje ficamos a saber que Eduardo Catroga, boy de Pedro Passos Coelho, será substituído por Luís Amado, destacado boy socialista, para integrar um órgão repleto de profissionais do tacho como Braga de Macedo, Celeste Cardona ou Ilídio Pinho. Avante, camaradas!

Ainda sobre a merda do SIRESP

Segundo o Jornal de Negócios, o Estado português terá recusado vender a posição da falida Galilei na empresa SIRESP SA. A herdeira da fraudulenta SLN detinha 33% da empresa, mas a comissão de credores, liderada pela estatal Parvalorem, rejeitou a proposta da Green Services Innovations, alegadamente por estar muito abaixo do valor previsto.

É incrível que alguém queira comprar uma parcela desta porcaria inútil, mais incrível ainda que se recuse qualquer valor por ela. Num país de PPP’s onde o lucro fica sempre no sector privado e os encargos quase todos do lado do público, qualquer meia-dúzia de euros seria bem-vinda. Neste caso, porém, a empresa britânica estava preparada para avançar com 2,5 milhões de euros, valor que, considerando a avaliação da SIRESP SA, encomendada pela comissão de credores à Ernst & Young, que atribui um valor total de 9,7 milhões à empresa, não é seria assim tão mau, principalmente por se tratar da inutilidade do SIRESP.  [Read more…]

O novo Aeroporto do Bloco Central

A 21 de outubro de 2016, na minha página de facebook, escrevi isto:

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Hoje ficou a coisa devidamente decidida. Como mandam as regras. E no twitter Romeu Monteiro lembrou isto:

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O Bloco Central nunca falha. Melhor dito, o “Arco da Governação” nunca falha. Mesmo agora que foi alargado e para além do PS, PSD e CDS já conta com o BE e a CDU.

Cul-de-sac

Num rasgo de generosidade, Passos Coelho já não quer só o apoio ou a passividade política do PS: convida-o, formalmente, a integrar a coligação de governo. Aí, o CDS, já em estado de stress histérico, pareceu desatinar de vez. E podemos ver a seráfica Cristas a perder a cabeça numa simples entrevista televisiva, patenteando o engraçado espectáculo de alguém com um património vocabular curto e competências discursivas limitadas a tentar exprimir a sua aflita indignação. Finalmente começa a escancarar-se aquilo que se insinuava já nas intervenções de algumas figuras da direita intelectualmente mais ágeis: o pecado original da direita – com total prejuízo do PSD – foi a disparatada coligação pré-eleitoral que retirou ao PSD toda a agilidade negocial – lá se foi a hipótese do bloco central… – e brindou o CDS com uma percentagem absurda de deputados, à qual jamais chegaria deixado a si próprio. Dá vontade de perguntar que estranha força de chantagem este partido tinha sobre o seu parceiro para obter tal vantagem. Agora, enclausurado no beco em que se meteu, o PSD limita-se a ir ensaiando umas variações ressabiadas e um tanto rascas, enquanto vê o seu partenaire CDS, num delírio de declarações proto-fascistas, cortando cerce qualquer saída do buraco em que se meteram. É que minutos depois de Passos Coelho ter convidado António Costa para integrar a coligação de direita, Assunção Cristas veio dizer do líder do PS coisas que aqui não se reproduzirão por uma questão de simples decência. Mas que nos estimula a imaginação sobre o que aconteceria se todas estas figuras se encontrassem na mesa da governação. Alguém falou aí em estabilidade?

Afunilamento Democrático: a verdade sobre o sequestro da democracia pelo bloco central

Who controls the past

É recorrente, em discussões com amigos ou conhecidos que apoiam os partidos do bloco central, ouvir da parte destes o argumento de que estamos em democracia, que o povo é livre para escolher ou para formar partidos e que todos têm iguais oportunidades de chegar ao poder. E se os dois primeiros são questionáveis, o terceiro é pura e simplesmente falso.

Trata-se de um argumento que serve essencialmente para justificar aos militantes e simpatizantes de partidos como o PS ou o PSD a sua permanência ad aeternum no poder. Porque por mais poder que as cúpulas possam concentrar, esse poder só existe e se mantém porque existe uma base de apoiantes leais, muitos deles permeáveis a qualquer tipo de propaganda e dispostos a (quase) tudo e que, regra geral, desconhecem os meandros podres e anti-democráticos por onde passa parte substancial das movimentações políticas de quem efectivamente manda. Se soubessem, PS e PSD assemelhar-se-iam mais a mafias do que a partidos políticos porque pouco mais que criminosos por lá permaneceriam. [Read more…]

Dr. Passos Costa

passos-costa

As claques do PàF festejaram durante vários dias a vitória de Pedro Passos Coelho (PPC) no debate radiofónico transmitido em simultâneo pela TSF, Renascença e Antena 1. Motivo: António Costa (AC) meteu os pés pelas mãos com os números relativos aos cortes de 1000 milhões em prestações sociais que constam no seu programa e o sucedido resulta imediatamente num triunfo absoluto do homem que abria portas na Tecnoforma. Interessante a ausência de comentários dos abanadores de bandeiras da coligação sobre o grande momento que marcou a agenda da campanha na passada Segunda-feira, quando o ainda primeiro-ministro anunciou, há hora do almoço, que o seu governo se preparava para efectuar um pagamento antecipado ao FMI no valor de 5,4 mil milhões de euros para, no final do dia, vir emendar a mão e explicar aos portugueses que afinal o pagamento diz respeito a um empréstimo obrigacionista. Costa desculpou-se no Facebook, Passos Coelho num comício, devidamente protegido pela bolha para que não se volte a encontrar com senhoras de cor-de-rosa ou a protagonizar momentos patéticos como a da subscrição pública a favor dos lesados do BES. [Read more…]

O emagrecimento do bloco central

A sondagem de Junho da Católica inverteu-se e o PS ultrapassou a coligação. A boa notícia é que o bloco central perde 5% de intenções de voto, ficando ligeiramente acima dos 70%. Estamos no bom caminho.

O princípio do fim da privacidade dos portugueses

Privacidade

Quando valores mais altos se levantam, o bloco central diz presente e coloca de lado as suas diferenças de fachada, à semelhança daquilo que aconteceu há uns meses quando se juntaram para tentar controlar o trabalho da comunicação social durante as campanhas eleitorais através de uma espécie de visto prévio estilo lápis azul. Como se o “ascendente” que têm sobre a imprensa não fosse já suficiente.

Foi ontem levada ao Parlamento uma proposta da maioria para reforçar o poder das secretas portuguesas cuja aprovação, segundo me foi possível apurar (não encontro informação que me esclareça para além da notícia do Expresso Diário de Terça-feira), terá contado com o apoio do PS. A proposta permitirá, entre outras coisas, que os espiões acedam às listas de chamadas de qualquer cidadão (Jorge Silva Carvalho, antigo chefe do SIED que trabalhou para a Ongoing mas que afirma nunca ter disponibilizado informações à empresa, começará a ser julgado dentro de dois meses por aceder ilegalmente à lista de chamadas do jornalista Nuno Simas), dados de comunicações online, informação bancária e dados fiscais, bastando para isso uma aprovação de uma comissão composta por três magistrados do Supremo Tribunal de Justiça. Contudo, a proposta do bloco central é vaga sobre os critérios subjacentes à tal aprovação, não implicando sequer a existência de indícios fortes do investigado ter cometido qualquer crime.

Sobre o último ponto, a Comissão Nacional de Protecção de Dados emitiu um parecer que critica violentamente a proposta, afirmando que representa “uma agressão grosseira aos direitos à privacidade e à protecção de dados pessoais e, em consequência, ao direito à liberdade“. Um Patriot Act ao virar da esquina. Sejam bem-vindos ao princípio do fim da vossa privacidade.

Ruralidades dos mitos urbanos

Continuar a fazer o mesmo mas esperar resultados diferentes. Um mito feito à medida do bloco central de eleitores e de governação.

Não é a Grécia, é Portugal

portugal nao e a grecia

A campanha contra a Grécia já chegou à xenofobia germânica (o Die Welt acusa a Grécia de ter destruído a Europa de Metternich em 1821 e manda umas bojardas arianas sobre a “composição étnica do povo grego”), para não lhe chamar outra coisa.

Por cá, entre mentiras e manipulações de números, fica a acusação de que a culpa é dos gregos porque votaram no Syriza. Ora precisamente os gregos, que votaram durante décadas no seu bloco central, mudaram o rumo.

Quem ainda tem um governo inventado por um Relvas e um Marco António, facilitadores de negócios profissionais, não é a Grécia, é Portugal.

Quem tem um ministro Portas que escapa do caso dos submarinos e Portucale, não é a Grécia (que até julgou e condenou o ministro que fez o mesmo), é Portugal.

Quem tem um primeiro-ministro que andou a sacar fundos europeus para coisa alguma, caloteiro da Segurança Social e que teve uma longa carreira entre a política e os negócios, não é a Grécia, é Portugal.

Quem tem um ex-primeiro-ministro preso, que tudo indica será acusado de corrupção e absolvido porque impediu que as propostas de Cravinho fossem aprovadas, mantendo a corrupção política como crime quase impossível de provar, não é a Grécia, é Portugal.

Quem nas próximas eleições vai eleger os do costume, porque tem uma esquerda de egos incapaz de se unir e avançar para o poder, não é a Grécia, é Portugal.

Portugal não é a Grécia, pelo menos por enquanto. Tenho pena, muita pena, essa parte os gregos já resolveram.

Fotografia: Rogério Santos

Com Francisco Assis vale tudo, menos andar de Renault Clio

Assis

Em entrevista à Rádio Renascença em Fevereiro de 2013, Francisco Assis criticava aqueles que apupavam o governo e pedia contenção verbal no Parlamento, que segundo o eurodeputado recorria a linguagem “extremista” nas suas críticas ao executivo de Pedro Passos Coelho. Como se esta curiosa simpatia pelo governo não fosse já suficiente, Assis fez a seguinte afirmação, que apanhou muitos socialistas de surpresa:

Será mais fácil fazer aliança com uma direita que, entretanto, se terá livrado da tentação neoliberal que hoje marca claramente a actual maioria

Volvidos pouco mais de dois anos, Francisco Assis veio dar o ar da sua graça à convenção do Partido Socialista, mas o discurso, no que aos seus potenciais parceiros do PSD diz respeito, mudou radicalmente. E radicalmente é o termo certo na medida em que, após as críticas a todos aqueles que no Parlamento usavam linguagem extremista para atacar o governo, é Assis quem agora qualifica o governo com quem há dois anos considerava coligar-se de extremista e apela com veemência ao afastamento do seu partido de qualquer compromisso com a coligação PSD/CDS-PP:

Não pode haver compromissos com esta direita extremista

Hoje é fácil coligar com a direita, amanhã são extremistas e Deus os livre de qualquer compromisso com essa gente. Com Francisco Assis, todas as opções estão em cima da mesa, excepto andar de Renault Clio.

Uma imagem vale mais que mil trafulhas

Barco Afundado

Imagem@FB Revista Architecture & Design

Um barco a afundar e um bando de chicos-espertos que, como ratos, agarram o que podem e saltam borda fora. Eis o país sob permanente assalto dos piratas do bloco central.

Desvendado o mistério da “longevidade” de Dias Loureiro

DL

Creio ter desvendado o mistério da longevidade de Dias Loureiro. Não me refiro, claro, aos 63 anos bem vividos, parte deles a mamar na teta do Estado, outra parte no banco fraudulento do cavaquismo. Refiro-me a forma com vem fintando a “extinção”. Até porque trafulhas políticos é o que não falta neste país. Dias Loureiros são mais raros. E o segredo parece estar nos amigos e aconselhados. E nessa massa una que é o bloco central.

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Eduardo Catroga e o elogio do bloco central

Passos Catroga

Foto@Puxa Palavra

Eduardo Catroga, um dos maiores beneficiários da ascensão de Passos Coelho, apesar da aparente falta de tempo para exercer as funções inerentes ao tacho cargo para a qual foi nomeado, deu uma entrevista ao jornal Público na qual afirmou que o PSD devia pedir desculpa aos portugueses por não ter reduzido a despesa pública e pelo “colossal aumento de impostos“. Acrescentaria que o primeiro-ministro nos deve vários outros pedidos de desculpa (que não irei agora enumerar na medida em que tal me obrigaria a alongar em demasia), nomeadamente pela transformação de antigos conselheiros e profissionais do spin em boys com privilégios a mais para um país onde, como referiu e bem Catroga, a despesa publica continua descontrolada e a carga fiscal é colossal.

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Chumbaram propostas do PS e PCP para reforçar protecção de menores

mas agora alegam que precisam de mais meios. Pelo caminho morreram duas crianças. É o bloco central: partido primeiro, país muito depois. Doa a quem doer.

Portugal revisto em 3 minutos

Memória dos anos 80 e seu Bloco Central

Não sei o que bebem nos jantares parlamentares de Natal, mas produz efeitos notáveis. António Costa recordou e exaltou os tempos do Bloco Central dizendo  que nos anos 80 “tudo teria sido impossível sem a grande capacidade de mobilização, sem a capacidade política mobilizadora do colectivo nacional que Mário Soares assegurou e nos permitiu sair da crise”. Como há sempre uma emenda pior do que o soneto, já reforçou a asneira:

O que eu quis sublinhar é que o bem mais precioso que o país tem perdido ao longo destes anos é a confiança e que não há nenhum país que seja capaz de vencer uma crise, de superar as suas dificuldades sem recuperar a confiança e dei o exemplo do doutor Mário Soares e da forma como liderou esse Governo.

Deve pensar que a malta anda com amnésia, ou que a tia Merkel também nos ofertou a prima Alzheimer.  Nem de propósito esta tarde passei pelo meu sótão e como de costume não encontrei o que procurava mas dei com um saco onde, entre outras memórias do meu tempo de estudante, estava esta preciosidade:

cabula001
cabula002

O artigo tem a curiosidade de ter sido escrito pelo Marinho da Anop, hoje mais conhecido por António Marinho Pinto, que me substituíra na coordenação do primeiro jornal da Secção de Jornalismo da AAC, episódio que, esse sim, deixo para trás, pela consideração que me merecem vários dos envolvidos. O mesmo não direi da Luís Parreirão, que de presidente da Direcção-Geral saltou para uma conhecida carreira na política e negócios, mais nos negócios Mota Engil que na política. [Read more…]

O bloco central ao virar da esquina

Com Rui Rio a fazer o peditório e o amigo Costa à frente do PS, é uma questão de meses até que o “entendimento de regime se consume.

PODE(MOS) sim senhor!

É certo que é só uma sondagem, mas se o bloco central espanhol pode tremer com a ascensão de um novo partido, porque raio não haverá a nossa central nacional de corrupção e criminalidade de colarinho branco de tremer também?