Sabe deus que eu quis
Contigo ser feliz
Viver ao sol do teu olhar,
Mais terno.
Morto o teu desejo
Vivo o meu desejo
Primavera em flor
Ao sol de inverno
Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém. [Read more…]
Sol de Inverno: Simone de Oliveira
Como Se Fora Um Conto – Estar, em casa do Luís
ESTAR, EM CASA DO LUÍS
-Cheira mal, a que é que cheira? Diz o filho do meu amigo, aspirando fortemente o ligeiro fumo que sai do tacho que está em cima do fogão.
Estamos a poucos dias do Natal e estou em casa deles. Ofereceram-me almoço, que aceitei com prazer. Nesta casa come-se sempre bem. O cozinheiro é o meu amigo e faz comidas diferentes das que estou habituado, mas sempre boas. Comidas que, por brincadeira sempre digo não gostar, mas que como deleitado.
Na verdade não cheira mal, cheira só diferente.
Vim, como de outras vezes, para estar. Este estar é partilhado por outras gentes. Aqui, está-se bem. Hoje sou o único que está!
Partilhamos o gosto pela fotografia. Partilha comigo o saber que possui.
Com ele aprendo muito, como em tempos aprendi com o pai dele, numa altura em que, ainda adolescente, tinha sede de saber fotografar, e olhava, ávido de aprender, o que o sr fazia, e como. Somos amigos desde crianças, com encontros e desencontros pela vida fora, por vezes longos, alguns com tamanho de anos. Cada reencontro aconteceu naturalmente, como se não nos víssemos desde o dia anterior.
Aqui, respira-se fotografia. Aqui respira-se um bem-estar diferente, irreverente, uma anarquia levemente insana (num muito bom sentido), num ambiente traduzido por uma amálgama de peças de várias partes do mundo, muitas plantas e duas gatas.
Homem culto, sabe de tudo um pouco, e de algumas coisas sabe muito. Peca um pouco pela visão extremada que tem do mundo, muitas vezes condicionada pelo que a vida lhe trouxe, pelas dificuldades que foi encontrando provocadas pelos interesses instalados contra os quais sempre lutou. O estar sempre à frente do seu tempo e o facto de a razão lhe chegar muitas vezes tarde, também não ajudará a uma visão diferente.
Aqui, em casa do Luís, bem assim como na extensão que possui numa pequena sala de um prédio perto a que chama escritório, encontro, sem necessidade de procurar, o saber partilhar, o saber dar, o não esperar receber alguma coisa em troca do que faz pelos outros, dizendo melhor e em três palavras, uma generosidade ímpar.
Em casa do Luís, só não gosto do constante fumo do cigarro demasiadas vezes aceso. Sou alérgico a este fumo, mas esqueço-o trocando o desconforto pelo prazer de estar.
Boas Festas, meu amigo. Que o Novo Ano te traga um bocadinho do que, sem descanso, procuras.
Norte: A realidade nua e crua dos números
Acabei agora mesmo de receber o relatório do 3º trimestre de 2009 “Norte Conjuntura” produzido pela CCDR-N (ver AQUI). A vossa atenção para este dado:
No 3º trimestre de 2009, a taxa de desemprego da Região do Norte sofreu novo agravamento, tendo atingido o nível de 11,6% (bem acima dos 10,5% do trimestre anterior e dos 9,1% registados no trimestre homólogo do ano passado). A nível nacional, a taxa de desemprego fixou-se em 9,8% no terceiro trimestre (contra 9,1% no trimestre precedente e 7,7% há um ano).
Deste modo, o nível de desemprego da Região do Norte distancia-se cada vez mais da média nacional. Face ao trimestre anterior, destaca-se, na Região do Norte, o forte agravamento da taxa de desemprego feminina (de 11,3% para 13,4%), enquanto a taxa de desemprego masculina sofreu apenas um ligeiro acréscimo (de 9,9% para 10,0%). A taxa de desemprego de jovens (dos 15 aos 24 anos) voltou a subir (de 19,7% para 21,5%), anulando parte da diminuição que havia registado no segundo trimestre.
Para acabar de vez com o Natal
Há uns anos atrás, Woody Allen escrevia um divertido “Para acabar de vez com a cultura” (tradução muito livre de “Getting Even”). Tivesse eu artes de escrita ao nível do cineasta, e idêntica capacidade cómica, e avançava já com um belo libelo: “Para acabar de vez com o Natal!”.
Há quem advogue que esta é mais linda, animada, ternurenta, espiritual e solidária época do ano, repleta de paz e amor. Por mim, sempre a considero a mais hipócrita, irresponsável, favorecedora do instinto consumista e stressante. São menos estas definições negativas do sentimento natalício que as positivas, é certo, mas são mais que suficientes para caracterizar uma época em que uma parte da população age de modo particularmente imbecil.
Por exemplo. A ideia de ajudar os mais pobres nesta temporada, ‘porque é Natal’, soa, em absoluto, ridícula. Os pobres e desfavorecidos não precisam de apoio ou ajuda no resto do ano? Para a maior parte, pelos vistos, não. Durante 360 dias, vá lá, que se safem como podem, esses malandros que não querem trabalhar mas viver de subsídios às nossas custas e uma parte gasta tudo em vinho. Nos restantes cinco dias, temos de ser solidários e ajuda-los, coitados, a vida está dura para todos e eles não têm tido sorte. E um copo de vez em quando não faz mal.
Mais coisas? Ora continue a ler.
nÃO sEJAS dURO dE oUVIDO – dEZ/09 – #4: Miss Li:
O mês de Março de 2009 foi produtivo e um dos bons exemplos foi a Miss Li e o seu Dancing The Whole Way Home. Mais um trabalho em destaque (ver AQUI) nos melhores do ano.
Agarra que é música contemporânea!
Aqui ao lado, no coração de Espanha, província de Guadalajara, comunidade autónoma de Castilla-la-Mancha, existe uma povoação com pouco menos de 5 mil habitantes e que acolhe um festival de jazz com alguma notoriedade. O sítio chama-se Sigüenza e desde a semana passada tem sido falado por toda a Espanha, e não só.
Aconteceu que, numa dos espectáculos da 5ª edição deste festival, após ter assistido à actuação do saxofonista Larry Ochs, um espectador dirigiu-se às autoridades locais para denunciar-lhes que aquilo que o músico havia tocado nessa noite não era jazz, mas sim “música contemporânea”, género que, afiançava, lhe era “contra-indicado pelos médicos”. [Read more…]
They met some thirty years ago…
Some thirty years ago, I used to carry my youngest daughter to the school, half a block away from the house. She was blonde, red on her white cheeks, very cheeky, even with me. What a big patience from Dad…
Her face used to illuminate as soon as she saw Katy Pompar, her teacher, and that lot of friends, always surrounded by Russel, Cosh, or Campbell, Harrison and another, distant classmate, Felix Ilsley. There were many more. Time passes away and one forgets names, but not faces, games and intimacy

children playing away
Time passes away. They grow up. They study. They ride their bicycles in our Cambridge town and surroundings countryside. Secondary School meets them at their eleven years of age, and six years later, the Pre University A level School. Camila was always a bright student. Just a glance on a book and the ideas, as also happened with our elder daughter Paula, became a memory in their minds.
To wake her up in the morning was an agony. She always wanted to sleep more! I used to go into her bedroom and bed and sung for her. It used to be a sweet lullaby to wake her up, very smoothly, lovely and tender. For a number of years, she came to be the woman of the house: her Mother used to work away from Cambridge, and I, away from UK. Problems of the adults…that children pay…
Time flew away. She became my soul mate, my companion, my caretaker. I am so grateful!
Because of family work, Felix had to leave St. Pauls’ Primary school….
Years later, they mate again…and the miracle

love and tenderness
Do Inverno e doutras estações: Jean Ferrat
Je serai l’automne à tes pieds
Tu seras l’été à ma bouche
L’hiver aux doigts bleus qui se couche
Nous serons printemps fou à lier
Jean Ferrat – Ah les saisons
Será que o homem é o ser mais desenvolvido da terra?
Será que o homem é o ser mais desenvolvido na terra?
Com base no que escreve D’Onofrio Rebelión, eu intuo que é pouco provável que as crenças sejam um plano orquestrado por pessoas geniais e lúcidas. É mais provável que as crenças resultem de um processo cumulativo, através dos tempos, no qual confluem pessoas, políticas, religiões, interesses, ritos e costumes. Para a maioria dos humanos, aceitar as crenças que vêm dos antepassados, sem as questionar, é o resultado da grande estratégia de todos aqueles que não têm interesse na evolução mental do ser humano.
Para uma pessoa de ideologia naturalista e científica do mundo, nada pode ser afirmado ou negado com certeza absoluta. Esta a grande honestidade da ciência. Há coisas que não sendo consideradas impossíveis, podem ser muito improváveis, e há coisas que parecendo improváveis, podem ser, à luz dos conhecimentos, muito possíveis. A probabilidade ou improbabilidade dependem da informação disponível. Sem qualquer dúvida, a informação disponível actualmente contradiz uma grande parte das crenças e dos conceitos mais ou menos cristalizados que nos acompanharam através da vida.
Os conhecimentos sobre a evolução por selecção natural dos seres vivos explicam a existência destes seres de uma maneira muito mais coerente, muito mais evidente, muito mais lógica e realista do que as crenças ou outras explicações mais ou menos criacionistas. Isto é hoje um facto científico situado ao mais elevado nível dos factos científicos que consideramos praticamente inegáveis. Por outro lado, é impossível que uma observação contradiga a ciência porque a ciência se baseia na elaboração de teorias que não contradizem as observações. [Read more…]
Jardim de Inverno: Neruda
Jardín de invierno
Llega el invierno. Espléndido dictado
me dan las lentas hojas
vestidas de silencio y amarillo.
Soy un libro de nieve,
una espaciosa mano, una pradera,
un círculo que espera,
pertenezco a la tierra y a su invierno. [Read more…]
Estrela da tarde – lembrando Ary dos Santos
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!
Solstício de Inverno
Representantes do Porto – José Castro (BE)
Primeiro programa da série “Representantes do Porto” que irá acompanhar a Assembleia Municipal do Porto e os seus representantes.
(nota: a qualidade do som desta gravação é relativamente má devido a alguns problemas técnicos com o equipamento de gravação)
Esta conversa com José Machado Castro do Bloco de Esquerda, um dos 3 eleitos do BE para a Assembleia Municipal, começou de modo informal com uma passagem pelos estudos de Richard Florida e das características das uma cidade competitiva: Talento, Tecnologia e Tolerância.
Antes de entrarmos nos temas que tínha definido, e em jeito de apresentação, José Machado Castro falou da sua relação com a cidade e da sua vivência durante alguns períodos marcantes como o fim dos anos 60 ou os primeiros anos de democracia.
Referiu ainda a “forma apagada como a Assembleia Municipal do Porto tem vivido nos últimos anos” até por contraponto com o que já foi e considerou que a alteração da lei das autarquias que eliminou o Conselho Municipal (órgão de que faziam parte associações e colectividades) foi um passo atrás na abertura dos poderes políticos à sociedade.
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A máquina do tempo: Civitas solis – os conceitos de utopia e distopia na literatura
A literatura de ficção científica, como a policial, é por muitos considerada um género menor. No que se refere à policial, bastavam, entre outras, as obras de Conan Doyle, Dashiel Hammett, Raymond Chandler, Agatha Christie ou, mais próximo de nós, Manuel Vázquez Montalbán, para desmentir esse preconceito absurdo. Quanto à literatura de ficção científica, autores como H.G.Wells, George Orwell, Karel Capek, Ray Bradbury e Ursula K. le Guin, entre muitas dezenas de outros, tornam disparatada essa qualificação.
Na minha opinião, não existem géneros menores. Existem, sim, escritores menores. E, menores ou maiores, é a posteridade quem os classifica. Recordemos o exemplo de Fernando Pessoa que, para o público do seu tempo, quase nem existia, ofuscado por nomes como o de Júlio Dantas. Indo mais atrás, Camões, superado em fama e em tenças por Pêro Andrade de Caminha, o chamado poeta do Minho. Hoje, Camões e Pessoa são os dois ícones maiores da literatura e da cultura portuguesas. Pêro Andrade de Caminha e Júlio Dantas, são desconhecidos do grande público – nomes e obras para o trabalho necrófago dos coca-bichinhos. [Read more…]
Acabou a crise, de vez?
O facto do Benfica ter vencido (bem, diga-se) o FC Porto, na Luz, ao fim de quatro anos significa que acabou, de vez, a crise?
Música para o Inverno: Rolling Stones, Winter
And it’s sure been a cold, cold winter
And the wind ain’t been blowin’ from the south
It’s sure been a cold, cold winter
And the light of love is all burned out
Melodía de Invierno
Mañana de invierno. Silencio. Neblina.
La vega aplanada exhala luz divina.
Mudos los jardines bellos.
Cielo azul. Fuentes heladas.
Mustias rosas escarchadas.
Blancos e turbios destellos.
Una madre andrajosa cruza el jardín.
Tiene el sol un crescendo. [Read more…]
A pálida luz da manhã de inverno
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais ‘sperança, nem menos ‘sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu ‘sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa
Inverno: Balada de Neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim. [Read more…]
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