O Rodrigo publicou excelente texto pedagógico da história do Carnaval de Torres Vedras. Mera coincidência: na última noite – vá lá saber-se por que razão – sonhei com o Rio de Janeiro e o Carnaval Carioca.
De calção, “t-shirt”, ténis e com um “Swatch” de plástico, baratinho, vi-me a sair de um hotel, na Avenida Atlântida, encaminhando-me para a direita. De súbito, dou comigo no Bar Garota de Ipanema, antigo Bar Veloso, onde algures nos anos 60, Vinicius e Jobim compuseram a mais internacional das canções da MPB, precisamente chamada ‘Garota de Ipanema’ – a musa inspiradora foi Helô Pinheiro, hoje assim conhecida, mas, ao tempo, era a jovem cidadã Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, descendente de uma família portuguesa, Gonçalves de Menezes.
Com uma ‘caipirinha’ no bucho, a imaginação sonhadora deambulou para o ‘Carnaval Brasileiro’, versão carioca, considerada a mais autêntica e refulgente de todas. Dados históricos revelaram-me que o início Carnaval do Rio remonta a 1846, quando ali emergiu pela primeira vez a figura do ‘Zé Pereira’ e do Entrudo, festa popular portuguesa, então desembarcada na capital de Guanabara.
Até passar algum tempo, entre os dois carnavais – português e brasileiro – as semelhanças tinham algum sentido. Mas no final do Século XIX, a folia brasileira, em termos de conteúdos e formatos, havia de se destacar dos costumes lusos, nomeadamente das características ainda hoje prevalecentes em Torres Vedras.
Independentemente da pobreza sofrida em ambos os azimutes, os prazeres carnavalescos no Rio – e em outras cidades do Brasil – servem para gozar a euforia de viver, com hinos populares à alegria, como ilustra a letra do samba dos anos 40 de Francisco Alves: ‘Com pandeiro ou sem pandeiro / Ê, ê, ê, ê, eu brinco / Com dinheiro ou sem dinheiro / Ê, ê, ê, ê, eu brinco…
Em Torres Vedras, o argumento de fundo é, como acentua o Ricardo, a sátira política. É divertido sim senhor, mas não é a mesma coisa…
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