Marcha contra os amigos fascistas do PSD e do CDS-PP

Andam por aí uns palermas – desculpem mas é o mínimo que se pode dizer de tais indivíduos, que, no limite, acumulam a parvoíce com desonestidade intelectual – que tentam convencer as massas de que partidos como o Bloco ou o Syriza estão no mesmo saco que as Le Pens desta vida. Palermas, desonestos e manipuladores, não raras vezes financiados pelos mesmos interesses que financiam PSD e CDS-PP. Palermas que se agarram a questões como a permanência no euro ou na União Europeia para tentar colar o racismo, a xenofobia, o isolacionismo ou o elogio da violência, palavras de ordem dos fascistas em ascensão, aos partidos da esquerda exterior ao centrão dos negócios. Percebe-se: com o PSD em queda livre e o CDS-PP cada vez mais perto de competir pelo lugar do PAN do que pelo do PCP, o sistema precisa destes arremessos de lama, face à manifesta falta de argumentos para torpedear os partidos fora do velho arco da governação.

No mundo real, porém, existe uma família política europeia, o Partido Popular Europeu, do qual fazem parte PSD e CDS-PP, bem como os fascistas do Fidesz. E esses fascistas, daqueles que restringem a liberdade de imprensa e que clamam por campos de concentração e pelo regresso da pena de morte ao espaço europeu, levantando muros e perseguindo refugiados, ignorando os princípios mais elementares sobre os quais se fundou a União, cultivam excelentes relações com o ditador russo, motivo que terá estado por trás de um protesto que juntou 10 mil pessoas contra a influência do Kremlin em Budapeste. Apenas uma entre as várias manifestações ocorridas nos últimos dias, às quais a imprensa portuguesa praticamente não deu atenção, e sobre as quais os paladinos da liberdade da direita não se sentem muito à vontade para falar, não vá o gajo do partido que faz as transferências para manter o blogue em funcionamento ficar chateado e cancelar os pagamentos.

Estamos cercados por gente perigosa. Trump em Washington, Putin em Moscovo, o comité central do PC chinês, os fanáticos do Médio Oriente e agora estes falsos democratas, convertidos em conservadores pela imprensa leal ao velho regime, que ameaçam acabar com a democracia na Europa e substituí-la pela lei do mais forte. Tipos como Viktor Orbán, líder dos fascistas húngaros e antigo vice do PPE, que, num discurso recente, defendeu o “Estado iliberal”:

Uma tendência no pensamento é a compreensão de sistemas que não são ocidentais, nem liberais, nem democracias liberais, talvez nem mesmo democracias, e ainda fazem nações de sucesso. Hoje em dia, as estrelas das análises internacionais são Singapura, China, Índia, Turquia e Rússia. E eu acredito que a nossa comunidade política [húngara] antecipou corretamente este desafio.

Da próxima vez que ouvirem comparações idiotas entre Tsipras e Le Pen, entre Catarina Martins e Trump ou entre Jeremy Corbyn e outro facho qualquer, lembrem-se de dar uma espreitadela ao PPE do PSD e do CDS-PP. Os amigos fascistas da direita nacional existem mesmo, não são fruto de manipulações ou da imaginação de imbecis pagos para enganar as massas. Não é bem a mesma coisa, if you know what I mean.

Foto: Laszlo Balogh/Reuters@Expresso

Comments


  1. sem tirar nem pôr. andaram até a espalhar um cartaz de campanha da le pen a querer colar o melenchon à marine.

  2. Rui Mateus says:

    O Syriza não é igual, completamente de acordo…mas que já se vendeu aos interesses desta Europa castradora, impondo ao povo grego a sujeição aos ditames do euro e do pagamento de uma dívida impagável…pois. O Bloco também quer pagar a dívida aos bochechos, pois…coisas.

  3. Ricardo Almeida says:

    Esta direita, incapaz de se bater no mesmo plano intelectual que as esquerda, limita-se aquilo que pode, ou seja, distorcer a opinião pública.
    A estratégia é bastante óbvia mas funciona que nem uma maravilha num país repleto de analfabetos políticos e funcionais. Qualquer partido que destone da cantilena dos jotinhas é automaticamente um rebelde, um extremista, um atentado à harmonia social de quem a direita são paladinos.
    A narrativa defendida pela direita é a de que estamos bem como estamos. A alternância centro-direita, a corrupção, o hábito do tacho ou da licenciatura instantânea no ensino privado, isso é tudo muito bonito, tradicional e deve manter-se.
    É um shift no espectro em que um “conservador” que defenda o extermínio organizado de refugiados é encarado como normal e até exequível na cabeça de muito agitador de bandeira do CDS, mas alguém que exija o fim das PPP ruinosas ou maior justiça na aplicação de impostos e contribuições da segurança social, ui, aí estamos perante um perigoso revolucionário prestes a barricar-se numa torre de relógio com uma sniper.
    Vamos ser honestos: dificilmente alguém capacitado para ler um jornal de forma crítica se deixará enganar por estes patetas, mas infelizmente ainda vivemos num país onde se oferecem aeroportos a jogadores de futebol enquanto os professores no ensino superior nem conseguem pagar um apartamento.
    Mas vá, vêm aí o Papa e até temos um dia de folga, que calha bem pois a Assunção já não tem mais faltas para dar

  4. JgMenos says:

    «Esta direita, incapaz de se bater no mesmo plano intelectual que as esquerda…»
    Era o que mais faltava à direita pôr-se no plano intelectual da treta da esquerda,
    Quando o faz, como a Le Pen, saca-lhes o operariado e aponta a rumos pouco dignos de ilusionismo e ameaça às liberdades.
    Fiquem os esquerdalhos descansados: não precisam de se aproximar da direita extrema; ela é que se aproxima de vós.

    • anti pafioso. says:

      Ó pá ,quando puseres o boné na máquina de lavar deixa lá a cabeça .

    • Ricardo Almeida says:

      Qual é então a desculpa para essa pseudo-oposição que se vê e lê todos os dias?
      Porque é que teve que ser o BE e o PCP a forçarem o PS a deixarem a TSU quieta e a aumentar o ordenado mínimo nacional enquanto o PSD e o CDS andavam entretidos a discutir as SMS do Domingues?
      Porque é que, perante um défice bem abaixo dos 3%, o sonho molhado do Pedro, a direita se enfiou num buraco ideológico de aonde ainda não conseguiu sair?
      Caro, desde que esta coligação tomou poder que a direita portuguesa se resume a uma coleção patética de faux-pas políticos e sociais. Para mim, que sempre desprezei pessoas sem fibra moral nem espinha, custa-me ver às vezes as figuras que o Pedro ou a Assunção fazem na TV nacional. É divertido até um ponto, mas custa pensar que são estas as criaturas à frente da oposição parlamentar.
      Por enquanto estou descansado pois a oposição parlamentar está assegurada… pelo BE e PCP. O CDS é um partido anedota. Serve apenas para que os portugueses se divirtam com as aventuras e tropelias da Maria da Assunção no jornal da hora de jantar. Mas o PSD já acordava para a vida e metia o Coelho, Marques e demais esbirros saídos da Universidade de Verão a limpar sarjetas em Camarate, onde deviam ter sido colocados em primeiro lugar. Enquanto insistirem em manter esses figurões no leme do partido, lamento mas serão humilhados diáriamente sempre que tentarem debater-se ao nível da esquerda. Não é uma opinião, é um facto.

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  1. […] um partido de cleptocratas, em cujo congresso o partido do senhor deputado alegremente participou. Ou aquilo em que o vosso colega do PPE, Viktor Orbán, quer transformar a Hungria. Percebe a diferença? Vá, não é assim tão […]


  2. […] qualquer merece um par de chapadas. Porrada, é sabido, e o vídeo em cima demonstra-o bem, só se tolera aos puros e castos da direita. Tal como as perseguições a entidades independentes. Por isso parem de oprimir a direita. […]