Cavaco Silva, não tem nada a dizer ?

Face à situação economico-financeira do país, maior preocupação devemos ter com a situação política que ameaça tornar-se parte do problema.

 

O que se espera é que em vez de uma guerrilha os partidos, governo e oposição, encontrem soluções em conjunto para fazer face aos graves problemas que já estão aí e para os que se adivinham.

 

O FMI, apesar da sua "cartilha" que levada à letra configurava problemas sociais a curto prazo, não pode nem deve ser ignorado. A verdade, é que só saímos deste atoleiro onde governo após governo nos enterraram, se criarmos riqueza, sem isso só podemos empobrecer, e as medidas a tomar vão "varrer para debaixo do tapete" os problemas estruturais que há muito nos ensombram.

 

É uma "ideia" para o país que é necessária e que não se conhece, e não existe. o Presidente da República não pode olhar para este momento muito grave da vida nacional, sem usar todos os meios constitucionalmente reconhecidos, para conseguir juntar as condições necessárias às melhores soluções para o país.

 

Muito antes da "bomba atómica" da dissolução, o Presidente tem outros meios para influenciar decisões, quer ao nível da Assembleia da República quer ao nível do governo.

 

O país não pode ser governado "à vista" pelas sondagens!

Milho transgénico, histerias de verão, e "terrorismo"

A 17 de Agosto de 2007, cerca de 150 pessoas dirigiram-se para a Herdade da Lameira, perto de Silves, na região livre de transgénicos do Algarve, para fazer um protesto contra o cultivo de transgénicos. Na acção teve lugar uma ceifagem simbólica de menos de 1 hectare de milho transgénico.

O Algarve foi a primeira região portuguesa a declarar-se uma Zona Livre de Transgénicos. Esta propriedade, a primeira da região a cultivar milho transgénico da variedade MON810, violou a declaração e desrespeitou a vontade dos cidadãos.

Os activistas ofereceram publicamente para recultivar os 51 hectares de milho transgénico com milho biológico. A proposta foi rejeitada pelo dono da propriedade, que continua a cultivar milho transgénico.

Nos dias que seguiram a acção, a vasta atenção mediática que o MVE recebeu, instigou uma grande polémica, com ressonância em camadas do público em geral, do próprio movimento ambientalista, do governo e dos meios académicos. Nunca uma acção ambientalista recebeu tanta atenção na história recente em Portugal. Os destaques iniciais dos media não foram tanto sobre o tema da acção – a presença de organismos geneticamente modificados (OGM) em Portugal – mas antes na sua natureza espectacular e na sua componente ilegal. No entanto, numa segunda fase a atenção voltou-se também para o debate sobre OGM e os seus perigos. Por essa razão em particular, a acção do MVE foi considerada por muitas pessoas com preocupações ambientais como um grande sucesso.

Devido a esse sucesso, o actual governo, responsável por uma política favorável aos OGM, reagiu com agressividade, numa tentativa de isolar os activistas do MVE através de uma estratégia de criminalização. Esta estratégia chegou ao ponto de rotular a acção como um acto terrorista (Europol EU Terrorism Situation and Trend Report 2008). Algumas pessoas que foram relacionadas com o caso pela polícia, correm agora o risco de ser acusadas. Em geral, tornou-se mais difícil agir contra os OGM em Portugal. Os indivíduos ou organizações que o fazem, correm um grande risco de ficar sob suspeita e vigilância das autoridades.

Texto retirado da petição que pode ser assinada aqui.

O ser da mulher que amo e me saiba amar

 

 

 

 

 Falar de mulheres para os homens que gostamos delas, é um problema complexo. Especialmente, por causa da passagem do tempo. Não há apenas uma mulher na nossa vida, há várias, conforme a passagem do tempo. Sempre há a primeira, estou certo. Essa primeira namorada na nossa idade da puberdade. Idade de puberdade que me faz lembrar nos pré púberes, esses que apenas têm amigos para brincar a bola, andar de bicicleta, no meu caso, de cavalo, e pescar e caçar. Os anos são curtos, são um pestanejar. Ora temos 8 anos, ora somos púberes e, sem darmos por isso, uma manhã acordamos todos molhados, os famosos sonhos "húmidos" ou polução que nos deliciam no começo da puberdade…. enquanto durmimos.Donde,emissão espermática involuntária durante o sono. Essas primeiras ejaculações são sem lembranças de caras, de pessoas, de corpos: não temos experiência, a imagem falta. Um dia qualquer, descobrimos que o prazer sexual pode ser auto estimulado durante o dia e começa a masturbação. Até o ano 1991, a masturbação era definida como pecado ou ofensa a divindade que nos dera esperma para a procriação, definida pelos catecismos das várias confissões religiosas, especialmente a judaica e as cristãs, mal que derivava da ejaculação fora do corpo de uma mulher para não ter filhos com ela, começado pelo israelita Onã, e a masturbação passou a ser chamada onanismo ,coito interrompido antes da ejaculação.

Onã, ou Onan, é um personagem bíblico do Antigo Testamento, mencionado no livro de Gênesis</SPAN> href="http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnesis"&gt;Gênesis como o segundo filho de Judá e, portanto, um dos netos do patriarca Jacó.

Er (personagem bíblico)" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Er_(personagem_b%C3%ADblico)">Er, o primogénito de Judá, segundo a Bíblia, era mau e teria sido executado por Deus por um motivo não mencionado.

Como Er não tinha deixado descendência, Judá mandou que Onã, seu segundo filho, realizasse o casamento de cunhado (também chamado de casamento levirato) com Tamar, viúva de Er (Gênesis 38:6-8). Assim, se tivessem um filho, a herança de primogénito lhe pertenceria como herdeiro legal de Er. Porém, se não tivesse um herdeiro, Onã ficaria com a herança de primogénito.

Ao ter relações sexuais com Tamar, a Bíblia diz que Onã "desperdiçou o seu esperma na terra,ou seja, não a inseminou, jogando dessa forma fora seu esperma , conduta essa que aborreceu a Deus que tirou sua vida (Génesis 38:9-10).Os anos não ficam parados. Aparece a nossa primeira namorada, beijamo-la com paixão e esfregamos o nosso corpo contra o corpo dela, e, enquanto a beijamos, um líquido quente corre entra as nossas pernas e as calças, as vezes estimulado pela própria rapariga que obtinha o seu próprio prazer aos seus catorze anos, ao sentir o prazer do rapaz. Pelo menos, na infância de nós, Aventares, época na qual havia dois tipos de mulheres: mulheres para se deitar com elas; e mulheres para casar que apenas podiam ser tocados, conforme a classe social ou as solicitações dos namorados. Vulgares eram na nossa juventude, matrimónios apressados pela gravidez da noiva; vulgares eram matrimónios burgueses com uma noiva vestida de fato de boda branco, largo,com imensos veus bordados a cubrir o corpo da cabeça aos pés e esconder uma pequena barriga. É suficiente lêr Isabel Allende, 1982, La Casa de los Espiritus, Plaza e Janés, Barcelona, para sabermos do casamento de uma mulher grávida que, por aristocracia, devia ocultar a sua falta de castidade, esse horror ao qual nos condenara o Concílio de Trento no Século XVIHoje em dia, a recuar no tempo-antes o ritual era apenas para a aristocracia-, os namorados começam a viver jntos desde os primeiro dia e casam apenas a mulher fica embaraçada, caso casarem!

Se eu casar outra vez, qual é o ser que procuro para essa união? Mulher que fique em casa a ser atendida?Mulher académica?

Ou mulher que saiba amar e dar paz e calma ao machismo de nós, homens?Este foi, é e será a imagem eterna da minha vida amorosa. Mulher que saiba aceitar o amor e os desvarios do seu homem, que entenda a sua luta pela vida, que fique sempre a nossa espera, cansada ou não, como nós fazemos por ela. Mulher que saiba sentir o nosso profundo amor, quase servil e tome conta connosco de uma imensa criançada, saiba rir, seja recatada, não impinja em nós a sua intelectualidade superior, comente as nosssa leituras e saiba acolher com encantamento essas carícias prévias a nossa penetração, com um amor que olha nos olhos e saiba suspirar no minuto final do nosso encontro íntimo, até adormecer nos nossos braços, protegida por nós e nós por ela! Que sou machista? Longe de mim!, esse sentimento, nunca o viví. Que sou um romântico….? Quem me leia julgará. Mas, tenho amado desde o princípio até o fim da minha vida essa mulher que é o meu romance, jovem, adulto ou velho, como esse amor que nos disenha García Márquez no seu Amor nos tempos do cólera. Tenho amado profundamente esse ser

 

 

 

FMI – a falta de liderança em Portugal

O relatório do FMI para além de arrasar a visão ídilica do governo, e de propor uma série de medidas que pouco ou nada têm a ver com a política do governo, termina com uma recomendação "letal". Portugal precisa de liderança!

 

O que devemos entender aqui por liderança? Que Sócrates não é um líder ?

 

Na minha opinião Sócrates não é um líder, é um guerrilheiro, isso sim, mas líder nem pouco mais ou menos. Mas no que ao FMI diz respeito, julgo que o que está subentendido é não haver uma "ideia" para o país.

 

Portugal, após o grande desígnio nacional de se juntar à UE, quer ser o quê enquanto país?

O país injusto e pobre que é, após os muitos milhões que vieram da UE ? Viver do turismo, dos campos de golf, das autoestradas e das pontes?

 

Qual é a política para o mar, sendo nós o país que maior área  tem de água salgada sob sua supervisão? Retomamos as pescas, desenvolvemos a piscicultura, melhoramos os estaleiros, colocamos o país no mapa mundial no que aos portos diz respeito ?

 

Na agricultura, somos capazes de desenvolver "fileiras" no azeite, no vinho, na fruticultura, na floricultura, encontrar novas aplicações para a cortiça ?

 

Nas energias renováveis, em vez de uma empresa pública andar a investir milhões nos USA, somos capazes de aproveitar as milhares de horas de Sol que mais ninguem tem na UE, as magníficas condições de vento em off-shore e territoriais, apoiar engenheiros e cientistas que se dedicam com mérito ao desenvolvimento de novas aplicações?

 

Apoiar os investigadores na área da saúde e de novas tecnologias, juntar-lhe  empresas capazes de colocar no mercado os novos conceitos e transformá-los em negócios exportáveis? Ou vamos continuar a deixar morrer grandes descobertas, como aconteceu com a dos novos transistores feitos a partir da celulose, e que uma empresa Brasileira está a desenvolver industrialmente por ninguem se ter interessado, neste país de betão?

 

Construir autoestradas, pontes, e aeroportos é uma ter uma "ideia" para o país? Andar de braço dado com a Banca, as grandes empresas públicas e os grandes grupos económicos, que são "absorsores" de  riqueza, é ter uma "ideia" para o país?

 

O FMI diz que não!

No Largo do Carmo – Largo Salgueiro Maia

Para o Quartel do Carmo está lá o Marcelo! Era a palavra de ordem na Baixa de Lisboa. A multidão, a maioria gente jovem, subia o Chiado em direcção ao Largo.

 

Quando lá cheguei o Quartel já estava cercado pelas forças do 25 de Abril. O que chamava de imediato a atenção era a idade imberbe dos soldados, G3 a tiracolo. Foi para mim um choque, tinha saído da vida militar há 3 anos ainda me lembrava das técnicas de segurança para quem usa uma arma de guerra. Não passavam por ali.

 

Procurei o comandante, estava no centro de um espaço livre junto à  porta do quartel .Impressionava a serenidade, a ideia que passava é que a missão era para cumprir . A serenidade de quem estava preparado para morrer. Em cima de um chaimite, o Dr. Francisco Sousa Tavares gritava palavras de ordem, "belo alvo" pensei para comigo.

 

Depois o ultimato, as rajadas de G3 contra a parede do quartel, a entrada de dois civis, que ninguem sabia quem eram e que depois se soube serem os intermediários. A entrada do carro que transportava Spínola, o chaimite que foi lá dentro buscar os presos, a gritaria, os murros no carro que transportava Marcelo.

 

Na Baixa ainda havia movimentações de tropas da GNR, cozidas às paredes da estação do Rossio. A fragata que ameaçara bombardear o Terreiro do Paço, face à cobertura do fogo de artilharia instalado no Cristo Rei, já abandonara o Tejo.

 

Salgueiro Maia, dever cumprido, recolhia ao quartel em Santarém à sua vida profissional e familiar. Morreu como viveu. Digno e sereno!

Maria Monteiro – Salgueiro Maia: Um sonho que continua inacabado

 

Casa de Salgueiro Maia em Castelo de Vide, objecto da Petição que lançámos para a sua preservação

E no fim do dia descansou… – Breve biografia de Salgueiro Maia (II)

continuação de aqui) A coluna é composta por 240 homens, um esquadrão de reconhecimento com dez viaturas blindadas e um outro esquadrão de atiradores com doze viaturas de transporte de pessoal, duas ambulâncias e um jipe. Às três horas e vinte minutos, dá-se a partida de Santarém. A viagem decorre sem qualquer problema e às seis da manhã a revolução já está na praça do Comércio. O aeroporto, a RTP, a Rádio Marconi, a Emissora Nacional e o Rádio Clube Português já tinham sido tomados sem resistência. «Aqui, posto de comando do Movimento das Forças Armadas» – ouve-se aos microfones do RCP pouco depois das quatro horas. Um dos trunfos do êxito da revolução foi a rapidez com que Salgueiro Maia percorreu a distância entre Santarém e Lisboa. Duas horas apenas, sem ser interceptado nem ser obrigado a dar nenhum tiro. Uma lição que aprendera com o fracasso do 16 de Março. A cidade de Lisboa começa a acordar e a população sai de casa para a labuta do dia-a-dia. Com calma e tranquilidade, Salgueiro Maia dirige-se a quem demonstra a vontade de ir trabalhar. «Ó minha senhora, hoje não se trabalha. Amanhã, talvez… mas hoje não! Nem hoje, nem nos dias 25 de Abril que vierem, porque esta data passará a ser feriado!» O episódio mais complexo daquela manhã ocorre cerca das nove horas. Quatro carros de combate, uma companhia do Regimento de Infantaria n.º 1 e alguns pelotões da polícia militar, todos fiéis ao regime, aparecem dos Cais do Sodré, progredindo pela rua Ribeira das Naus e rua do Arsenal. O brigadeiro responsável exige que Maia se desloque para trás das suas tropas, mas, não sendo obedecido, dá ordens para disparar. Um a um, os seus homens desobedecem e passam para a facção contrária. A facção da liberdade. Na objectiva de Alfredo Cunha, ficou imortalizado o momento em que Salgueiro Maia se encontrava sozinho, no meio da rua, com os canhões à sua frente em posição de disparar, e apenas com um lenço branco na mão. O apoio popular à causa revolucionária agora já é evidente. A caminho do quartel do Carmo, onde Marcello Caetano está refugiado, Salgueiro Maia segue numa espécie de «cortejo» triunfal. A cumplicidade do povo, nesses momentos de enorme tensão, foi então decisiva.  

Com o megafone na mão, por volta das três da tarde, Salgueiro Maia pede que o quartel se renda no espaço de dez minutos, período após o qual dará ordem de disparar. O prazo esgota-se sem haver qualquer resposta e a primeira rajada de tiros não se faz esperar. A ansiedade atinge níveis indescritíveis. «Militares, populares e jornalistas são por uma vez testemunhas e protagonistas da história. Há já milhares de cravos vermelhos. Canta-se a marcha do MFA e Grândola Vila Morena. Entoam-se palavras de ordem. Mas do meio da turba uma voz de comando destaca-se e o passo decidido de Salgueiro Maia cadencia o ritmo dos acontecimentos.» (António de Sousa Duarte)

No momento em que se preparava para dar ordem de disparar maciçamente sobre o quartel, chega uma carta de Spínola dirigida a Marcello Caetano. Às perguntas dos mensageiros – quem manda aqui e quem é o oficial mais graduado – Salgueiro Maia responde da mesma forma. «Mandamos todos! Somos todos capitães!» Às cinco da tarde, porque a situação não se desenvolve, o capitão, temerário, entra no quartel para falar directamente com o presidente do Conselho. Na breve conversa com Marcello, Salgueiro Maia mostra toda a enormidade do seu carácter, das suas intenções e dos objectivos que o levaram a sair de Santarém para acabar «com o Estado a que chegámos». Assegura a protecção do chefe do Governo, diz que programas políticos não são consigo e coloca todos os membros do MFA no mesmo plano. Salgueiro Maia, primeiro, e Francisco Sousa Tavares, depois, apelam à calma e tranquilidade dos presentes. Spínola já chegou e Marcello Caetano acaba de lhe entregar o poder. Ao capitão, ainda lhe estava reservada uma última missão: conduzir Caetano ao comando do MFA, na Pontinha. A revolução estava consumada, o nosso herói podia tranquilamente voltar para a sua Escola Prática de Cavalaria, para a sua Santarém, como se nada tivesse acontecido. «Era um militar de bravura inigualável, mas também extremamente sensato e um homem de coração. Maia era um chefe nato e dele emanava a força serena dos homens habituados a dominarem-se e, sendo preciso, a dominar os outros. Foi assim que Salgueiro Maia, com os seus homens, dos quais a maioria sem qualquer experiência e praticamente sem instrução de tiro, venceu na revolução e virou a página da história de Portugal. Dominou calmamente, no Terreiro do Paço, o tenente-coronel Ferrand de Almeida, dominou o brigadeiro que se lhe quis opor e, pela calma fixa do seu olhar, dominou um a um os homens que receberam ordem para disparar sobre ele. No Carmo dominou tudo e todos: dominou a guarda, dominou o Governo, dominou os ministros que choravam, dominou a multidão e dominou o ódio colectivo dos que gritavam vingança. E dominou o tempo e a vitória que veio ter com ele, obediente e fascinada.» (Francisco Sousa Tavares) Nos anos seguintes, recusou ser comandante da Escola Prática de Cavalaria, membro do Conselho de Revolução, adido militar numa embaixada, governador civil de Santarém e membro da Casa Militar da Presidência da República. Tudo recusou, porque a única ambição que tinha era de continuar em Santarém com o posto que ocupava. Aos que constantemente lhe lembravam os actos heróicos que protagonizara, respondia apenas: «O que lá vai, lá vai.» Entre 1977 e 1984, foi completamente ostracizado. Como que punido por ter feito a revolução. Aconteceu-lhe a ele como a muitos outros dos militares de Abril. «Até já poderemos ser acusados e presos por implicação no 25 de Abril» – chegou a confessar a João Paulo Guerra. Desalentado, tentou um último reconhecimento da hierarquia militar. Em 1988, já doente, solicita uma irrisória pensão por «serviços excepcionais ou relevantes» prestados ao país. Foi-lhe recusada a pensão, ao mesmo tempo que era atribuída a dois antigos inspectores da PIDE. Morreu em 3 de Abril de 1992, depois de quatro anos de sofrimento, nos quais se incluíram quatro operações cirúrgicas. Ao funeral, realizado em Castelo de Vide ao som da «Grândola», como era seu desejo, ocorreram as mais altas instâncias, passadas e presentes, da governação. Confirmando o que alguém disse nesse exacto momento: «Mesmo depois de morrer, o Maia continua a servir sem se servir.»

Por tudo o que fez ao longo de 47 anos de vida, Fernando José Salgueiro Maia é uma das maiores figuras da história de Portugal no século XX, à qual não foi dada, ainda, a importância devida. Um dos poucos heróis portugueses do século, capaz de fazer uma revolução com 240 homens mal treinados e um conjunto de obsoleto material militar. É provavelmente a única personalidade portuguesa do século XX que mereceria a distinção, sem a ter tido até ao momento, de descansar eternamente no Panteão Nacional. Por quê? Porque Salgueiro Maia deu-nos tudo. Quem ainda não o percebeu, não terá apreendido ainda o significado e o valor da palavra liberdade.

 

Aquele que na hora da vitória respe
it
ou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi Fiel à palavra dada e à ideia tida

Como antes dele mas também por ele Pessoa disse.

(Sophia de Mello Breyner)

350 000 bloggers esperados

 

   Começa daqui a pouco a manifestação organizada por bloggers italianos contra Sílvio Berlusconi. A organização espera 350 000 manifestantes apenas em Roma. Muitos mais devem acorrer noutras cidades italianas. Uma prova de força da sociedade civil que contraria o adormecimento dos partidos de esquerda em Itália.

 

 

 

"Não vás correr para a rua…"

Posso ser eu a armar-me em esquisito mas acho um tanto ou quanto parvo colocar mais de meia centena de marmanjos a correr, juntinhos, por uma estrada comum, onde circulam automóveis comuns, ainda para mais em horas de fraca visibilidade. Resultado: 16 feridos.

 

Não sei o que os senhores responsáveis pelo batalhão pretendiam com este exercício mas convinha alguém lembrar que fazer uma coisa daquelas não é inteligente. Aliás, deve ser dos primeiros ensinamentos que qualquer pai ou mãe dá aos filhos pequeninos. "Não vás correr para a rua, senão vem um carro e pode atropelar-te".

 

O Ministério da Defesa já abriu o inevitável inquérito. Por mim, devem colocar uma associação de pais a dirigi-lo.

E no fim do dia descansou… – Breve biografia de Salgueiro Maia (I)

Foi de Santarém que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, partiram as forças do Exército destinadas a ocupar Lisboa e os principais pontos de apoio do regime. Comandados pelo capitão Salgueiro Maia, um dos membros do clandestino Movimento das Forças Armadas, os heróis da revolução saíram da Escola Prática de Cavalaria e em pouco tempo estavam na capital. Um dia intenso, fértil em emoções e em acontecimentos, que culminou, ao fim da tarde, com a rendição de Marcello Caetano e a sua saída para o exílio. Nasceu Fernando José Salgueiro Maia em 1944 em Castelo de Vide, filho de um ferroviário, que devido à sua profissão era obrigado a mudar frequentemente de residência. Andou assim pelo país todo, passando grande parte da infância e adolescência entre a terra natal, Tomar e Pombal. Desde cedo que começou a evidenciar as características que o celebrizaram: forte determinação, grande frontalidade, enorme coragem, propensão para a liderança. Resistente do ponto de vista físico, inteligente a nível psicológico. Em 1964, com vinte anos, ingressa na Academia Militar. Ainda não tem consciência política do país, do regime que o governa e da situação colonial que em breve o espera. Mais de dois anos de estudos na Amadora e a chegada a Santarém e à Escola Prática de Cavalaria. A revolução começa aqui. Ele não o sabia, ninguém sequer o imaginava, mas foi aqui que tudo começou. A Guerra Colonial estava no auge e o alferes Salgueiro Maia é enviado para Moçambique, onde chega a Dezembro de 1967. Com vinte e três anos, cheio de ilusões, acredita profundamente na missão que vai encetar. «A guerra era também a possibilidade de combater pela dignidade de uma sociedade pluriracial e pluricontinental em que acreditava. De resto, não vi dezenas de colegas de cor que estudavam comigo no colégio Nun’Álvares, de Tomar, e na própria Academia? Não havia, pois, motivos para descrer dos intuitos da guerra e dos propósitos do exército.» – viria a dizer anos mais tarde em relação ao pensamento que o norteava.

 

 

As capacidades de comando, que já revelara nas ingénuas brincadeiras de criança e adolescente, revelam-se de novo na guerra, mas aqui com outro grau de importância. Quando regressa à metrópole, um ano depois, já como tenente, é um homem totalmente diferente. Pelo meio, ficou a adopção de uma criança moçambicana pela Companhia de Comandos, a visão clara daquilo que, afinal, era a guerra e, mais importante do que tudo, a percepção clara do regime corrupto e decadente que governava Portugal. No fundo, a desilusão completa. A tal consciência política que antes lhe faltava. «Havia de ser bonito… Eu pela Avenida da Liberdade abaixo até ao Terreiro do Paço…», chega a referir em plena guerra, como que prevendo o futuro. É então cometida uma das primeiras injustiças em relação à sua acção: a recusa da medalha de Comando, apenas pelo facto de não ter feito o curso de Comandos em Portugal. Outras injustiças se seguiriam.

Regressado a Santarém, é colocado na instrução da Escola Prática de Cavalaria. Aos subordinados, conta as «estórias» da guerra e da sua experiência pessoal. A partir de certa altura, faz mesmo gala de não esconder a repulsa em relação ao actual estado do regime. Com os superiores, arranja problemas exactamente por essa razão. A despeito disso, é promovido ao posto de capitão em 1970 e no ano seguinte embarca para a Guiné, com a missão de comandar a Companhia de Cavalaria 3420. A desilusão em relação ao regime acentua-se e a revolta em relação à guerra atinge um ponto limite. Ainda na Guiné, começa a participar nas reuniões embrionárias daquele que viria a ser conhecido como o MFA – Movimento das Forças Armadas. Em Julho de 1973, conhece Otelo Saraiva de Carvalho. Em plena messe dos oficiais, lê a «Seara Nova» e até os livros de Karl Marx. Regressa ao continente em Outubro de 1973, com as sementes da revolta a fervilhar no seu ânimo. As reuniões tendentes a organizar um golpe de estado são cada vez mais frequentes. «Portugal e o Futuro», de António de Spínola, é publicado em Fevereiro de 1972 e vai concorrer de forma marcante para o fim do regime. «Este livro surge, além do mais, como um imperativo moral de quem não pode conter-se.» – refere o autor na introdução da obra. A 16 de Março, dá-se a primeira tentativa de golpe. Golpe preparado «em cima dos joelhos», com fraca adesão militar, sem grandes possibilidades de êxito. Salgueiro Maia é um dos que se mostra contra a iniciativa e, por isso mesmo, se recusa a participar. A coluna do Regimento de Infantaria n.º 5 sai das Caldas da Rainha em direcção a Lisboa, mas não chega à capital, pois os seus principais responsáveis são presos ainda antes da partida. Mas, agora mais do que nunca, a revolução é uma questão de tempo. O MFA marca novas tentativa para daí a um mês, entre 20 e 29 de Abril, e Otelo assume a liderança do plano de operações. A 17 de Abril, entrega a Salgueiro Maia o comando da missão operacional e dá-lhe a entender que há generais envolvidos no golpe, quando tudo não passava, afinal, de um movimento de capitães. No dia 22, todas as unidades entram estado de alerta. A hora H fica desde logo marcada para as três da madrugada do dia 25 de Abril. Pelas 22 horas e trinta minutos do dia anterior, João Paulo Dinis, aos microfones da rádio, anunciara a música «E Depois do Adeus», de Paulo de Carvalho. Era a primeira senha, o início das movimentações militares. À meia noite e meia, Leite de Vasconcelos lê no programa «Limite», da Rádio Renascença, a primeira quadra de «Grândola, Vila Morena», de Zeca Afonso. «Grândola, Vila Morena / Terra da fraternidade / O povo é quem mais ordena / Dentro de ti / Ó cidade». É a senha definitiva e o aviso para a saída dos quartéis. É então que, em plena Escola Prática de Cavalaria, Salgueiro Maia entra em acção. Assume as capacidades de liderança que já manifestava desde criança e dirige-se aos seus subordinados. «Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os sociais, os corporativos e o Estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o Estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser, fica aqui.» Um discurso forte, vibrante, motivador, que poderia ter sido resumido a uma única frase. A tal que Salgueiro Maia também disse. «Há alturas em que é preciso desobedecer!»

I Tertúlia do Aventar – Salgueiro Maia e a Memória da Revolução

 

Tertúlia do Aventar – «Salgueiro Maia e a Memória da Revolução». Hoje, 5 de Dezembro, 18 horas. Com Carlos Abreu Amorim e João Teixeira Lopes. Clube Literário do Porto (à Ribeira).

 

Poemas com história: Pedreira dos Húngaros

Na sequência da Revolução de Abril, o projecto SAAL tentou resolver o problema dos bairros de lata que enxameavam as cinturas industriais de Lisboa, Porto e Setúbal, principalmente. Hoje, os bairros de lata foram em parte erradicados, mas substituídos por outra dramática tipologia – a dos bairros degradados. Há, entre uma coisa e outra, diferenças quantitativas e qualitativas. Porém, a questão central mantém-se, porque se é verdade que, tal como acontecia nos bairros de lata, os bairros degradados abrigam muita marginalidade (roubo organizado, tráfico de droga, prostituição…), paredes meias com essa marginalidade, convivem pessoas honestas, que trabalham ou estão desempregadas, e que vêem os seus filhos crescer num ambiente que pode, à partida, condicionar negativamente o trajecto das suas vidas.

 

Este poema foi inspirado no trabalho  voluntário, de levantamento, sobretudo, que, prévio ao projecto SAAL, desenvolvi em bairros da periferia da grande Lisboa – Pedreira dos Italianos, Pedreira dos Húngaros (que chegou a ter 30 mil habitantes), Fim do Mundo, Marianas… Ali arranjei grandes amigos e como feito de que me orgulho consegui, num desses bairros, no do Fim do Mundo, perto do Estoril, sentar à mesma mesa, à volta de umas cervejas e de um qualquer petisco, os líderes das comunidades cigana e cabo-verdiana (em guerra permanente). Desconfiados, preconceituosos, o convívio não começou bem, pois desataram a desfiar recriminações, mas diversas imperiais depois, já se estavam a tratar por tu e a falar normalmente.

Um dia um amigo da Pedreira dos Húngaros, onde hoje se ergue o bairro de Miraflores, um cabo-verdiano que gostava muito de ler (sobretudo boa literatura policial), levou-me à sua barraca. Chovia torrencialmente e, indiferentes à chuva, as crianças brincavam alegremente esparrinhando a água nas poças. O Miguel apresentou-me a mulher e os filhos pequenos e, depois de eu ter visto as terríveis condições em que viviam, teve este desabafo: – Estás a ver, Carlos, sou pedreiro, faço casas para os outros e moro, com a mulher e os filhos, numa barraca. De facto ele era operário da construção civil e esta frase tão simples, além de desencadear mais um dos meus poemas panfletários (escrito em 1975, inédito até hoje), valeu-me por mil lições de economia política.

Pedreira dos Húngaros

A pedreira é chaga que te arde na cintura,

cidade plantada a ocidente, em carne viva,

mar de lama, rosa de pus,  gaivota esquiva –

pedreira – adaga que apunhala a noite escura.

 

É uma face turva, a faca curva que perdura,

em ti, urbe prisioneira, da negra luz  cativa.

É  bandeira da morte que drapeja altiva

a norte da verdade, em ti, cidade-desventura.

 

Sinto vidro moído à deriva num pulmão:

num labirinto percorrido por fera à solta.

procuro em vão saída para a claridade.

 

Morde-me a memória a malsã recordação

da realidade que em ti arde á nossa volta.

Pedreira, morte em flor na cintura da cidade.

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A célebre canção do Zeca, «Os Índios da Meia Praia», baseia-se também num episódio do projecto SAAL. Vamos ouvir mais, uma vez:

 

 

As compras do Estado e as contrapartidas

A magnifica investigação da SIC sobre as compras do Estado de armamento militar, ultrapassa tudo o que podia pensar. Milhões de euros ao desbarato, sem controlo, como se nada acontecesse, sem responsáveis, atravessando diversos governos.

 

O total aproxima-se dos 4.000 milhões de euros de contrapartidas, cuja taxa de realização não atinge os 30%, o que quer dizer que o Estado está a ver "submarinos" na ordem dos 2.400 milhões de euros. Submarinos, helicópteros e outras coisas menos visíveis…

 

As empresas portuguesas foram chamadas a envolverem-se nas negociaçõs, mas logo que a compra se tornou efectiva, foram pura e simplesmente ignoradas. O presidente da Autosil, diz que não facturou um tostão furado e o mesmo diz Henrique Neto da Iberomoldes, que até gastou dinheiro em viagens de negócios. Zero!!!!

 

Entretanto, há uma comissão ( o que é que havia de ser?) cujo presidente é um diplomata, que sabe tanto de material militar como eu sei de lagares de azeite, mais uns quantos vogais, que à sua conta, só em vencimentos, levam o orçamento todo da comissão que, obviamente, não controla nem fiscaliza nada.

 

Para que este saboroso caso seja completo, temos uma empresa do Grupo Espírito Santo, a ESCOM, a quem o Estado delegou a responsabilidade de intermediar o negócio, e que após os contratos assinados nunca mais se interessou pelo seu cumprimento. O mesmo Espírito Santo que se senta ao lado dos representantes do Estado na PT, e em outras empresas muito nossas e todas a favor do povo.

 

Claro que é o Estado que tem que tratar dos seus interesses e não quem anda na vida a ganhar dinheiro, isto é como dar o código ao assaltante do cofre forte. Ultrapassa tudo, é uma vergonha, a ponto de Henrique Neto dizer que a Ibermoldes foi contactada diversas vezes, pelas empresas vendedoras, a "fazer de conta" que tinha facturado muito, utilizando facturas de outros negócios, para assim darem as contrapartidas como realizadas.

 

O Estado está nas mãos de um gang de malfeitores!

 

 

 

Poemas do Ser não Ser

Diz-me onde tens a alma

gostava tanto de saber

gostava tanto de beber

um cálice de vodka

ou de porto

à saúde da tua alma…

Ou de fel

não importa.

 

Excelente grupo no sorteio para o mundial da África do Sul

Dados os 1700 metros de altitude de Joanesburgo onde jogará o primeiro classificado do nosso grupo 3 equipas vão lutar pelo 2º lugar, e pela honra de eliminar a Espanha. O Brasil é um adversário conhecido, com quem temos contas recentes a ajustar, incluindo  as piadas de Dunga,  que só motivam os nossos 3 ex-brasileiros. Uma boa oportunidade para Deco regressar ao seu golo de estreia pela selecção.

A Costa do Marfim é perigosa, e talvez fique em primeiro lugar.

A Coreia dá-nos sorte, que também precisamos.

De resto anda meio mundo a lastimar o sorteio, incluindo os meus colegas aventadores. É um facto que devemos encarar com tranquilidade, ainda não se refizeram do apuramento que achavam muito difícil ou já impossível, não entendendo que o gozo destas coisas está no sofrimentozinho de deixar tudo para o fim. À portuguesa, como a nossa selecção deve ser, é claro.