Já sabem, com certeza, que na sequência de um estranho acidente de automóvel, o mundo descobriu os problemas conjugais de Tiger Woods. Ficámos a saber que o golfista tinha uma amante, e outra, e outra, e outra, e, não tendo presente todas as actualizações, creio que a lista oficial conta já com uma dúzia.
Para além de ser enxovalhado na praça pública, e de ter os media a esmiuçar a vida da mulher e dos filhos, Woods tem perdido vários contratos de publicidade, incluindo aquele que tinha com a Pepsico, que deixará de produzir uma Gatorade que levava o seu nome.
As suas antigas amantes são convidadas para os programas televisivos nos quais se chafurda no lamaçal das misérias privadas, e onde, com a lagrimazita que se espera de uma Madalena que não chega a estar arrependida, pedem desculpas à mulher por ter fornicado o marido.
O congressista democrata Joe Baca, eleito pelo estado da Califórnia, terra das laranjas e das virtudes, que estava a preparar o projecto-lei que iria atribuir a medalha de ouro do Congresso americano ao golfista, já lhe garantiu que podia tirar o cavalinho da chuva, que mais depressa um camelo passa pelo buraco da agulha que um infiel recebe uma condecoração do Congresso.
A escalada de humilhações públicas culminou no seu anúncio de que irá retirar-se indefinidamente do desporto para dedicar-se à família, anúncio que veio acompanhado do mea culpa público que o país exigia.
Já vimos o puritanismo WASP no seu melhor quando conhecemos Miss Lewinsky e as tentações do presidente. Com a historieta de Woods recordamos que o Puritanismo, que, tanto quanto sei, irrompeu na Europa como uma resposta aos deboches de Henrique VIII, partiu a bordo do Mayflower e instalou-se, todo impante, nos EUA, onde encontraria terreno fértil para crescer e fortificar-se.
Woods ficou conhecido pelos seus feitos desportivos. Foi um prodígio, que começou a jogar golfe com dois anos, e ganhou mais títulos do que qualquer outro jogador da modalidade. É certo que mantinha uma imagem de decência no campo e fora dele da qual retiraria mais proveitos publicitários, mas ser um tipo decente não era, evidentemente, o feito que fez de Tiger Woods um atleta notável.
Que a revelação deste escândalo tivesse como consequência a retirada de Woods da lista de convidados para o programa do Dr. Phil sobre matrimónios exemplares seria aceitável. Que tenha terminado com uma suspensão por tempo indefinido da sua actividade profissional parece-me tão despropositado como alguém ter de pedir desculpa ao país inteiro por ter traído a mulher.
A traição dói muito e há que não magoar o parceiro, o problema é que atraiçoar, sem ninguem saber, tira metade do gozo.
É assim o “america way of life”. Tiger Woods aprenda que pior que ter sido infiel, é ter sido apanhado por isso.
As patifarias podem ser feitas mas apenas em privado, se vêm a público é uma chatice.
azar do senhor Woods… se fosse em Itália até teria a medalhita de ouro
Bah… propaganda grátis para as alegadas “performances sexuais” do Tiger Woods. Pubicidade grátis, mesmo provenientes de uma badalhoca qualquer do Idaho.