A Minha Outra Casa e o Congresso do PSD:

Desde a passada sexta-feira que pertenço, oficialmente, ao blog Albergue Espanhol. Sem que tal signifique abandonar o Aventar. Pelo contrário. Tenho um enorme orgulho em pertencer a esta casa, de a partilhar com uma equipa de excelência e de nela ter adquirido amigos. Procuro contribuir e sei que nunca o conseguirei fazer com a mesma perfeição dos restantes aventadores.

A presença no congresso em exclusivo pelo e para o Aventar foi a forma como pretendi agradecer a vossa generosidade e provar a minha lealdade para com esta casa. Apenas a furei por uma vez num momento “okupa” que me deu especial gozo. Por isso mesmo reservei para depois do congresso a minha primeira postagem no Albergue.

O Aventar esteve neste congresso de forma justa e perfeita. A forma como este espaço se afirmou e o modo como acompanhou as eleições directas do PSD implicaria, da parte dos organizadores, a justiça de nos reconhecer como parte no e do evento. Assim o fez o partido em causa. Foi perfeita na medida em que esteve presente de forma activa, acompanhando o essencial, marcando presença destacada no jornal do congresso e tendo sido um dos blogs convidados para a conversa informal com o novo líder. Como resultados extras, tivemos um aventador que encabeçou uma lista ao Conselho Nacional e que foi eleito (o Ricardo Almeida, cujo regresso saúdo), sem esquecer o novo aventador Carlos Osório que esteve na organização do congresso e foi o promotor do encontro de bloggers com Passos Coelho.

Não posso deixar de sublinhar e acentuar a franca camaradagem e espírito de entreajuda dos blogues presentes. O 31 da Armada, o 31 da Sarrafada (as grandes estrelas do congresso), o Albergue Espanhol e o Blog de Esquerda partilharam informação, mesas, cadeiras, fotografias, fichas eléctricas e etc.

Termino como comecei, o Aventar é a minha casa e nela continuarei, com a satisfação e o orgulho de a ela pertencer. O Albergue é a minha outra casa com a satisfação e o orgulho de a ela agora, igualmente, pertencer.

PGR : a sabedoria em pessoa

“Ou se punem as fugas de informação ou acaba-se com o segredo de justiça”! Isto sim, são palavras imorredoiras, tratados de sabedoria política…

É assim, ouviram? diz o PGR, ou se punem os crimes que nascem dentro do Ministério Público, e da Procuradoria Geral da República ou então, acaba-se com a tentação. É como o ourives, roubado, passa a vender lata dourada, já não há razão para ser assaltado, acaba é com o negócio, mas tambem quem é que precisa de ter um negócio de compra e venda de ouro?

O segredo de justiça é algo que não é necessário para fazer Justiça, acaba-se e pronto! Não se percebe é qual vai ser o próximo “negócio” da PGR? Nem porque montou este !

E se cumprisse ? E se fosse célere ? E se tomasse as medidas necessárias para “controlar” os funcionários e os seus colegas?

Entretanto, depois de nos poluírem a mente, com aquela maligna ideia que o magistrado de Aveiro era um pária que só tinha cometido erros e extravasado as suas competências e depois de todas as escutas estarem em todos os jornais, o PGR vem agora dizer que, afinal, as “escutas” foram todas entregues ao tal magistrado de Aveiro que só fez asneiras.

Eu acho que se deve punir quem comete crimes, mas isso sou eu, não quer dizer que tenha razão…

Cine-Aventar: Luis Buñuel – A Via Láctea


Uma obra-prima do cinema em geral e do cinema sobre a religião em particular,  A Via Láctea de Luis Buñuel está integralmente disponível no youtube, na versão francesa original com legendas em castelhano. A qualidade não é das melhores mas a cavalo dado não se olha ao dente. Uma heresia à distância de clicar aqui. E sempre é melhor que ver os vídeos mais vistos do youtube, que ainda são piores do que o A. Pedro Correia diz.

No Centenário da Invasão Francesa


À semelhança de outras grandes cidades europeias, Lisboa vai adquirindo hábitos e características próprias das sociedades desenvolvidas, mau grado o nacional pessimismo que corrói tradicional e horizontalmente a nossa gente. De facto, todos os dias podemos encontrar uma pequena feira do livro numa estação do metropolitano da capital, embora os preços não correspondam exactamente ao que se possa considerar como uma pechincha. Servem antes do mais, para as editoras escoarem produtos armazenados e nem sempre de garantida qualidade.

Comprei há uns dias um livro da autoria de um certo Antoine Béthouart, homónimo (ou o próprio?) do conhecido militar francês que se destacou na fase final da II Guerra Mundial e na zona de ocupação gaulesa na Áustria. A obra “Metternich e a Europa” (Lello & Irmão, colecção Figuras do passado), é ligeira e passível de uma breve leitura de duas noites em fim de semana.

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O discurso do próximo primeiro-ministro


Foi um bom discurso. Pedo Passos Coelho mostrou segurança e apontou um rumo. Não mostrou sede de poder, embora todos saibamos que a tem, e não referiu uma única vez o nome de José Sócrates ou a expressão primeiro-ministro.
A partir daqui, ninguém pode dizer que o PSD não tem ideias para o país. Tem-nas. São más, mas a verdade é que as tem.
Pedro Passos Coelho clarificou e demonstrou que, sob a sua liderança, o PSD será um Partido de Direita. Muito de Direita, com as privatizações, a saída do Estado da economia, a livre escolha dos cidadãos na educação e na saúde.
O próximo primeiro-ministro de Portugal é demasiado liberal para o meu gosto. Da forma que o vento sopra hoje em dia em Portugal, acredito que vá ter sucesso.
Nunca pensei vir a dizer isto, mas com Pedro Passos Coelho, até José Sócrates parece de Esquerda.

Pedro Passos Coelho político

Pedro Passos Coelho fez hoje, no encerramento do Congresso do PSD, um discurso marcadamente político, com afirmações políticas e propostas políticas. Algumas afirmações soam a falso na sua boca, como a reinvindicação da matriz social-democrata do PSD, mas a verdade é que Passoas Coelho falou de política para dentro do partido e para o país,  definiu urgências -as suas urgências- como a necessidade de revisão constitucional, apontou caminhos, reafirmou a sua oposição à presença do estado nos negócios, advogou a necessidade de definição das áreas estratégicas nas quais a sua presença é necessária (uma evolução ?).

Quanto a Sócrates, a casos avulsos, a política de mercearia, nada, nem uma palavra. Pedro Passos Coelho marcou algumas diferenças e ganhou pontos. O PS e o PP devem preocupar-se, a política pode estar de regresso. Passagens houve, no discurso, em que PPC parecia estar à esquerda do PS, nomeadamente quando pediu maior coesão social e se declarou chocado com os prémios de alguns gestores.  Palavras leva-as o vento, sei-o eu, mas há circunstâncias em que o PS nem palavras tem.

Eu, que não me revejo em nenhum dos partidos da alternância, observando com os olhos do crítico, penso que PPC pode, se gerir bem os dossiês, se não meter os pés pelas mãos como no caso da Caixa GD, se não andar aos avanços e recuos como com o governo sombra, se não quiser derreter tudo e todos com o seu putativo charme, como com Alberto João Jardim, se não oscilar de liberal a social-democrata e de social-democrata a liberal, dia sim dia não, chegar longe no quadro político actual. Pedro Passos já se mostrou incoerente, manipulador e populista, mas pede ao partido paciência, pois sabe que Sócrates há-de cair de podre. Se, entretanto, a política regressar ao centro do debate o país ganha em participação e esclarecimento. No estado em que as coisas estão, ganhar participação e, sobretudo, esclarecimento, seria quase um milagre.

YouTube: os mais vistos de sempre #2

Você acha que compreende o mundo, pensa que percebe aquilo de que os outros gostam? Tem a certeza? Não ponha as mãos no fogo. Eu, por exemplo, se fosse pelos meus gostos, não acertava um que fosse. Entre os milhões de vídeos  no YouTube até Janeiro de 2010, em quinto lugar dos mais vistos de sempre está o que se segue, com 113963391 visualizações. Tente adivinhar os outros quatro. Agora, aos Sábados e aos Domingos, o Aventar traz-lhe os mais vistos no YouTube, um de cada vez.

One million euros, Jesus?

Os dinheiros investidos no futebol, dos estádios às remunerações de jogadores, treinadores e dirigentes, transformaram-se em tamanha afronta que levaram a alhear-me do chamado desporto-rei. Verdade se diga que, pelo sórdido amor das claques à violência, também perdeu para mim o estatuto de espectáculo competitivo saudável, de prazer colectivo.

Por mera coincidência, a última semana ofereceu-me duas notícias futebolísticas agradáveis. A primeira refere-se à impossibilidade de Jesus ser premiado com um milhão de euros pela vitória na Liga Europa – ver jornal “i”: One million euros, Jesus? No, Anfield Road said. A segunda notícia foi a derrota da equipa mais cara do planeta, o Real Madrid, no Santiago Bernabeu, por 2-0 diante do Barcelona. Ambas são derrotas de dinheiros imerecidos, como seriam as do Liverpool e do Barcelona. Só que, infelizmente, não poderiam ter perdido os quatro em simultâneo.

Sei que muito, muito, muito mais havia de suceder para que os investimentos no futebol fossem relativizados tendo em conta os problemas sociais existentes – Portugal, segundo Eurostat, tem 18% de pobres entre a sua população; por sua vez, Espanha conta com 20% de taxa de desemprego.

A própria África do Sul, ainda que a realização do ‘Mundial de 2010’ esteja ameaçada politicamente, teria, com toda a certeza, outras prioridades no investimento em infra-estruturas sociais e económicas à frente do futebol. Como, de resto, sucedeu com Portugal no ‘Europeu de 2004’, com os famigerados dez estádios.

Gostar de futebol sim, mas vamos com calma.

Sons de Abril: Amália Rodrigues – Grândola, Vila Morena


Apesar de muitas vezes conotada com o Antigo Regime, não foram raras as vezes que Amália saiu em auxílio do Partido Comunista, mesmo em termos monetários.
Nesta versão da «Grândola», é possível ver também José Saramago, Pilar del Rio e Luis Pastor.

Passos Coelho – Coesão ou Unidade ?

As listas para os vários orgãos do partido é a primeira dor de dentes do novo Presidente do PSD . Rangel apela à coesão, o que quer dizer que não quer o partido a pensar todo da mesma maneira, vai continuar a correr em caminho próprio. Sarmento Rodrigues, foi quem deu o pontapé de saída, coesão à volta do líder, mas a diversidade de opiniões enriquece o partido.

Creio que têm razão, mas quem ganha, quem tem maioria de votos, tem todo o direito de implementar as suas ideias e não ser boicotado pelos próprios companheiros de partido. Não pensar da mesma forma não implica “brechas” na coesão .

Felipe Menezes quer o partido pronto para governar dentro de dez dias, oxalá não faça tudo para que tal não aconteça como já fez várias vezes.

Passos Coelho liberaliza as rendas da habitação ?

Não temos um mercado de rendas de habitação o que empurra os jovens para a compra de casa. E que leva a juventude a fugir do centro das cidades, ou porque as rendas são insuportáveis ou porque as casas não têm condições de habitabilidade.

Os senhorios, com as rendas ao nível a que estão, naturalmente que não fazem obras de reabilitação, com a consequente degradação do parque habitacional. Uma hipótese já consagrada na Lei é os inquilinos fazerem as obras e descontarem o valor nas rendas futuras, ou os senhorios interessados deitarem mãos à obras e subirem a renda no futuro. Não funciona. Pelo meio há um batalhão de burocratas, com prazos, visitas e relatórios que levam inquilinos e senhorios para guerras de paciência a ver quem desiste.

Na Baixa de Lisboa, nos prédios que ameaçam ruir com perigo para os cidadãos, a Câmara toma posse administrativa dos prédios e faz as obras. Há já dezenas de prédios seiscentistas onde a intervenção foi feita com êxito e outras estão em curso. São medidas avulsas que vão tendo algum impacto mas só uma política consistente de liberalização das rendas pode acudir às nossas cidades. Há grandes e vários problemas em equação. A desertificação dos centros das cidades, o envelhecimento da população residente, o entrar e sair de milhares de carros de quem vive fora da cidade e trabalha dentro dela, com as despesas inerentes, o tempo perdido e a saúde arruinada.

Os inquilinos não têm poder financeiro para pagar as rendas e os senhorios não têm poder financeiro para fazer as obras. Parece um círculo vicioso ! Será? A prestação da compra da casa, o custo do automóvel e as horas perdidas no trânsito não dão margem para se estudar o assunto com coragem?

Apontamentos do Douro (1)

(Margem esquerda do Douro, a chegar à Régua)