Somos terra fértil em topetes de políticos e arranjistas. A maioria dos portugueses, essa máxima anónima chamada povo, acolhe-se no limbo do fatalismo e de uma espécie de estoicismo de Schopenhauer, ou seja, de que a luta pela vida está condenada a inevitável derrota.
A comunicação social de hoje, DN e Sol, divulga notícias sobre dois temas de interesse político-social: i) os avultados salários pagos a advogados e economistas por simples presença em reuniões de conselhos de administração; ii) os desentendimentos entre o Governo e o Presidente da CGD, a propósito da nomeação do CEO da Cimpor.
De facto, observados os nomes envolvidos, as sumidades têm origem comum: o grande ‘centrão’. Bastas vezes estabelecem acordos em surdina; mas, em outras ocasiões os conflitos e sarilhos irrompem como vulcões. Querelas incontroláveis entre compadres.
Na referência a nomes, limito-me a focar as personagens do caso ‘CGD – Cimpor’. De Sócrates e seu governo, tudo está dito e redito. Todavia, em relação ao putativo laranja Faria de Oliveira e ao combativo rosa Castro Guerra, dois ex-IPE, haveria algo mais a dizer; como, de resto, de grande parte de quadros de topo do ex-IPE. Receberam avultadas indemnizações por extinção da instituição – julgo que até benefícios de planos de pensões de reforma.
Vejamos, por exemplo, o trajecto de Faria Oliveira: saído do IPE, ingressou de seguida na HPP -Hospitais Privados de Portugal, do grupo CGD, com a atribuição de elevado salário e de uma viatura de serviço ‘Jaguar’; passado algum tempo, foi deslocado para Espanha para dirigir a CGD no país vizinho e, for fim, regressou para a presidência da mesma instituição financeira. Fez negócios negativos na área da saúde, mas isso nada interessa. O importante é ignorar a malta – e fuga para a frente!
O governo deliberou a eliminação de prémios e bónus a gestores nas sociedades em que o Estado participa. Os accionistas privados afirmam que, em AG, não respeitarão as directrizes governamentais. Os ‘Mexias’ têm, pois, a garantia de se poderem mexer à vontade.
Tudo isto até quando? Espero a resposta, paciente e estoicamente. Que remédio.
O tempo que sobra obriga à ocupação dos lugares, deixou de haver subtilezas, é que na saída vem uma indemnização de muitos milhares…