FUTAventar – é complicado jogar com uma equipa com um nome destes…

Vá lá! Mesmo no fim, e por quem raramente acerta, o Sporting empatou. Com a bola pelo ar, contra estes calmeirões é muito dificil, embora a bola só ande pelo chão se houver talento.

 

O golo Holandês pareceu-me facilitado e depois as coisas complicaram-se. O Levezinho tambem falhou golos que não são habituais nele, e numa das poucas boas jogadas o Leão marcou. E a questão é mesmo essa, sem boas jogadas não se marcam golos, e deixemo-nos de desculpas.

 

Ficando em primeiro no grupo, tem uma série de vantagens que espero sejam aproveitadas, já não seja ganhar algum dinheiro para comprar um defesa- central de grande nível. 

 

A liberdade de expressão e a moderação de comentários no Aventar

Os nossos leitores habituaram-se a ver no Aventar, desde Março, um espaço de liberdade onde todos podiam dizer o que lhes ia na alma.

Nada mudou no que a isso diz respeito. No entanto, uma caixa de comentários tem de ter um aspecto limpo e asseado, agradável à vista e que convide ao regresso. Ora, nos últimos tempos, utilizando uma expressão muito portuense, as caixas de comentários do Aventar andavam muito badalhocas. Peço desculpa a quem não gosta da palavra, de facto muito feia, mas é a mais pura das verdades.

Ora, foi necessário tomar medidas para que essa situação não continuasse, daí a solução óbvia encontrada: moderação de comentários. Tudo continua como dantes e será publicado o que não seja ordinarice, conversa fiada, desconversa, diálogos particulares.

Há por aí quem pense que a liberdade de expressão não tem limites. A cómica «liberdade total intelectual» de que se ufanam. Pode-se insultar à vontade que não há qualquer problema. Chame-se a alguém filho da puta ou paneleiro, é tudo uma força de expressão. Se entendem que há difamação, aí sim, cai o Carmo e a Trindade. Insultos é que pode ser à vontade do freguês.

Há quem pense também que tem direito de escrever num blogue o que lhe apetece. Porque é um blogue e num blogue escreve-se o que nos vem à cabeça. Pois bem, os donos de um blogue também têm direito a seguir uma determinada linha editorial e a definir as suas regras. As nossas são estas. Quem não gostar, paciência!

O John vai morrer, sem assistência médica, no país mais rico do mundo!

Tive violentas discussões na blogoesfera por causa do Sistema de Saúde nos USA.  Que deixa de fora, sem assistência médica, 40 milhões de pessoas. É uma luta que está a ser travada pelo presidente americano contra os interesses das seguradoras e dos Republicanos.

 

No (i) vem a história de John Brodniak, contada por Nicolas Kristof.

 

O John é um jovem de vinte e três anos, que começou há dois anos a ter violentas dores de cabeça. TACs e outros exames revelaram a existência de um tumor que pode ser operado. Isto é, o John pode ser salvo. Mas o Jonh, que trabalhava numa carpintaria na cidade natal, teve que ir para casa por causa da sua doença. Quando tem as violentas dores de cabeça, o John dirige-se ao hospital onde lhe ministram uns medicamentos contra as dores e mandam-no para casa.

 

Ninguem está disposto a operá-lo porque o John perdeu o seguro de saúde quando saiu da empresa, e não há, nem cirurgião nem hospital que o opere sem seguro, ou melhor, sem dinheiro. O John vai morrer. Candidatou-se a um programa Medicaid do Oregon mas não encontra um médico que aceite operá-lo por um preço tão baixo. O Medicaid é um programa de saúde governamental.

 

Se um senador, que se opõe à reforma do sistema de saúde, passasse na rua quando o Jonh desmaia com as dores lacinantes, nós acharíamos que se tratava de um monstro se nada fizesse.

 

Não será igualmente um criminoso alguem que  recusa a cobertura de saúde a milhares de cidadãos como o John?

A nuvem da morte chegou há 25 anos

 

Foi há 25 anos. O dia tinha acordado como tantos outros mas depressa veio a tornar-se num pesadelo que se estende até aos nossos tempos.

Na manhã de 3 de Dezembro de 1984 uma grande quantidade de água entrou num tanque da Union Carbide (hoje Dow Chemical), uma fábrica de pesticidas instalada em Bhopal, capital do estado de Madhya Pradesh, na Índia.

 

A água reagiu com 42 toneladas de isocianato de metila atingindo temperaturas elevadas e uma pressão imensa que acabou por provocar a libertação de diversos gases para a atmosfera. A nuvem venenosa espalhou-se pelas localidades nos arredores da unidade industrial. As primeiras pessoas afectadas tiveram a garganta queimada, tal como aconteceu com os olhos. Em poucos horas morreram cerca de quatro mil pessoas. Ao fim de três dias havia 10 mil mortos. Nos anos seguintes acabaram por morrer mais 15 mil pessoas em consequência directa da libertação dos gases.

 

Vinte e cinco anos depois, eleva-se a cerca de 25 mil as pessoas vítimas directas. Estudos publicados no início desta semana revelam que os bairros em redor da fábrica continuam a sofrer os efeitos dos produtos químicos, que contaminaram os lençóis freáticos e o solo, causando malformações física e psíquicas de nascimento e doenças crónicas. Ao todo, cerca de 100 mil pessoas foram e estão a ser afectadas pelos produtos tóxicos então libertados e pelas sequelas provocadas.

 

Os administradores da empresa acusaram primeiro um grupo terrorista pelo incidente. A falta de provas levou a um recuo e à transferência da acusação para um funcionário, responsável pela segurança. Sabotagem, disseram. O indivíduo fugiu e nunca foi detido. A investigação acabou por concluir que as medidas de segurança eram muito fracas. Tinham diminuído de forma drástica devido à redução de verbas aplicada neste segmento pela administração, sentada num gabinete nos EUA.

 

O governo do Estado indiano encarregou-se das instalações em 1998, mas as limpezas foram parciais. Jornalistas que estiveram no local contam que milhares de toneladas de resíduos ainda são encontradas a poucos metros da fábrica, em tanques artificiais de evaporação solar. O governo estatal afirma que este material não é prejudicial e pensou em abrir as instalações no mês passado mas recuou.

 

Em comunicado, a Dow Chemical afirmou ter fechado um acordo financeiro de 470 milhões de dólares assinado em 1989 com o governo indiano, resolvendo “todas as demandas existentes e futuras”. A maior parte do dinheiro terá sido utilizada para pagar indemnizações de mil a dois mil dólares às vítimas que ficaram incapacitadas para trabalhar ou com doenças de longa duração. Muitas delas não receberam absolutamente nada.

Hoje, activistas indianos recordaram o incidente com manifestações e com a exigência de que os responsáveis sejam julgados.

 

Mais imagens em The Big Picture

As crianças crescem

(texto em quatro andamentos, escrito velozmente ao som de Tchaikowski)

 

1º ANDAMENTO

 

É o crescimento das crianças, que tenho observado ao longo do tempo. Também das minhas, mas não só. As minhas são as mais importantes. Feitas por mim, em conjunto com a pessoa da minha paixão. Mas, há mais crianças que pessoas que se dedicam à ciência do analisar e observar e com elas aprendem. Aprendizagem do analista que acaba por não ser incluída nos estudos. Porque para um observador das ideias com as quais as pessoas transformam a materialidade da vida para a sua continuidade histórica, voir, a sua reprodução, a criança acaba por ser um dado inexistente.

A Ciência tende a ver a criança como a pequenada que está aí sem mexer nem dizer nada. Só cala e observa e serve para ser mandada ou para aliviar a trabalheira do adulto.

Atitude diferente tiveram através dos tempos, John Locke (1693), Jean Jacques Rousseau (1762), Bronislaw Malinowski (1922), os etnólogos portugueses como Teófilo Braga (11914-1915), Adolfo Coelho (1882-1916), Maria Rosa Colaço ( s´d ), Maria Emília Traça (1992) e toda a equipa que tem trabalhado comigo nas duas últimas décadas em Portugal, Espanha, França, Holanda, África e América Latina. Philippe Ariés (1960-1972) soube caracterizar muito bem essa atitude diferente, ao longo do tempo.

É com esse respeito de aprender com as crianças que a minha equipa tem trabalhado em diversos Países e Continentes. Equipa de que fazem parte Luiza Cortesão, Stephen Stoer, Helena Costa, Telmo Caria, Ricardo Vieira, Filipe Reis, Amélia Frazão, Darlinda Moreira, Ângela Nunes, Paulo Raposo, Luís Souta, Henrique Gomes de Araújo, Rosa Melo, Eduardo Costa, Alexandre Silva, Elvira Lobo, José Maria Cardesin, José Maria Valcuende, Marie-Elisabeth Handmann, Paula Iturra, Blanca Iturra, entre outros. Não é minha intenção aborrecer o leitor com uma longa lista de estudiosos do comportamento infantil.

 

Queria apenas dizer que todos nós, como equipa, temos tido a preocupação de andar de papel e lápis na mão, a brincar, a recolher histórias da memória social do grupo no qual a criança vive.

O problema é que a Ciência da Educação se fecha na instituição escolar e a Psicologia no problema da relação da criança com o adulto e deste com a criança ou na questão da violência intrafamiliar. Tchaikowski (1877) e Schumann (1838) souberam ver o poema da pequenada nas suas músicas, as quais me acompanham nesta escrita veloz para que o texto chegue atempadamente ao Aventar e à minha editora pessoal.

No Chile, mais precisamente em Pencahue, no dia do aniversário do Libertador Bernardo O’Higgins (20 de Agosto de 1779), parei o trabalho de pesquisa que estava a realizar com um grupo de crianças para redigir, com elas, um texto, incluído, mais tarde, como parte de um livro meu. O debate sobre esse trabalho realizado por mim com as crianças fica para outro dia. Hoje, quero referir-me às crianças que conheci e estudei, faz hoje 35 anos, na minha aldeia galega, essa antiga Paroquia camponesa de Vilatuxe. Aldeia onde morei e trabalhei, com a minha família durante quase dois anos, e estudei novamente, 25 anos depois. Desta última vez, fiquei alojado em casa de um grande amigo, o pastor de ovelhas Hermínio Medela e da sua família. Fui tratado como um rei….

 

2º ANDAMENTO

 

Estamos habituados a ver as crianças. Aí estão. Choram. Têm fome, são queridas enquanto exploram o mundo que mal conhecem. É com esforço e concentrada atenção que ouvem, vêm e calam. Nessa Vilatuxe galega do começo dos anos setenta, Berta e Pedro Tomé brincavam com os porcos, e encavalitam-se neles. Os adultos riam e deixavam. Até porque no seu imaginário tinham baptizado os animais com os nomes dos antigos príncipes, hoje Reis depois da morte do Ditador. Era assim que esses pequenos, como a vizinha Beatriz Ramos, exprimiam o que em casa era sentido mas não falado, o descontentamento das pessoas com o sistema político.

Sistema político que não permitia que as pessoas exprimissem o que pensavam e desejavam dizer. Esses pequenos fisgavam o sentir do adulto e punham palavras aí onde as meias frases segredavam o que os adultos pensavam do poder político. Neruda (um grandão que escrevia com a dor do adulto, para os pequenos) tinha dito nos anos vinte – por que no enseñan a sacar miel del sol a los helicópteros? Como esse outro Prémio Nobel Chileno, Gabriela Mistral, que pelos mesmos anos 20 disse: Piececitos de niños, azulosos de frios, como os vem y no os cubren, Dios mio… Diferente do saltitar de Berta, Pedro e Beatriz, Paula, a nossa filha mais velha, nos seus cinco anos desses tempos, por cima das lombadas dos porcos exprimindo a proibida crítica política ao ditador, morto santamente anos depois. E com o consentimento dos adultos, que não mandavam calar, era uma verdadeira forma de protesto contra a construção do mundo adulto que a criança percebia mas não sabia explicar. Só sabia sentir o que o adulto sentia e não podia dizer. Nenhum deles, nem o pai de Paula, observador silencioso dos factos com que analisava os comportamentos. Mas, foi aí que esses quatro, e muitos outros que refiro num outro livro, aprenderam a dizer, depois de sentir, pensar e elaborar, por pura afectividade, o que os seus adultos calavam. O protesto democrático pela liberdade que Rousseau tanto procurou para o pequeno e para o adulto, de exílio em exílio, só podia ser dito pelo pequeno. E era a criança, como é agora, que condicionava a conduta do adulto. Porque no segredo da casa, tudo se fala, mas tudo dito para não ser repetido lá fora. Excepto, nas brincadeiras que a pequenada imaginava a partir do que ouvia e sentia dos grandes que amava. E que esses grandes sabiam dizer de forma tangencial, para não serem tão abertos que viessem a aparecer palavras comprometedoras para a segurança do grupo doméstico que amavam.

A brincadeira, saiba a pequenada ou não, é política e como política, liberta a opressão dos adultos responsáveis pelas crianças. Foi assim em Portugal, como o foi em 1848 na Comuna de Paris, que abalou o mundo e fez entrar a Prússia em França. Tal como no Chile de hoje, onde as crianças utilizam a fala oficial frente aos seus mestres e nas suas brincadeiras utilizam os palavrões que revelam os
si
lêncios das pessoas grandes. 

 

3º ANDAMENTO

 

Porque a conduta do pequeno condiciona a conduta do adulto. É um facto observado por mim e pelos meus companheiros de pesquisa. Nem digo os pequenos mortos no Ruanda, que Paula Iturra, em Amesterdão, trata analiticamente para os pais fazerem o luto. A conduta dos pequenos condiciona mais a dos adultos que o contrário. É verdade que as palavras vêm do adulto, bem como as ideias. Como é também verdade que a realidade a ser aprendida pela criançada, é a verdade exprimida pelo sentimento do maior. Um maior que nem repara que o gesto da cara, o protesto da palavra, a poupança nos ingressos raros, o comentário com a vizinhança em presença do puto e em voz calada, mostram aos mais novos a contradição entre a lição dita oralmente e com punição, caso seja repetida, e o riso forte Das Auroras e Pepes Tomé Fernández, dos Pepes Ramos, e o riso profundo, forte e honesto dos mesmos perante a ironia dos inventos dos príncipes porcos, hoje Reis respeitados ou distantes.

O adulto vê condicionada a sua conduta, conscientemente ou não, pelo temor de ouvir as suas palavras serem repetidas pela pequenada. Sem reparar que a pequenada é fiel quando há, como nos casos supracitados, amor, cuidado, histórias que se contam, agasalho, comida quente e passeios quando possível.

O adulto quer manter a sua vida como se não houvesse entendimentos diferenciados, horários diferenciados entre as duas gerações, ou às vezes três. Quando o adulto não repara que os horários e hábitos de interacção social limitam a liberdade assim denominada, que o adulto tem. Porque esse grandão já não pode, por um tempo, fazer só o que quer: tem de tomar conta de fraldas, de perguntas, de não substituir iniciativas, de sugerir ideais alternativas quando os pequenos podem ofender os mais velhos com as suas brincadeiras. Ou, pôr em aperto os outros, com as suas opiniões espontâneas, nascidas da diferença do que vê no seu lar e do que observa no lar dos outros. Aí nasce a crítica feita dentro de casa, quando o adulto manda calar o mais novo, sem reparar que o mais novo está a construir uma lógica que virá a reger a sua vida mais tarde.

Eu diria que o adulto não cresce. Porque para crescer, deve separar em debate com o novo, o que sente e pensa, do que o mais novo observa.

Beatriz disse-me há uns meses, 25 anos depois da sua infância: a tua sogra, Raul, bebia e fumava até não poder mais. O que acontecia é que ela era uma dama que não trabalhava e que, de visita à família (na aldeia) durante as suas férias, tomava o seu aperitivo e fumava o seu cigarro depois do jantar. Ora isto, contemplado pelo hábito da mulher que só trabalhava e tinha hábitos diferentes do homem, era uma perversão para uma pequena e para o seu lar. Lar que nunca usou o método comparativo para explicar que o mundo não é etnocêntrico, que é relativo.

  

4º ANDAMENTO

 

Relativismo que, crescida, a pequenada passa a conhecer e não só não crítica, como aprende e pratica de forma parcimoniosa. Vinte e cinco anos depois, quando o matrimónio acontece, e ao par se junta a profissão, o cálculo, a liberdade para utilizar o imaginário no cálculo e já não para brincar aos príncipes com os porcos.

Crianças monárquicas por hábito, para assegurar a democracia hoje vivida em tantos países por onde tenho andado. Criança que nem o adulto anterior, acaba por entender. Porque, sem voltarem à aldeia, os Pedros desenhadores ou arquitectos, as Bertas mestras, as Beatrizes proprietárias e comerciantes e as Paulas psicanalistas, tratam os seus adultos com a distância que lhes dá o saber da Ciência que praticam. Uma Ciência que acham diferente da dos seus adultos tratando-os como se fossem seus clientes. Tudo isto agravado pelo novo ideal da autonomia e do individualismo, não vivido pelo adulto maduro. A geração anterior está muito perto em idade, por assim dizer, mas entende de forma muito diferente o real.

A criança cresce agora numa família restrita, de pares sucessivos, procurando a emotividade da família alargada. Mas, com o objectivo de ser autónoma, individualista, de pares de vida celibatária, heterogénea, com acordares novos para a afectividade. As crianças crescem e fazem ficar o adulto anterior, pequeno. Porque o adulto anterior guarda a afectividade e comemora o sucesso de mudança de vida, em silêncio, sem entender muito o conteúdo das conversas. Num curto espaço de tempo, as duas culturas, a adulta e da infância que tenho observado durante décadas, têm ganho distância no entender, no saber e na prática.

Ali, onde há 35 anos encontrei um conjunto de seres com um modo de vida rural a tratar do campo, encontro agora um passado que desaparece para dar passo a raros empresários rurais, e uma multidão de profissionais que fazem da vida anterior, quotidiana, um eventual fim de semana. Com correcção dos mais adultos. As crianças crescem com a ética desses adultos, transformada pela entrada nos Países das ideias semeadas no séc. XVIII e tendo hoje o lucro como principal objectivo. Objectivo que, há 35 anos, não era percebido pelos mais novos, nem estava nos cálculos dos mais velhos.

Porem, a criança precisa de ser estudada no seu contexto conjuntural, transitório, mutável. Transitório e reiterado como o tempo, todos os quarenta anos… Como vamos voltar a explicar depois. Orgulhosamente à la Rousseau, como defendem Stoer e Magalhães (1998). Como todos nós.

 

BIBLIOGRAFIA

 

Ariès, Philippe, (1964) 1988: A criança e a vida familiar

no Antigo Regime, Lisboa, Relógio D`Agua.

Braga, Teófilo, (1914-1915) 1995: Contos Tradicionais do Povo Português, Lisboa, Publicações Dom Quixote. Volumes I e II

Coelho, Adolfo (1910) 1993: Cultura Popular e Educação, Volume II,

Lisboa, Publicações Dom Quixote.

Colaço. Maria Rosa, s/d, A criança e a vida. Colectânea de textos infantis. Lisboa, Publicações Europa-América.

Iturra, Raul, 1998: Como era quando não era o que sou. O crescimento das crianças. Porto, Profedições,Porto.

Malinowski, Bronislaw, 1922: The Argaunats of Western Pacific, Londres, Routledge and Kegan Paul.

Rousseau, Jean Jacques, (1762) : várias edições actuais, Èmile.

Schumann, Robert, 1832: Kinderzennen.

Tchaikowsky, Piotr Ilyich, 1848: Album for the young.

Teitelboim, Volodia, 1984 a): Gabriela Mistral. Pública y Secreta. Madrid, Alianza Editorial.1984 c) Neruda. Madrid, Alianza Editorial

 

Tão simples quanto isto… uma ideia para Portugal

No (i) diz o Prof. Eduardo Anselmo de Castro, da Universidade de Aveiro:

 

"Confundimos inovação com cópia automática do que surge do estrangeiro como último grito da moda. Porque não ser inovadores olhando as actividades tradicionais de forma original?

Podemos fazê-lo com uma actividade em particular; tratar bem dos idosos, nossos e de outros países. A procura é garantida e a expansão tambem. Em vez de carpirmos a crise da segurança social, críariamos valor acrescentado com as reformas dos europeus."

 

E não aumentavamos a dívida, e criavamos postos de trabalho, e investiamos na construção civil, e exportavamos serviços com a vinda de estrangeiros, que comiam o nosso peixe, a nossa fruta e a nossa carne, e vinho e cerveja, e têxteis e sapatos, procuravam os nossos serviços médicos, tudo pago pelas altas pensões dos nossos vizinhos europeus.

 

É que sol, uma temperatura amena e um povo prazenteiro tem procura ; o TGV é que não!

Gustavo Dudamel, um maestro que veio do calor

 

 

esgotado

Concerto extraordinário da Temporada Gulbenkian de Música 2009 / 2010

Gustavo Dudamel dirige a Orquestra Juvenil Ibero-Americana na estreia mundial desta nova orquestra.

 

***

Foi assim (esgotado) ontem, na Gulbenkian, a estreia mundial do novo projecto de Gustavo Dudamel, o maestro que todos disputam, pairando muito acima dos políticos.

 

 

 

A máquina do tempo: a XIX Cimeira Ibero-Americana de Lisboa, as Honduras e o bicentenário da independência

 

No próximo ano celebra-se o bicentenário de uma parte das nações latino-americanas. Essa luta de libertação foi particularmente empolgante pela grande solidariedade que existia entre os diversos povos e forças envolvidas na luta pelas independências nacionais. Por exemplo, os generais argentinos O’Higgins e San Martín atravessando a cordilheira dos Andes para libertar o Chile ou Simón Bolívar, nascido em Caracas, actual capital da Venezuela, avançando desde o norte do subcontintente, indo pela Venezuela e Colômbia, passando ao Equador para atingir o coração da América Latina e ali implantar uma nova nação – a Bolívia. Solidariedade que actualmente não se verifica, como se vê na posição que cada país da região toma face à grave crise hondurenha.

 

Neste momento, dois séculos depois dessa épica fraternidade, existe uma profunda divisão entre os países latino-americanos. Ilustrando bem essa divisão, no rescaldo da XIX Cimeira Ibero-Americana realizada no Estoril, e que terminou na passada terça-feira, salienta-se o facto de a crise nas Honduras, ter dividido os delegados das 22 nações representadas. A presidência portuguesa obteve uma declaração que condenando o golpe nas Honduras conseguiu reunir consenso. Porque os estados americanos de língua espanhola e portuguesa não se entendem quanto a este recente episódio da queda do presidente Manuel Zelaya, em 28 de Junho, e da não-legitimação das eleições .

 

A «Declaração de Lisboa» e os termos em que foi redigida, condenando «as graves violações dos direitos e liberdades fundamentais do povo hondurenho», mas não assumindo qualquer posição quanto à farsa das eleições de 29 de Novembro, demonstra bem a gravidade da divergência entre povos outrora irmãos. A clivagem faz-se entre os países que, alinhando a sua posição pela dos Estados Unidos – Panamá, Costa Rica, Colômbia e Peru – legitimam a vitória de Porfírio Lobo, e aqueles que consideram essas eleições aquilo que evidentemente foram – «uma paródia», como a classificou Cristina Kirchner, a presidente da Argentina; além deste país, recusam liminarmente a legitimação, o Brasil, a Venezuela, o Equador a Bolívia e Cuba.

 

Há depois os que assumem uma posição intermédia, apadrinhada por Espanha. José Rodríguez Zapatero reconheceu que se realizaram as eleições, conforme estava constitucionalmente previsto, mas em «circunstâncias anómalas». O Brasil, o gigante do hemisfério, apresentou a postura mais firme, recusando o resultado de umas eleições fraudulentas. Para que a beligerância dos discursos atingisse grandes proporções, faltou a voz de Hugo Chávez que não veio ao Estoril. Raúl Castro também não apareceu, fazendo-se representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez.

 

Todos os representantes presentes na cimeira do Estoril se comprometeram a colaborar no sentido de possibilitar um «diálogo nacional nas Honduras e a devolução do regime democrático ao povo hondurenho». Entretanto, em 27 de Janeiro, Porfírio «Pepe» Lobo toma posse e termina a hipótese do tal diálogo. Manuel Zelaya continua a ser o presidente constitucional, teoricamente em funções, embora na realidade esteja desde 22 de Setembro refugiado na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Por aqui se vê como foi pífia a decisão da cimeira.

*

Em resumo: não se chegou a acordo quanto às Honduras, nem quanto ao clima, um dos assuntos em que se deveriam ter centrado as conversações ibero-americanas, quando faltam poucos dias para abrir em Copenhaga a conferência da ONU sobre as alterações climáticas. Condenando a falta de resoluções concretas, activistas da Greenpeace escalaram durante a manhã de segunda-feira, dia 30 de Novembro, a Torre de Belém, para chamar a atenção dos líderes ibero-americanos. O protesto foi reprimido horas depois pela polícia, que deteve nove militantes da organização ecologista.

 

Entretanto, notícias da madrugada de hoje dão-nos conta da decisão do Congresso hondurenho ter votado contra o regresso de Zelaya à presidência para terminar o seu mandato. Dos 128 deputados, 78 votaram contra a restituição do mandato presidencial a Manuel Zelaya e 11 a favor, abstendo-se os restantes. Cada deputado pôde justificar o seu voto. Muitos dos que votaram contra, alegaram pretender «fortalecer a democracia», aludiram à «paz e tranquilidade do país», congratularam-se pela «limpeza» e pela «transparência das eleições». Alegou-se também a grande influência que Hugo Chávez exercia sobre o mandatário deposto. A palavra «pátria» entrou em quase todas as declarações de voto.

 

Por aqui se vê o que valem as palavras – gente que está a minar, a destruir a liberdade e a democracia na sua pátria, a apoiar o resultado de umas eleições que foram tudo menos transparentes e que uma grande parte da comunidade internacional se recusa reconhecer como legítimas, usa o nome dos valores que traiu para justificar a traição.

*

Voltando à próxima passagem, em 2010, do Bicentenário das primeiras independências de países latino-americanos, Ricardo Lagos, presidente da República do Chile entre 2000 e 2006, e que preside actualmente, com o escritor mexicano Carlos Fuentes ao Foro Ibero-América salienta num artigo publicado, sábado, 28, no El País, esta característica da luta de libertação dos povos da América Latina, colonizados até então pelo estado espanhol e por Portugal – a grande solidariedade entre os países irmãos que nasciam da extinção do império colonial espanhol. Chama-se esse texto «Uma nova independência» e termina assim:

 

«Celebramos estes 200 anos entendendo que agora, mais do que a afirmação da identidade nacional, devemos enfrentar em conjunto um processo de integração e, através desse processo, entender que nos reencontrámos com Espanha e Portugal para nos ajudarmos mutuamente na construção de um mundo melhor. Nesse contexto, as cimeiras ibero-americanas são determinantes no esforço por construir o início de uma comunidade de nações que, dos dois lados do Atlântico, compartilham ideias, história, língua e valores comuns. A partir da
,
essa comunidade entende que no século XXI temos um futuro para construir em conjunto. O bicentenário constitui uma oportunidade para renovar os laços de uma história que tem mais de 500 anos.»

 

Alusiva a essas figuras épicas e com base no XX poema do livro IV de «Canto General», de Pablo Neruda – (Los Libertadores), deixo-vos com a «Cantata a los libertadores», composta pelo argentino Raúl Mercado. É uma maravilha, o poema de Pablo e a música de Mercado, que dedico aos patriotas hondurenhos.

 

O’Higgins, para celebrarte

a media luz hay que alumbrar la sala…

 

 

 

As contas públicas dos USA nas mãos da China

O presidente Obama bem se curvou a ponto de os americnos se sentirem incomodados. O que eles não sabem é que o déficite das suas contas públicas é de 13%, e que tudo aponta que ainda vem aí mais borrasca! Há bancos nos USA que não convencem ninguem, e lá vão ser salvos pelos dinheiros do Estado.

 

E a guerra na Afeganistão tambem não ajuda, mais 30 000 soldados custam muito dinheiro, e com aquela máquina de guerra toda atrás, a coisa não está fácil. Com este esforço a economia americana tambem não vai levantar vôo, longe disso, vai ser penoso.

 

Mas há uma maneira bem fácil de tirar o presidente destes apertos. É convencer os Chineses a valorizarem o yen, a moeda Chinesa. Como grande parte da dívida externa americana está nas mãos da China e grande parte em dóllares, valorizam o Yen e, assim, desvalorizam o dóllar, empobrecendo os USA, mas ninguem nota, é como Portugal fez toda a vida. Desvalorizava-se o escudo e a nossa dívida diminuia imediatamente e a nossa competitividade ajustava instântaneamente.

 

Mas quem imagina ver os USA a desvalorizar o dóllar, dar parte de fraco, quando os Chineses e os Russos, e Brasileiros, lhes andam a morder as canelas, por quererem trocar o dóllar como moeda padrão, por uma moeda a criar?

 

E quando a paridade com o Euro já é uma vergonha com o Euro a valer quase 1,50 dóllares?

 

O nosso Teixeira dos Santos ainda vai dar uma mãozinha aos USA esses "pobrecitos"…

 

O «Brasília» e a profusão de Centros Comerciais

Fui num dos útimos dias ao «Brasília», o velhinho Centro Comercial do Porto. Foi o primeiro grande Shopping da cidade, construído muito antes do «boom» que depois se verificou.

O «Brasília» acompanha-me desde muito novo. Ali vi o «Bambi», no histórico Cinema Charlot que já fechou portas há muitos anos. Por ali andei diariamente, durante a adolescência, a coleccionar postais e calendários antigos na loja do Simarro.

Anos depois, já na Faculdade de Letras, ali bem perto, era cliente diário da «CopiPorto», o mais simpático Centro de Cópias que então existia na cidade.

Pela mesma altura, ainda um rapaz livre e descomprometido, o «Brasília» era uma parte obrigatória das minhas noites. Jantava no «Diário», ali na Carvalhosa, ficava até às duas da manhã no «Diu», do outro lado da rua, e depois siga para o Bingo da «Brasília» até às 3 horas. Os outros iam para jogar, eu só ia para continuar na cerveja, porque àquela hora nada mais restava senão o bar do Bingo. Uma vez, não me deixaram entrar e não percebi por quê. 🙂

Depois do Bingo, iamos acabar a noite nas «roulottes» da rua D. Pedro V. Chegava às 5 da manhã a casa e dormia umas horitas, porque às 9 tinha de estar a trabalhar no Museu da Imprensa ou então a estudar (dormir) nas aulas da manhã.

Há uns 15 anos que não entrava no «Brasília». Desta vez, fui por causa da Venda de Natal do MIDAS e da ajuda que todos devemos aos animais. Mesmo ao lado, está também a Venda da UNICEF e do Lions.

Apesar de tudo, fiquei contente. O piso principal do Shopping, por exemplo, está todo ocupado e uma grande parte com lojas mais ou menos importantes. Dizem-me que por vezes tem mais gente do que o Cidade do Porto, o tal mamarracho que – não me admira – um dia acabará mesmo por ser demolido. E não será pelo facto de o Tribunal já ter emitido há anos a respectiva ordem.

Por estar em plena Rotunda da Boavista, o «Brasília» tem sabido resistir. Algo ainda mais admirável quando não param de abrir novos Centros Comerciais – ainda neste mês, foram mais dois na Maia, o Jardim e o Vivaci.

 Ainda bem. Já faz parte da memória da cidade.

 

Aumentar os impostos, não aumentar…

Primeiro, diversos economistas de prestigio. Depois, Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal. Logo a seguir, mais economistas de prestigio. Depois a OCDE, seguindo-se os economistas… (já perceberam, não?).

 

Agora, é a vez do FMI dizer o que já todos os anteriores tinham dito: o regresso ao défice máximo de 3 por cento do PIB só se faz aumentando os impostos, com prioridade para o IVA.

 

Até já posso adivinhar o que os economistas de prestigio virão dizer a seguir.

O Pai Natal dos meninos mal comportados, e das meninas também

Quem disse que o Natal era só prendas para os meninos bem comportados? E os outros? Os outros vão ouvir das boas desta personagem, Krampus de seu nome, que acompanha o Pai Natal com a missão de castigar os que não se portaram bem. Faz parte duma qualquer mitologia alpina, e acho que ficava a matar nos centros comerciais. É só alguém descobrir uma fórmula para ajudar ao negócio.

 

As mulheres e o fim dos minaretes na Suíça

Devo dizer que acho muito mal que nunca mais se possam fazer minaretes na Suíça.

Para além de uma intolerável intromissão na vida privada dos casais, ignoram-se desta forma os direitos das mulheres, que nunca mais podem contar com um bom minarete. E o prazer delas, onde fica?

Eu cá acho mal!