Poemas do ser e não ser

Ouço o silêncio

dos olhos que se fecham

na falta de esperança.

Amo o silêncio

das cores vivas e do sonho

que nos tece a alma

entre a vida e a morte.

Dói-me o silêncio negro

dos gritos proibidos

e sinto o dourado silêncio

dos gestos da noite

que nos abrem os olhos.

Amargo o silêncio

das horas sem brilho

e vivo o silêncio do mar

que risca na areia a força vencida.

Assumo o silêncio sagrado

da liberdade e da vida

e o silêncio de um céu de fogo

que nos abre a cova na terra fria.

Privatizações – defender a Companhia das Lezírias

Vendem-se os anéis mas ficam os dedos? Nem isso! Aumentar os impostos nem pensar (embora o Código Contributivo fosse um aumento “oculto”), diminuir nas despesas nem em tempo de abastança quanto mais em tempo de miséria.

Restam as privatizações e as “golgadas” tipo fundações, hospitais empresa que desorçamentam despesa pública.

Quanto às privatizações, o “filet mignon” há muito que se foi na voragem dos negócios, restam participações que irão parar às mãos dos mesmos de sempre, à velocidade das prementes necessidades do Estado gastador.

Mas queria chamar aqui a atenção para a Companhia das Lezírias, um bocado apetitoso para a ambição de fazer dinheiro e muito e depressa. Terras ricas, onde se cultiva tudo e mais alguma coisa, atravessada por dois rios (o Tejo e o Sorraia) com uma enorme extensão e que se deixa trabalhar e sustenta dezenas de famílias que fazem da agricultura o seu ganho pão, enquanto rendeiros.

Esta enorme extensão de terras maravilhosas, das mais produtivas do país, ainda presta outro enorme serviço que é fazer de tampão, à política de betão, não o deixando crescer para cima do rio. A tentativa já foi feita, na altura houve força para travar a extorção, demasiada visivel, mas temo que aos poucos a lezíria vá desaparecendo na voragem de quem nada respeita.

O problema dos sobreiros, da margem sul, em investigação, já se deu dentro das terras da Lezíria, num golpe baixo que se não fossem as circuntâncias do abate dos sobreiros já teria passado despercebido

Vão começar com um hotel aqui, outro ali, mais um campo de golf e quando dermos pela marosca um dos poucos paraísos existentes já não tem salvação.

Perto da grande cidade e de cinco milhões de habitantes, o aeroporto aqui a minutos a tentação é grande, ou abrimos os olhos, ou tudo vai na enxurrada que nada respeita.

Sem agricultura, sem indústria, sem pescas, tarde ou cedo estaremos na situação da Grécia e da Irlanda e de outros países que pensavam que se podia viver eternamente dos empréstimos de quem produz.

Vêm aí as privatizações! Salvemos a companhia das Lezírias!

O mistério de um inocente convite

O mistério de um inocente convite (suspense 2)

 Alguma iniciativa partiu, então, da que se encontra sediada em Custóias, mulher de grande currículo na evolução e na revolução da sexualidade, doutorada em artes nas específicas partes, posições e artimanhas, que, como não podia deixar de ser, se arvorou em militante da cosa nostra e imediatamente assumiu a erecta frontalidade de enviar um S.O.S. para todas as caras-metades dos seus respectivos cônjuges, no sentido de fazer o ponto da situação, e criar, de alguma forma, pontes e pontos de contacto sexológico entre as diversas sensibilidades, estabelecer algum consenso, criar linhas tácticas e planos de estratégia, e, se necessário, fazer um apelo à firme indecisão de todas as gajas que se marimbam para os maridos e à velada desatenção das diversas preocupações feministas.

 -Trata-se de terrorismo sexual.

 Foi este o primeiro e amplo consenso a que chegaram.

 O fulano tem um passado mais do que comprometedor. Toda a gente se lembra de ele ter dado guarida em sua casa durante uma semana, nos anos 50-60, a uma terrorista sexual de Lisboa, que teve o desplante e o descaramento de pendurar nas varandas da casa, detonadores e materiais explosivos usados nos seus atentados sexuais: meias, cuecas, combinações e soutiens…para toda a gente ver, a ponto de o irmão dele sair da coligação, por não concordar com este tipo de estratégias, e resolver abandonar a casa, actuando sozinho em países amigos e independentes como a república democrática da Candeia e o enclave livre do Tamariz. (continua)

Porto Madeira – Cabo Verde

Este post tem muitos links mas são mesmo necessários.

Faz agora exactamente um ano -as coincidências existem- estava eu a jantar com a minha amiga Misá, a viver as últimas duas ou três horas de uma estadia de um mês e meio em Cabo Verde. Nesse dia estava bastante desgostoso (lembras-te, Misá?) com uma maldade que me fizeram na sequência desta notícia. A baixa política lá como cá.

Estive em Cabo Verde, a convite da Misá, para cooperar com os rabelados  de Espinhu Branku (ver algumas imagens aqui), com o projecto Porto Madeira e no âmbito da geminação Lagos/Cidade Velha e Lagos/S. Miguel.

Ora, a Misá pediu-me que divulgasse o seu último projecto (mais legível aqui).

Trata-se de um convite internacional, dirigido a pessoas de todo o mundo, mas especialmente a artistas plásticos, professores de educação visual, grupos de alunos e, enfim, cultores da lusofonia.

Informações podem ser pedidas para misacv@gmail.com . Colaborem, as gentes de Porto Madeira agradecem.

 

 

Os pequenos terroristas

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É um facto. Toda a gente sabe que as crianças são terríveis. Quem de nós não ouviu já alguns pais relativamente zangados comentarem com os amigos: “Ui, o meu mais novo é demais. Não pára. Sempre de um lado para o outro, faz-me cada uma”. Alguns vão até um pouco mais longe e lá admite que o miúdo é “um terrorista”. Normalmente não sabem a quem, pai ou mãe, é que o petiz saiu, o que pode ser um pouco preocupante. Estas expressões são mais comuns em pessoas que se esqueceram que também já foram crianças.

Certos indivíduos estão convencidos que sempre foram gandulos e essa coisa da infância passou por eles a correr e não parou. Deve ser o caso de certos dirigentes e agentes da polícia antiterrorista britânica, em concreto de West Midlands, perto de Birmingham, que têm visitado creches para “identificar crianças” que possam estar a ser “submetidas a uma lavagem cerebral por parte de radicais islâmicos”. Está tudo no jornal The Times.

Num email enviado a grupos comunitários, um oficial da polícia pede que alertem as forças da autoridade “acerca de pessoas, de qualquer idade, que pensem que possam ter sido radizalizadas ou vulneráveis à radicalização… Há provas que sugerem que a radicazalização pode acontecer desde os 4 anos”. Quatro!

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Parabéns, Manoel de Oliveira

Há quem o considere chato (e será um pouco), mas tem muitos momentos geniais.

São 101 anos. É obra. Uma grande Obra.

Alternadeiras e palhaços

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O pitoresco caso Nogueira Pinto/Ricardo Gonçalves, deu azo a uma catadupa de protestos e manifestações do direito à indignação de toda a imprensa. Estes exageros reactivos, denotam bem a total ausência de interesse do debate político que para os media só é relevante na forma, atirando-se para o monturo dos recicláveis, os problemas de urgente reflexão. Se há uns tempos um debate parlamentar se resumiu aos corninhos ameaçados por um ministro, agora temos a “Comissão dos Palhaços e Alternadeiras”.

Na Dieta Imperial de Tóquio, os deputados esmurram-se semanalmente. Na sua equivalente de Seul, a parada sobe para o patamar das cadeiras voadoras, pontapés na cabeça e esganamento por gravatas. O Reichstag de Berlim e o Reichsrat de Viena, já tiveram piores e melhores dias. Moscovo ou Kiev, são também bons exemplos de ringues de boxe em anfiteatro. Em Roma, é o que se sabe, com o lógico reflexo em Buenos Aires onde os espano-italianizados argentinos chamam uns aos outros, nomes que qualquer regateira do Bolhão não ousa proferir.

Num Palácio de S. Bento que já ouviu um deputado (1) sugerir a decapitação do Rei e onde Presidentes (2) eram acanalhados pelos seus, pasma-se agora com uma inofensiva troca de piropos mais ou menos saborosos. Se um foi apodado de palhaço, à outra sugeriu-se a pertença a um sector profissional que nas ruas deputa a freguesia, fazendo pela vida. Paciência, podia ser bem pior.

Coisas do sistema eleitoral de lista, onde aquecem os traseiros, fulanos e fulanas de quem jamais ouvimos falar e que “nos representam”. É a república semi-parlamentar e semi-presidencial. Habituem-se.

(1) Afonso Costa

(2) Manuel Arriaga, Teixeira Gomes, Bernardino Machado

Um novo Aventador

Foi a 13 de Outubro que, pela primeira vez, falei aqui do José Mário Teixeira, um velho amigo de juventude. Hoje o Zé Mário é um distinto jurista e um escritor cuja última obra foi lançada no passado dia 12 de Outubro. Repito hoje o que disse nesse dia: o Zé Mário é um dos tipos mais brilhantes da minha geração e, acrescento agora, sendo-o só podia ser convidado a participar nesta aventura digital que se chama Aventar.

Assim, é com enorme satisfação que o Aventar vê chegar mais um novo e distinto membro. Caro José Mário, esta casa, a partir de hoje, também é tua!

O mistério de um inocente convite

Para amenizar um pouco as tristezas, as revoltas e as desgraças dos nossos posts, aqui vai, por partes, uma pequena ( grande de mais para um post) telenovela humorística.

 O mistério de um inocente convite

 Embora decorrente da inevitabilidade de que quando se sobe tem de se descer, ou mais popularmente falando, quem andou não tem pra andar, mesmo assim o convite para o encontro em casa de um amigo, sem mulheres, atravessou, como o furacão Ivan, todas as cabeças das segregadas esposas dos respectivos machos. Quando se soube a notícia de que ele só convidava os homens, eu próprio ouvi, de imediato, da boca de uma das damas um

-Ah! Nem parece do gajo!

A reacção foi em cadeia. A começar pela cadeia de Custóias, onde tenho a minha terceira mulher, inactiva.

-Ah! Isto traz água no bico!

Em breve esta exclamação se estendeu a todas as outras mulheres:

-Ah!… Ah!… Ah!…Uma delas recordou de imediato:

-O gajo nunca fora, sexualmente falando, um político de confiança. Tem um currículo demasiado pesado e clandestino, um currículo demasiado suspeito. Não serem convidadas as mulheres legítimas!? Será que…será que foram convidadas outras, por assim dizer, ilegítimas?

Como ele andou a arranjar a cave, não as terá ele recrutado e escondido por lá? Não terá vindo agora à tona, com este suspeito convite, algum maquiavélico plano urdido sabe Deus quando, lá na sua isolada pacatez bucólica?

Não podemos ficar confinadas à nossa ingenuidade. Temos de agir, no sentido de evitar uma possível clivagem ou mesmo derrapagem nas bem formadas consciências e nas bem domesticadas e… vigiadas sub-consciências dos nossos maridos, pais dos nossos filhos e avós dos nossos netos.

Para mim, relator destes factos, foi óptimo, porque eu encontrava-me num grande dilema. É que não sabia qual das duas, activas, haveria de trazer, e fosse qual fosse a minha decisão, haveria de arrostar com azedumes, amuos e negas durante mais de um mês por parte da outra. (Continua)

Saúde – Americanos fogem para o México

Afinal, o muro que os americanos construiram para impedir que os Mexicanos entrem ilegalmente nos USA, está a resultar em pleno, mas para impedir que os idosos e os pobres americanos, entrem no México à procura de cuidados médicos!

O México está a braços com um grave problema porque são muitos milhares de americanos que sobrecarregam o Sistema de Saúde Mexicano, procurando dessa forma, os cuidados médicos que lhe são negados na sua própria terra!

O país mais rico suga o país mais pobre e a sua generosidade social, que as empresas seguradoras americanas, na ganância dos lucros desmedidos, deixam na valeta sem cuidados médicos. Os republicanos assobiam para o ar, não têm vergonha de ostricizar os seus concidadãos mais pobres.

Entretanto, a guerra pela saúde de quem não é rico continua, com Obama a obter uma importante vitória mas não definitiva!

O elogio de José Sócrates

José Sócrates tem uma visão modernizadora para o país. A sua aposta nas energias renováveis e na sociedade da informação, via choque tecnológico, demonstram à evidência que o rumo escolhido pelo primeiro-ministro é o de alguém com uma ideia clara do que quer para o país que ama.
Com as energias renováveis, ficaremos menos dependentes das energias fósseis e de um futuro assustador para a Humanidade.
Com portugueses escolarizados do ponto de vista informático, temos as ferramentas indispensáveis para uma sociedade mais capaz e mais apta a enfrentar os desafios de um mundo em constante mutação.
E depois há as questões ditas fracturantes, que me fazem aplaudir José Sócrates pela coragem das medidas tomadas. A questão do divórcio veio corrigir uma flagrante injustiça que se verificava há muitos anos e que, como sempre, só prejudicava a parte mais fraca.
O aborto até às 10 semanas acabou com uma das situações mais vergonhosas do Portugal democrático – mesmo sendo contra o «aborto fútil» das classes média-alta e alta, entendo que nenhuma mulher pode ser criminalizada por exercer um direito.
E depois há o casamento «gay». Duas pessoas do mesmo sexo têm todo o direito de se amarem e de constituirem família. Com papel passado e com todos os direitos dos casais ditos normais. Normais por quê?
Numa sociedade mais aberta ao futuro e menos espartilhada pelos medos, complexos e preconceitos que nos foram inculcados pela Igreja Católica, estou em crer que o primeiro-ministro daria o passo seguinte: possibilidade da adopção de crianças por parte dos casais «gay», legalização da eutanásia, legalização das drogas leves, rescisão unilateral da Concordata com a Igreja Católica.
Aí sim, Portugal estaria ao nível dos países mais avançados do mundo e José Sócrates poderia finalmente dizer que os portugueses conseguiam acompanhar o seu ritmo progressista. [Read more…]

Sacudindo o pó de Barack

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Apesar das grosseiras quebras de protocolo que foram interpretadas pelos noruegueses como uma ofensa, Barack Obama recebeu o Nobel da Paz, num ambiente de embaraço de quem tem a perfeita consciência de não o merecer. Fica-lhe bem.

Esta breve visita a Oslo tornou-se em mais um fait-divers, onde não faltou a visita ao palácio, onde uma risonha primeira-dama sacudiu o pó dos ombros do presidencial cônjuge, na usual manifestação da dicotomia entre o régio casal nórdico e a “gente simples, moderna e de mente aberta” que se sucede ao longo de séculos na Casa Branca. Aqui em Lisboa conhecemos bem o estilo, porque há quem goste de imitar os “grandes princípios” da linguagem própria do Canal MOV, com ou sem HD.

A Cimeira Ibero-Americana evidenciou um imenso rol de patetices e dislates, interpretados por quem sabe como se faz, como próprios de representantes de nações reduzidas a obscuros saguões. É o que temos, mesmo com …”cházinho dos Açores e bolo rainha prá dona Sofia”. Tudo o mais, são Horizontes Infinitos, Novas Fronteiras, Grandes Desígnios, Esperança Imortal, Novos Acordos, Um Grande Sonho, o Idealismo Realista e outras ninharias da sociologia soap-opera.

Procuramos Aventador M/F

O Aventar é um blogue plural, onde coexistem todas as tendências políticas. Cada um é responsável única e exclusivamente pelo que escreve, e pode escrever tudo, menos difamar ou ser ordinário. Em franca expansão, procuramos;

Homem/mulher capaz de fazer uma defesa facciosa e determinada do actual governo e de José Sócrates

Que tenha tarimba em discussões profundas mas que não guarde rancor

Que consiga coexistir com opiniões diferentes

Que escreva um poste por dia mesmo que não tenha assunto

De preferência com uma fugaz passagem pelas jotas

Não aceitamos :

Que copie os textos da Jugular

Que face aos contínuos problemas em que se afunda Sócrates, não perca nunca a força e a capacidade de intervir

Que siga “ipsis verbis” o deputado Assis (estamos necessitados mas não estamos desesperados.)

As propostas podem ser deixadas no endereço do Aventar e serão publicadas. Em 31 de Dezembro, os nossos leitores escolherão o mais firme, mais faccioso e mais brilhante pró-Sócrates.

Com todo, mas mesmo todo, o meu amor, para o criminoso de guerra Barack Hussein Obama


VISITE O NOBEL DA PAZ AQUI

Ignite Portugal

Ignite Portugal é a versão portuguesa do Ignite original que foi criado em Seattle em 2006 por Brady Forrest e Bre Pettis.

O objectivo destes Ignites é falar de paixão e contar uma história, isto tudo em 20 slides x 15 segundos.

A segunda edição realizou-se no Porto no passado dia 27 de Novembro e destaco duas apresentações:

Podem ouvir todas as intervenções no blog do Ignite Portugal ou em O Porto em Conversa.

A máquina do tempo: montanha mágica

A mesma sala tem dimensões diversas consoante a apreciamos na infância ou na idade adulta – às crianças as coisas parecem sempre maiores, por razões óbvias de diferença de escala. Quantas desilusões temos ao regressar em adultos a locais «grandiosos» da nossa infância e os encontramos pequenos, acanhados, insignificantes… Tinha os meus dezasseis anos quando li «Montanha Mágica», de Thomas Mann. Li-o numas férias de Verão na Biblioteca Nacional que funcionava ainda no velho edifício do Largo da Biblioteca, junto à Rua Vítor Córdon, pegado com a Escola Superior de Belas Artes.

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Natal. Os presentes das crianças: Lições

Para Camila, essa minha filha companheira, que neste Natal de 2009 será mãe e para Félix, seu marido que passa a ser pai. Deve nascer uma Elisa ou uma Rebeca…..estou certo, no dia Natal!.

 

1. Sonata introdutória.

Perguntou-me um dia uma estudante da minha Universidade portuguesa: Senhor Professor, porque estuda crianças? A minha resposta foi breve: porque sou pai.
A seguir, proferi uma explicação mais cumprida. Não é apenas por sermos pais, é, sobretudo pelo que as crianças nos ensinam. Parece que não por serem pequenas? Somos nós, adultos, que dizemos as sabidas coisas da vida? Sabidas coisas, conceito que substitui todas as acções e aventuras na interacção da experiência da vida, interacção que, por habituados como estamos com ela, esquecemos de reflectir. Reflexão que nem nos faz mal, pelo contrário. Uma reflexão a ajudar-nos a crescer, a partir das crianças. Crianças adultas e crianças a crescerem. Como as filhas que tantos de nós, pais, temos. É verdade que a simplicidade e o carinho, a honestidade e a lealdade são parte da vida que praticamos e transferimos para a nossa descendência. Descendência que, sem darmos pelo facto, começa a aumentar. Um dia somos filhos, anos virados, somos autónomos e indivíduos, anos depois, caímos no chão de um amor que acompanha os nossos afectos, a nossa emotividade mais íntima, e, dessa intimidade, aparecem os primeiros descendentes que fabricamos. Não, não é um erro de estrangeiro dizer fabricamos, porque são feitos pelo amor à pessoa que os leva no seu corpo durante meses e que do seu corpo os alimenta.

Elisa, Rebeca, o nome não interessa, o importante é a pessoa...
Elisa, Rebeca, o nome não interessa, o importante é a pessoa…

Essa intimidade partilhada entre os pais perante a criança nascida, pais a olharem-se no bebé, a ouvirem as primeiras palavras, a brincarem com canções que ensinam palavras a essas crianças que, por vezes, sem sabermos, andam atrás de nós.
Mais tarde, começam a fazer parte de um grupo, interagindo e falando sem nós ouvirmos, mas sabemos pelas mudanças de atitudes que as crianças, essas nossas crianças, têm. E os sarilhos fora do lar começam. E aumentam à medida da inserção em actividades longe de nós. Como pais, ouvimos o que nos é referido e com firmeza, na linguagem da idade que fala, opinamos para que a nossa pequenada possa optar. Optar ela, não nós por ela. [Read more…]

A política económica virtual…

Quando não se cria riqueza, como acontece ao nosso país, há pelo menos cinco anos, a política económica é a do exemplo que segue:

A uma aldeia, perdida na raia portuguesa, chega um visitante que se instala na única pensão existente. A diária são cinco euros que o hóspede paga à cabeça, logo que chega.

O dono da pensão paga o vencimento atrasado ao único empregado que, por sua vez, paga ao mercieiro, que por sua vez, paga ao fornecedor, que por sua vez, paga à pensão por lá viver em permanência.

Entretanto, o visitante tem que voltar e não utiliza os serviços da pensão que lhe devolve o dinheiro, isto é, os cinco euros!

Todos saldaram a sua dívida mas a aldeia está tão pobre como antes. Até que o merceiro já não consegue crédito do fornecedor e fecha, o fornecedor já não consegue crédito do produtor (o único que verdadeiramente cria riqueza) e já não pode dormir na pensão, que também fecha…

É o que está a acontecer à Grécia e para onde caminha o paraíso socrático, viver à custa da dívida tem sempre um fim e cada vez mais pobre.

Desta vez O Jogo foi longe demais

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O Primeiro Promete, O Primeiro Cumpre

SALTO PARA O FOSSO SOCIALISTA
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Sem qualquer dúvida, o nosso Primeiro promete, o nosso Primeiro cumpre.
O governo do agora Sócrates II, O Dialogador, prometeu mais emprego. Temos agora mais de dez por cento de desempregados.
Prometeu divórcio facilitado, cumpriu.
Prometeu aborto legalizado até às dez semanas, cumpriu.
Prometeu educação sexual nas escolas, cumpriu.
Prometeu déficit público controlado. Está acima dos sete por cento.
Prometeu computadores para toda a gente. Vai cumprindo.
Prometeu energias alternativas. Vai cumprindo.
Prometeu um carro eléctrico para 2011. Vai cumprir.
Prometeu o TGV, mesmo que seja ruinoso. Diz que vai cumprir.
Prometeu mais auto-estradas. Diz que vai cumprir, mesmo contra o chumbo das contas.
Prometeu novo aeroporto para a capital, mesmo que hoje se chegue à conclusão que não é necessário, sendo até um futuro elefante branco. Diz que vai cumprir.
Prometeu casamento gay aprovado antes do final de 2009. E mesmo contra a maioria silenciosa do país, que está contra essa medida, vai cumpri-la já na semana que vem.
Dificilmente se poderia encontrar um Primeiro Ministro que cumpra tanto como este cumpre, rumo à «modernidade» do nosso País.
Portugal, com este segundo governo socialista, vai dar o salto para o abismo socialista.

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Na senda de um deus caído

NA SENDA DE UM DEUS CAÍDO
(Dedicado ao amigo Carlos Loures, poeta da lucidez)

 Durante muito tempo fui pensando que o gosto e não gosto constituíam a base mais séria da apreciação do comum dos mortais no que respeita à obra de arte, sobretudo contemporânea. Creio que me fui deixando levar, também, pela aceitação de que esta mesma dualidade se encontrava na base da criação artística.

Só depois de ter lido que o gosto é a palavra mais caída em desuso, e depois de se ter considerado este conceito como movediço, preso não à natureza e à essência mas ao modo de comunicação exterior, sujeito a controles de natureza psicológica, institucional, mediática e propagandística, eu reflecti profundamente e dei-me conta do erro em que vinha permanecendo.

 A vida, a despeito de ser uma maravilhosa obra do acaso num Universo repleto de mistérios, obedece a determinantes geofísicas, mapas biológicos e padrões neurais inquestionáveis. Quer na arte em geral quer na pintura e na poesia, sinto um medo terrível da indistinção da fronteira entre o artificialismo, mesmo ocasional, e a consciência assumida da transparência do sentimento, legítimo filho da idoneidade e da identidade das imagens que geram as emoções necessárias à criação. [Read more…]

O Clima – mais uma achega

Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência. Friedrich von Schiller – “Maria Stuart”

Finalmente alguém que abriu a boca e gritou bem alto: “O REI VAI NU!”. E tinha que ser um dinamarquês, portanto um compatriota do escritor Hans Christian Andersen que escreveu o conto “As Vestes Novas do Rei” („Keiserens nye Klæder“).

Infelizmente o ensaio de Bjørn Lomborg só se encontra disponível em inglês e alemão.

RD

SPIEGEL ONLINE, 12/07/2009

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An Incredibly Expensive Folly: Why Failure in Copenhagen Would Be a Success

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Politicians have wasted nearly 20 years without making significant progress in our well-meaning but fanciful quest of cutting carbon

emissions. We have no more time to waste on a critically flawed response to global warming.

An Essay By Bjørn Lomborg

You can download the complete article over the Internet at the following URL:

http://www.spiegel.de/international/world/0,1518,665703,00.html

Rolf Dahmer