Hoje mesmo num lanche em casa do meu afilhado, a mulher que é professora contou o que se está a passar directamente com ela. Um dos seus alunos, já acompanhado por um psicólogo há algum tempo, deixou à mãe uma carta a dizer que não suporta escola e que se vai suicidar. É vítima de um colega que perante as risadas de um determinado grupo, o espanca sempre que o vê.
Pode ser um caso de mimetismo mas um índicio destes nunca se pode analizar com ligeireza. A Tereza chamou o Director e em presença da mãe do aluno, informou-o do que se estava a passar. Num caso destes a primeira coisa a fazer é quebrar o vínculo físico, isto é, arranjar forma de os dois alunos não se encontrarem. Se não for possível com ambos a frequentar a escola então, o agressor, deve abandonar a escola até que uma solução seja encontrada. Logo vieram os do costume que isso ía prejudicar a vítima porque o agressor vingava-se. Então? Formar uma comissão para analisar o assunto!
E no centro das preocupações deixou de estar o aluno para estar a tal comissão, que enquanto não se forma (terá senhas de presença?), analisa e decide o que vai fazer, enquanto o pobre do aluno vai ter que esperar para ver se suicida ou não!
É isto que falta nas escolas, todos arrumam para o lado, não há uma hierarquia decisória, alguem que devidamente assessorado possa tomar medidas disciplinares e se responsabilize pelo problema. Pois se são todos iguais, pois se são democraticamente eleitos, podem lá tomar decisões? E se as decisões não acolherem a simpatia dos seus iguais?
Perde o lugarzinho! E o aluno, a vítima? Muda de escola ou fica em casa porque o energúmeno tem todas as garantias que nada lhe acontece. Mais ou menos como os ladrões presos em flagantre e presentes ao juiz. Saem sem acusação nenhuma!
Os polícias bem se queixam que não vale a pena! Os professores não, acham que assim é que está bem!
Nas escolas são democraticamente eleitos?
Experimenta comentar a actualidade política no Burkina Faso.
Deves estar mais a par do que com o que se passa nas escolas.
Isso é o mais importante. O facto do aluno ficar desprotegido não te interessa nada.
Estás mal informado, como sempre. Na Escola, há uma hierarquia decisória. Quem manda é o Director, o chefe, nomeado pelo Conselho Geral e não pelos professores. Presidente do Conselho Executivo eleito democraticamente era dantes.
Depois, há o Estatuto do Aluno alterado por Maria de Lurdes Rodrigues. Transferir um aluno de escola é praticamente impossível.
Pois é, no essencial o aluno fica sem protecção, mas isso é de menos para ti…querem que não se discutam os problemas valendo-se das inerentes mudanças frequentes e que definem como saber o que se passa na escola. Quem está mal informado são os professores que julgam que estão protegidos da crítica da sociedade.
O Director não manda nada. Se lhe chegar um problema que não esteja nas regras que lhe chegam do ministério, não tira decisão nenhuma.
Podes traduzir essa frase para português sff?
Não João não posso, sabes é eu não consegui ser professor…
“O Director não manda nada. Se lhe chegar um problema que não esteja nas regras que lhe chegam do ministério, não tira decisão nenhuma.”
Sim, tem de cumprir a lei. Mas se a lei está mal feita, a culpa é de quem? Dos professores?
Não, não é dos professores, é os professores não lutarem por uma escola autónoma, com responsabilidade, assumindo a vida da escola e não estar à mercê de burocratas dos sindicatos e do ministério. É disso que falo em todas as minhas críticas. Tornem-se concorrenciais, sejam tão bons que possam ser uma opção de escolha.
Luís, tudo está certo no seu post excepto a última frase, que é totalmente contrária aos factos e duma injustiça revoltante. Os professores queixam-se, sim senhor, e insistentemente, e amargamente, e estão muito, muito longe de achar que assim é que está bem. A única diferença em relação aos polícias é que aos professores ninguém põe um microfone à frente.
Vê o que eu queria dizer há bocado quando falei em preconceito? O seu preconceito tinha desculpa no tempo que era possível dizer que só existe no mundo o que passa na televisão. Mas agora há dezenas de blogues de professores, a começar pelo meu. Dê-se ao trabalho de os consultar e depois diga-me se é capaz de repetir a enormidade com que conclui este seu texto.
Embora isso para si seja muito estranho, eu sou dos poucos nos blogues que defendo a dignidade da função de professor. Porque o que eu critico nos professores é estarem acomodados. Os sindicatos e os burocratos do ministério tratam os professores como se fossem atrasados mentais. Eu não quero isso para o meu pais porque sei que sem uma escola eficaz ficaremos eternamente para trás. Veja o que está a acontecer no ensino superior. Estão a juntar-se à sociedade civil, às empresas e a desenvolverem patentes inovadoras. Isso só é possível por teram conseguido sair debaixo da pata dos burocratas do Estado.
(#9) Quem é que diz que os professores não lutam por uma escola autónoma? Quando rejeitam a burocracia que sufoca a escola estão a lutar por quê?
Preconceito, preconceito e mais preconceito. Você parece-me um homem inteligente: porque é que não se vai inteirar dos factos antes de falar?
Sabe José Luis, eu fui gestor de empresas durante 30 anos.Sei bem porque e quando é que as organizações são eficazes. Eu vou para uma escola gratuitamente e mostro-vos como se motivam as pessoas, como se apoiam os alunos e como se põe na ordem um imbecil. mas é preciso desatar as amarras dos sindicatos e do ministério.
Para os professores até era muito mais cómodo fazer tudo como o Ministério quer, dedicar-se só aos papeizinhos e à pseudo-avaliação (à qual já aprenderam a dar a volta) e marimbarem-se para os alunos.
Acabava-se o stress dos professores, as estatísticas para mostrar à OCDE atingiam níveis de excelência, era o paraíso para toda a gente.
A barbárie avançava ainda mais, mas pelos vistos isto não é problema para ninguém.
Luis Moreira,
Os senhores professores não percebem. Antes era o senhor reitor, agora o ministério ou director geral ou como agora chamam a esse cargo, o que se pretende é que exista sempre uma desculpa para não fazerem melhor.
Aliás, vieram todos para a rua chatear quem lhes paga o ordenado, porque a sociedade civil estava a entrar na escola e eles é que sabem o que é o ensino, coisa que é evidente na cara e no tempo dos seus representantes sindicais (são sempre os mesmos ao bom estilo cubano).
Qualquer achamos mesmo que as cadeiras quando voam é porque têm asas!
Estes amigos, estão convencidos que não há vida fora da escola.
“Eu vou para uma escola gratuitamente e mostro-vos como se motivam as pessoas, como se apoiam os alunos e como se põe na ordem um imbecil. mas é preciso desatar as amarras dos sindicatos e do ministério.”
eu ofereço-me gratuitamente como tua auxiliar mas… não desatemos amarras
Podem-se fazer as generalizações que quisermos, mas a realidade é esta: transferir um aluno de escola é actualmente a pena disciplinar máxima e não pode ser aplicada por um director de escola. Quem a decide é o Director Regional de Educação, se tiver sido proposta, se ele próprio estiver de acordo e se se verificarem cumulativamente outras condições previstas no Estatuto do Aluno.
Numa palavra, António, o aluno tem mais que tempo para se suicídar. O que diz vem totalmente ao encontro do que defendo. Quem está no terreno é que tem que equacionar os problemas e ter capacidade de decisão para os resolver! Era isto que os professores deviam reinvindicar!
as escolas são os nossos primeiros empregadores (Profissão: estudante) e em nada somos prejudicados se os nossos superiores hierárquicos (os professores) saibam a matéria de cor… ir para as aulas e não saber a matéria é que seria preocupante
um abraço para todos
Maria a eterna aprendiz na arte do saber