D. Banca

A banca portuguesa não aprende. Depois de todos os desvarios e crimes cuja conta fica a ser paga pelos contribuintes, os bancos restantes mostram as mesmas arrogância e pesporrência com que sempre nos fustigaram o juízo, a paciência e os parcos recursos. E eis que Faria de Oliveira ousa anunciar, num alarde de humor chunga, que um governo de esquerda pode transformar Portugal em Cuba, enquanto o presidente daquele bando de parasitas do erário público que se chama BCP ousa ameaçar-nos com as mais funestas consequências se ousarmos tal solução política. Quer dizer: esta corte de carraças dos recursos públicos – sem os quais já há muito teriam falido – em vez de se recolher em discreto e silencioso recato, como seria razoável, levantam a crista e cacarejam ameaças. Estão a pedi-las. Oxalá um dia lhas dêem.

sei…

por grandes amigos que temos em comum em Aveiro, que, António Nogueira Leite, ex-vice-presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, um dos mais importantes administradores do banco do Estado, afirmou que “no dia em que se demitisse, a CGD seria privatizada” – a sua demissão deu-se a 19 de Dezembro de 2012, sensivelmente um ano e meio depois do gestor ter sido convidado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho para a Comissão Executiva do mesmo, e foi motivada por alegadas desavenças que já se arrastavam há meses com a gestão de Faria de Oliveira.

se na altura já se falava amiúde por aqui e por ali na possibilidade (poucos meses mais tardes, Relvas iria iniciar os seus contactos no Brasil, Angola e Colômbia para angariar um investidor para a TAP e qualquer coisita mais), estamos a poucos dias de ser conhecida a dita carta de intenções escrita\assinada por este governo perante as instituições da Troika, em específico, perante o FMI, carta que deverá (alegadamente) ter facilitado a “saída limpa” do país do programa de ajustamento estrutural…

CGD, outro albergue da imoralidade

Faria de Oliveira, putativo e oportunista como sempre, distribuiu hoje matéria noticiosa sobre a estratégia de desenvolvimento de negócios e a política de remunerações do banco do Estado, CGD, a que preside. Primeiro, admite alienar o negócio dos seguros – Caixa Seguros e Saúde SGPS – para realizar 1.000 milhões de euros de receita; segundo, escreveu ao Ministro das Finanças a solicitar que a Caixa Geral de Depósitos, com 10.600 trabalhadores, seja dispensada de aplicar a redução de 5% da massa salarial decidida para o Sector Empresarial do Estado (SEE), como extensão das medidas de austeridade do governo para a Função Pública.

Vamos por partes. Ao que se percebe, a venda da actividade seguradora visa obter fundos para melhoria dos rácios de capital da CGD, entretanto deteriorados. Claro que, inspirado nas instruções da tutela, o banco do Estado despendeu avultadas somas no BPN e, para se ressarcir de 20% da desastrosa aplicação, se vê coagido a alienar negócios rentáveis explorados por Fidelidade Mundial, Império Bonança, Via Directa, Multicare, Garantia (Cabo Verde) e Companhia Portuguesa de Resseguros, entre outras. Trata-se, de facto, de uma delapidação de património de interesse público, imposta pela incompetência governamental e da administração da CGD que, em 2009, teve os lucros reduzidos em 39,2%.

Quanto à redução da massa salarial, esta calculada em 450 milhões de euros, Faria de Oliveira  teme fuga de quadros. Diz ele, segundo os jornais, que a CGD está a operar no mercado e, por efeito da concorrência, corre o risco de perder colaboradores para os privados. Além de demagógico, o argumento de Faria de Oliveira é ofensivo para a inteligência dos cidadãos. Alguém se convence que os outros bancos, os privados, não contratariam pessoal da CGD se pretendessem, mesmo sem a redução salarial? E quanto à concorrência; o que se passa com a CGD, já hoje sucede entre os hospitais do Estado e os privados. É ou não verdade que o sector privado da saúde, sem investir um cêntimo no ensino universitário da medicina em Portugal, anda a recrutar médicos e outros profissionais de saúde especializados no sector público, garantindo remunerações mais elevadas? Por que razão administradores e pessoal da CGD têm que ser excepção a estes mecanismos de mercado e poupados aos sacrifícios impostos a milhares de funcionários públicos, cujos vencimentos e regalias são, de longe, muito inferiores aos garantidos pelo banco do Estado?

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Sócrates já não é primeiro ministro…

…nem Teixeira dos Santos é ministro das Finanças.

O verdadeiro primeiro é, pelos vistos, este e tem a mania de ir às compras com o cartão de crédito sem que alguém lhe ponha limites. O efetivo ministro das Finanças é este e já lançou um novo imposto sobre os portugueses, o chamado Imposto-bate-em-mim-resvala-e-pagas-tu, abreviatura de Imposto-bate-em-mim-resvala-e-pagas-tu-mesmo-que-eu-seja-público-e-o-governo-pense-que-manda-nisto.

CGD – A miopia de Faria de Oliveira

O presidente da CGD, Faria de Oliveira, nos telejornais de ontem, admitiu a venda dos 7% detidos pela instituição no capital da Portugal Telecom. “ É apenas uma questão de dinheiro, tudo se vende na vida excepto a honra…”, argumentou o ex – Ministro do Comércio, ex – IPE e ex – mais não sei quantos lugares e funções.

A falta de perfil e competência do Eng.º Faria de Oliveira para o exercício do cargo actual já se manifestara em intervenções anteriores. Apesar de utilizada para investimentos e parcerias sem nexo, a CGD tem também em carteira participações de carácter estratégico para o país. Uma delas é justamente na PT, por sua vez detentora de parte do capital da operadora Vivo, brasileira e alvo de aguda cobiça pelos espanhóis da Telefónica.

As declarações de Faria de Oliveira denotam miopia empresarial. Com efeito, reduzir a participação na PT a mera questão mercantilista – o dinheiro é que conta, considera ele – é demonstrar falta de visão estratégica. Murteira Nabo, conhecedor da matéria, corrigiu o ‘tiro’ de Oliveira. O desejável, disse, seria lançar um contra-ataque à posição da Telefónica na Vivo, acrescentando: “ E há parceiros disponíveis”.

As tecnologias de telecomunicação são, de facto, estratégicas em qualquer país. Portugal já alcançou sucessos de relevância mundial. A própria PT, através da TMN, lançou o primeiro serviço de telemóvel pré-pago do mundo; citem-se também os desenvolvimentos das ATM e ‘Via Verde’ pela SIBS. Sem uma operadora, cuja expansão internacional é facilitada através da Vivo, fica muito mitigada a capacidade de progresso na área das citadas tecnologias por Portugal, incluindo desenvolvimentos através de plataformas ‘Internet’ e da TV Digital. Faria de Oliveira não entende isto.

O que se diz por aí

Já passou um ano desde que Barack Obama foi eleito. Há quem veja mudança, há quem veja continuidade. Parece-me que dentro dos EUA há uma mudança em curso, desde logo em sede de assistência social e médica. Quanto a políticas externas, vejo mais dinheiro para a guerra – Afeganistão e Iraque incluídos – sem resultados, uma prisão em Guantánamo que se mantém, e por aí fora. Pelo menos tiros continuam a não faltar em terras do Tio Sam. Lá nisso a tradição ainda é o que era.
Também o futuro do Haiti, que vive redobrados momentos de aflição, poderá ser uma oportunidade para ver diferenças de fundo, se as houver, da eleição de Obama.
Faria de Oliveira traçou o perfil dos interessados no BPN. Pelos traços, será mais um banco a ficar em mãos estrangeiras, depois do dinheiro público lhe ter dado um bom arranjo. Mas as melhorias ainda não vão ficar por aqui, pois ainda haverá uns ajustes para tornar o BPN mais apetecível, pois desta venda depende o reembolso da Caixa, estando para já afastado o cenário de integração do BPN.
Nas Grandes Opções do Plano, entre outras medidas, comenta-se a possibilidade dos portugueses de votar em qualquer ponto do país. Eu preferia que as opções e políticas governativas, de agora e do futuro, dessem antes de mais, vontade em ir votar.