Independentemente dos juízos de valor que façam ao que irei escrever neste artigo, desde já faço duas reservas: irei escrever a partir da minha experiência pessoal; e existem excelentes profissionais na Administração Pública e não são raridades.
O tema é muito simples, e parte da propalada ideia de que a Administração Pública preocupa-se em ser transparente: recorrentemente quando me dirijo a serviços públicos – principalmente a Conservatórias, Finanças e Tribunais – sinto-me como se fosse chatear alguém. Sou constantemente ignorado por aqueles que, dentro do balcão, tudo fazem para não olhar para mim: olham para o computador, para os papéis, para o chão, para o infinito. Chegam ao cúmulo de desviar o olhar quando, ao encararem-me, se apercebem que os vou abordar, ainda que seja para dizer “bom dia” ou “boa tarde”. Isto, mesmo em serviços em que as próprias chefias são de inquestionável lisura e educação, pelo que nem se pode colocar a possibilidade do “mau exemplo hierárquico”.
Pensava que fosse problema meu, embora, modéstia à parte, não vislumbrasse na minha fisionomia qualquer deformação que justificasse algum tipo de repulsa. Mas falando com outras pessoas – incluindo Colegas -, acabo por constatar que, na verdade, não é nada pessoal (felizmente!), é mesmo institucional: os transparentes somos nós, porque na Administração Pública há quem, pelos vistos, nem nos pode ver.
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