Da comunicação social às conversas de família, da blogoesfera às redes sociais, a actualidade domina. E o seu domínio, ao ritmo avassalador a que se tem acesso à informação, mal permite reflectir.
Até hoje não fui capaz, em consciência, de escrever sobre o PEC por uma razão muito simples: não o li.
Obviamente que o facto de não se conhecer algo de forma directa não é, hoje em dia, impeditivo de se ter opinião. Mais: de se expressar opinião. Lemos algo aqui, algo ali, algo acolá, e pronto: segundo linhas escritas por diversos punhos, aí estamos, também, nós a escrever umas linhas sobre a matéria. Não importa qual.
Com tanta informação com que somos bombardeados dia-a-dia, hora-a-hora, acabamos por começar a ficar como que imunes, a apesar das tragédias, das catástrofes, dos escândalos. Ora carpimos mágoas ora vociferamos. Tal como aquele que insulta repetidamente um árbitro durante um jogo de futebol porque não pode fazer o mesmo ao patrão ou a um qualquer político. Porque na prática, a saturação de informação leva à banalização da opinião e, pior, das razões. Protesta-se, denuncia-se e acusa-se, mas o que resta é o sabor desconcertante de que nada muda. E ninguém pode dizer que é por falta de informação. Pois não é.
Já há algum tempo que tenho vindo a afastar a minha escrita da actualidade. Pelo menos daquela que é tão efémera quando as circunstâncias ou as conjunturas que a produz.
A actualidade vicia, ao ponto de não passarmos sem ela. Duvido seriamente se boa parte da blogoesfera fosse capaz de escrever sem ler, de publicar sem se “actualizar”. Duvido.
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