Escrevi, há dias, um post sobre a crise no Brasil que, mais do que respostas, fornecia perguntas. A minha ignorância, a distância, o desconhecimento de muitos dos protagonistas e dos seus interesses e ligações, a não verificação da verdade ou da mentira nos “factos” mediáticos, a velocidade dos acontecimentos e a minha própria estupefacção, tudo isso me aconselhava a ter mais dúvidas do que certezas.
Nestes dias vertiginosos fui procurando entender melhor a situação. Avancei pouco e, separado o joio, quase não me sobra trigo.
Duas ou três certezas, tenho: o país está divido, a Política e a Justiça não estão devidamente separadas (e ambas albergam muita gente pouco recomendável), o regime (não me refiro ao governo) precisa de refundar-se, a corrupção é transversal e endémica – chegando-se ao ponto de indiciados e pronunciados por corrupção se atreverem, sem um pingo de vergonha ou de oposição no interior dos seus próprios partidos, a acusar, apreciar, votar e pertencer a comissões de investigação de corrupção (aqui chegados, estamos no grau zero da credibilidade)-, a democracia corre riscos evidentes de sequestro.
Se as respostas me parecem ainda ténues, se não há santos nem inocentes nesta história, vão surgindo aqui e ali algumas pistas para compreender, para além dos episódios quotidianos, a questão de fundo. Hoje deparei-me com uma entrevista que me fez reflectir. O entrevistado, sociólogo, chama-se Laymert Garcia dos Santos e pode ser lida aqui
Talvez vos traga algumas respostas. Ou talvez, pelo menos, coloque novas perguntas.
Falta dizer que o colonialismo ainda não acabou no Brasil.
Os escravos só ganharam alguns direitos morais, mas nenhum direito material num um país que colonizaram à força
No Brasil, onde as desigualdades e injustiças, ainda hoje, são abismais e marcadas pela etnia, cor da pele., etc., a democracia é apenas tolerada pelas forças de direita, sendo, as conquistas históricas da esquerda, as melhorias sociais introduzidas, sempre de reverter, caso haja ensejo. A teia em que Lula e Dilma se meteram/foram metidos é oportunidade a não largar. Culpados ou inocentes que sejam, Lula e Dilma, a luta, agora, deixa de ser individual, associada a um ou outro grupo e passa a ser colectiva, entre uma direita revanchista (pense-se na ditadura militar 1964/85) e uma esquerda que tem de ser forte e firme para lá das ameaças.