
(adao cruz)
Pobre de quem tem medo das esquinas da vida
e só caminha pelas ruas a direito
bem iluminadas!
Nunca tem sonhos nem surpresas.
Vive na pálida
insípida e mistificadora rotina da vida
que tu e eu bem conhecemos
porque somos exactamente sonhadores.
O sonho só é sonho
porque voa muito acima dos pés.
A forma arrebatada e apaixonada
como me dirijo a ti
não a uso com qualquer pessoa.
Se o faço contigo
tal decorre
da força e da admiração que sinto
pelo teu espírito sonhador
e pela verdade que ele contém
ainda que grites poemas
dentro da gaiola
e nada faças para abrir as asas
e compreender que as asas são para voar
de nada servindo fechadas.
Assim te enganas a ti e aos teus poemas.
Não quero que me dês nada.
Não há equação alguma
que possa quantificar a relação humana.
A relação entre pessoas como nós
é uma relação de vida
espontânea
autêntica
natural e fluente como a água da fonte.
Vem como vem
quando vem
quando menos se espera
no vento
na chuva
no sol
na tristeza e na alegria.
Não há compartimentos nem etapas
não há fronteiras entre beijos
abraços e ternuras.
Apenas o sonho.
O teu
o meu
eventualmente muito de comum entre eles
talvez o suficiente
para dizer
o nosso.
Porque somos
– já to disse –
singularmente parecidos.
Quero que sintas o que tiveres de sentir
amizade
amor
sonho
ternura…poema…ou nada
mas não quero que sintas
que és o fim da madrugada.
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