Eva Kaili e o estranho caso das ditaduras que adquirem serviços de altos cargos da UE

Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu e membro do PASOK, foi detida em Bruxelas, por ser suspeita de integrar um esquema de corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais patrocinado pelo Qatar, com o intuito de favorecer o execrável regime em tomadas de decisão comunitárias.

Não sei se se relacionará com isto, até porque a Comissão Europeia é liderada pelos conservadores do PPE, e este caso, segundo a comunicação social, envolve sobretudo membros dos S&D, mas as importações de gás liquefeito qatari aumentaram substancialmente no último ano, dada a necessidade de substituir Putin por um ditador com aspecto mais lavado. E aquelas dishdashas brancas a imaculadas sempre são mais frescas que o cinzento escuro do K(remlin)GB.

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Tudo isto são excelentes notícias

desde que não fiquem por executar. Ou acabem num pavilhão transfronteiriço qualquer.

Bandidagem do bem?

A Frente Nacional, partido de extrema-direita comandado por Marine Le Pen, que tem Putin como guia espiritual e Ventura como cheerleader, está sob suspeita de utilização indevida de fundos europeus, destinados ao funcionamento do grupo parlamentar do partido no Parlamento Europeu, que terão sido aplicados no pagamento de despesas correntes do partido, incluindo a contratação de boys e girls da Frente Nacional.

No fundo, está aqui bem espelhada a proposta da extrema-direita europeia, seja em França, Itália, Espanha ou Portugal: os mesmos vícios, as mesmas trafulhices, a mesma desonestidade e, se possível, o controle do mesmo monopólio da corrupção, mudando apenas a natureza do regime, que consistirá na suspensão de liberdades, direitos e garantias, em direcção a uma sociedade autoritária, castradora, censória, violenta e repressiva. E é com esta direita neofascista que PSD e CDS planeiam o futuro da governação do país. Quem disser que não sabia ao que ia é um ovo podre.

Manual sobre perda de competitividade

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Imagine que tem um nicho de mercado com ar modernaço. Seja, a título de exemplo, uma rede de carregamento de carros eléctricos. Suponha que essa rede foi construída sem que existissem clientes que a usassem, apesar de ter custado uma pequena fortuna. Como era algo modernaço, bastou-lhe o élan para justificar a sua concretização. Imagine, ainda, que passados 7 anos essa rede continua com uma utilização residual e que a adesão de novos clientes não passa, digamos, de 1% das vendas anuais desse mercado. Isto, apesar de os novos clientes terem um subsídio de adesão na casa dos 12%.

Ainda está a seguir este exercício criativo? Óptimo. Suponha, por fim, que o Estado decide dar, a fundo perdido, 4,2 milhões de euros para renovar e ampliar essa rede que não teve nem se antevê que tenha, em tempo útil, utilidade.

Imaginou tudo isto? Muito bem. Fique então sabendo que o cenário não é hipotético. É real. A sociedade Mobi.E gere de facto a rede descrita e vai receber os milhões indicados. Dizem que estes vêm de fundos comunitários, como se o dinheiro não fosse um lençol que se puxa para tapar de um lado, enquanto destapa do outro.

Para criar este “incentivo”, algo teve que ser desincentivado, seja por não ter recebido incentivo, seja porque foi contribuinte líquido para o incentivo. É tudo uma questão de competitividade.