JJC

Há pessoas assim, excepcionais. No falar ou no estar ou no saber ou no lutar ou em tudo isso.
Notamos logo à primeira. ‎E nunca mais nos esquecemos delas. Passe o tempo que passar.
Era bom que fossemos todos assim.
Mas não somos.
Mas tu eras. E já cá não estás.

Há‎ tanto tempo que deixei de acreditar. Há tantos anos que sei que não é possível.
Mas é nestes momentos que gostava tanto de ser menino outra vez e voltar a ter fé e crer que ainda vou estar contigo outra vez.
Num sitio cheio de água das pedras e onde o nosso Porto ganha sempre.

Por ti respeito, muito respeito JJC. Grande JJC.

Todos os textos do João José Cardoso

podem ser encontrados aqui, pese embora ter legado mais que apenas palavras a quem com ele se cruzou.

“Até um dia destes, homem bom.”

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Carlos Fonseca no seu Solos sem Ensaio.

Surto de «reaccionarismo primário e destrambelhado»

atinge extrema-direita do PS.
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[Samuel Quedas, a propósito da demissão de Sérgio Sousa Pinto do Secretariado Nacional do PS]

As notícias que não passam nas tevês portuguesas #2

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Uma gigantesca manifestação contra o Tratado Transatlântico em Berlim, hoje.

Aventares

 

aventares

Do João José Cardoso.

Adeus, camarada João José!

Casimiro Simões

Vieste de longe, para perto.
E no aconchego das margens do Mondego, sobretudo a esquerda, a velha e a nova esquerda que viveste por dentro e por fora, embora habitando, é certo, a pé firme e enxuto, a banda direita do rio manso, tão Basófias no tempo estival!

Algures na Alta e na Baixa, entre o Trunfo (Trunfé Kopus, carta na manga das repúblicas de Coimbra), a Rádio Universidade e uma efémera e certeira Lista E (“É pró que der e vier!”).
Um projeto associativo arrojado, de gente culta, livre e libertária, que, embora minoritário na safra dos votos, deixou fundas raízes na Associação Académica de Coimbra.

O bulício estudantil, nos anos 80 do pretérito século de Abril, nunca mais foi o mesmo.
Professor de História, abraçaste a intervenção cultural e política, sempre pela tal margem justa do rio, firme nas causas que foram tuas e que são nossas, bem como na criativa arte de esgrimir ideias pela escrita.

E logo tu, que tão bem soubeste pesar cada palavra redigida, como o oleiro molda há milénios as mais belas peças de barro, as quotidianas e as eternas.
Vais agora para longe, companheiro, sem nunca te apartares do coração daqueles que amam a vida fraterna e o ideal progressista de todos os tempos que nos convoca a toque de caixa e clarim.

Dá lá abraços aos nossos de sempre.
Outro para ti.
Sempre!

Nota – Tenho ideia de teres sido tu um dos culpados de eu ser hoje jornalista. Embora com juros de mora, tenho de te agradecer o teu reconhecimento e o teu incentivo.”

Apesar de nunca ter tido a oportunidade de o conhecer pessoalmente penso ser importante dizer que o João sempre foi alguém que me impressionou pela forma como defendia as suas opiniões e pela coêrencia que sempre o caracterizou. O João partilhava de principios salutares e defendia-os de uma forma que está a desaparecer: franca e livremente, sem constragimentos, sem aderir a esta ou aquela posição só porque “é suposto” ou porque “encaixa”. Todos os seus posts neste blog revelam esta independência de pensamento e este espírito crítico. E isto é tão, tão essencial, tão necessário.

O que é preciso são mais pessoas como ele. Até sempre, camarada.

Pequena canção para a memória de João José Cardoso,

a outra pessoa portuguesa que conhecia a música (e as letras!) do Thiéfaine.

Um homem não chora, João.

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Passavam 20 minutos da uma da manhã, estava eu deitado no sofá a fingir que via televisão e o meu telemóvel toca. A tentar recuperar do susto atendi, era o João José Cardoso ou, como indicava o visor, o JJC. Nessa altura eu estava no centro de um furacão por causa de uma entrevista e o João queria puxar-me as orelhas. Pelo que eu disse, como quase todos os amigos nessa altura? Não, pelo meu silêncio absoluto após a mesma. Era assim o João.

Um apaixonado por causas, fossem elas a sua Coimbra, as suas ideias, o seu FC Porto e a sua Académica, os seus amigos ou o seu blogue. E que apaixonado ele era. Ninguém, excepto os que o conhecem, imaginam o que era o João apaixonado. Nem imaginam as vezes que telefonava, fosse a que hora fosse, por causa das mais intensas batalhas da blogosfera. O Aventar isto, o Aventar aquilo, “publica pá, que se foda, temos de dar uma coça a esses gajos”. E quem eram “esses gajos”? Depende da época, da batalha, do momento. O importante era combater, não dar tréguas, ir à luta. Tudo menos falinhas mansas. Sempre de antes quebrar que torcer.

Aparentemente, estávamos ideologicamente distantes. Só aparentemente. Sim, o João era de esquerda e eu de direita e essa poderia até ser uma enorme diferença. Mas não era. O João era um homem de causas e essas não são património de nenhuma ideologia. O João era corajoso, frontal, por vezes até incómodo mas sempre genuíno. Era o que era e ou se amava ou odiava. Por vezes ultrapassava os limites? Quem nunca os ultrapassou??? Por vezes era violento na argumentação? Ora bolas, um exemplo de um homem apaixonado que nunca o tenha sido, um exemplo, um só? E como todos os seres apaixonados era igualmente apaixonante. Era assim o João. E porra, pá, um homem não chora!

Poucos dias depois, liga-me um amigo que faz o favor de ainda ser jornalista, para me fazer uma pergunta: “Quem é o João José Cardoso?”. Expliquei-lhe que era um amigo meu do Aventar. Ao que ele me responde que o João devia ser um grande amigo, daqueles do tamanho do mundo. A justificação era simples, o João, sem eu fazer a mínima ideia, andava entre páginas de facebook e blogues a desancar numa série de malta que, pelos vistos, me criticavam. Perdi o pio. Completamente. Era assim o João.

Por isso, quando hoje o João Mendes do Aventar me telefonou a contar que o João não tinha conseguido matar o filho da puta do bicho que se apoderou dele recentemente, fiquei sem palavras. Porque perdi um amigo, um grande amigo. E fiquei a pensar, “foda-se, devia ter-me metido no carro e levado a água das pedras que o João pedira ontem na sua página de facebook!”.

João: fica comigo, para mim, a nossa última conversa, tida recentemente na esplanada do “Santa Cruz” em Coimbra e tudo o que nela aprendi sobre a tua Coimbra. Nunca me passou pela cabeça que seria a nossa última conversa ao vivo e a cores, pá. Raios parta. Um homem não chora, João!

Até um dia destes.

João José Cardoso (1959-2015)

JJC
A vida é feita de notícias tristes e a de hoje envolve directamente o Aventar. Morreu o João José Cardoso, nosso autor desde o princípio. Estava internado no Hospital de Coimbra e não resistiu a um cancro que se revelou muito mais rápido do que se esperava.
Soubemos da existência deste «bicho mau» em Julho deste ano, quase ao mesmo tempo que ele. Deu-nos a notícia no seu estilo habitual, sem meias-palavras, anunciando a «provável ausência da minha pessoa» e distribuindo o serviço que tinha com ele. Que era muito.
Entre nós, combináramos nos últimos dias uma viagem a Coimbra, mas já não fomos a tempo.
O JJC, como lhe chamávamos, era a alma deste blogue. Há muito que era assim. Com as suas qualidades e os seus defeitos, com uma escrita brilhante, plasmada em mais de 4 mil posts, uma boa dose de generosidade e um mau feitio que por vezes chegava a ser irritante. Era daqueles que não se deixava ficar, que dava sempre luta, que combatia com convicção o que considerava errado. Lutou até ao fim, escreveu o seu último texto no dia em que morreu.
Dizer que o Aventar não será o mesmo sem ele não passa de um lugar-comum, mas é a mais pura das verdades.
Por aqui, hoje estamos de luto. Estamos e estaremos. Desapareceu um de nós. Porque tudo o resto passa a ser secundário, hoje será dia de recordarmos o nosso João José Cardoso. O nosso JJC.
Até sempre, amigo.

Afastar António Costa da liderança do PS o mais depressa possível,

eis o objectivo urgentíssimo da direita, com o apoio do senhor Presidente da República, dos liberais do PS e de Bruxelas. Em nome da defesa do interesse nacional, da sensatez e da estabilidade, dizem. «70% dos que votaram pediram um governo formado pelo PSD+CDS e pelo PS», insistem os mais “atrevidos”.

Antiga casa de guarda florestal

carsa guarda florestal

Guacamole fresco


(c) PES. Outros filmes

Carniceiros

Cameron Salman

Foto@Daily Mail

Por estes dias, a propósito dos ataques aéreos russos contra posições do Estado Islâmico – dizem eles claro – David Cameron acusava o Kremlin de dar cobertura ao carniceiro Al-Assad porque, alegadamente, apenas um em cada 20 ataques atingia os jihadistas enquanto os restantes faziam recuar os rebeldes opositores do regime, que apesar de empunharem armas de fabrico ocidental, têm sido terreno fértil de recrutamento para os fundamentalistas e responsáveis pela morte de civis inocentes e outros atropelos aos princípios mais elementares da dignidade da vida humana. Não admira que os sírios queiram dali fugir a todo o custo.

O mesmo David Cameron que, indignado, se insurgia contra o apoio russo ao regime sírio, é o líder do governo que terá alegadamente feito um acordo secreto com a Arábia Saudita para que ambos pudessem integrar o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU). Há carniceiros e carniceiros e alguns deles têm muito petróleo pelo que devem ser acarinhados pelos moralistas ocidentais. A verdade é que o carniceiro Salman lá conseguiu um seu assento no CDHNU, apesar das execuções por bruxaria e dos bloggers chicoteados em praça pública perante a passividade dos falsos Charlies. [Read more…]